Num estudo sobre o abandono escolar na região centro, publicado na Revista Finisterra, 79 de 2005, (pp.163-176), Lucília Caetano, Professora Catedrática aposentada da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, refere que os indicadores das últimas décadas posicionam Portugal na cauda da Europa.
Apenas 27,1%, por oposição aos 61,8% europeus, dos jovens portugueses activos, com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos concluíram o Ensino Secundário ou um Curso Profissional e 3% não chegaram sequer a concluir o Ensino Básico.
Ao retratar a evolução da escolaridade dos portugueses nos últimos cinquenta anos, Caetano refere uma taxa de analfabetismo da ordem dos 9% na população portuguesa com mais de 10 anos em 2001, e uma percentagem de apenas 15,7% da população com o ensino secundário, sendo que a maior fatia, de 35,1%, tem apenas o 1º. Ciclo do Ensino Básico.
No conjunto do País, apenas se regista uma situação mais favorável em Lisboa e Vale do Tejo, com 32,8% da população com o 3º. Ciclo e ensino secundário, situando-se os piores resultados no Norte e no Centro, ocorrendo ainda diferenças evidentes entre o litoral e o interior e neste entre as NUTs III mais industrializadas e as basicamente rurais, marcadas ainda por um analfabetismo de 17,4% em 2001 na Beira Interior Sul, salientando-se uma clara falência das políticas de educação delineadas com o objectivo de combater o abandono escolar precoce e desqualificado.
Os números revelam ainda que este abandono se dá sobretudo nos 1º e 3º. Ciclos do Ensino Básico e no Ensino Secundário, com uma taxa de abandono média no Secundário da ordem dos 32,6%, com uma mancha particularmente crítica em toda a região centro e ainda taxas de 34% e superiores no Baixo Vouga e no Pinhal Litoral.
O diagnóstico das causas deste abandono baseiam-se num questionário aplicado por professores estagiários da Geografia das Escolas EB 2.3 da Região Centro e as causas mais apontadas pelos alunos para não continuarem a estudar foram:
1) Vontade própria; 2) Já estar cansado de estudar; 3) Estar na hora de tentar a independência; 4) Ser difícil entrar no Ensino Superior e 5) Dificuldades financeiras.
50% dos alunos do 9º. Anos consideram que a escola não é um lugar agradável contra 15% do 8º. Ano, percentagem que desce a partir do 10º. Ano e volta a subir no 12º. Ano, o que constitui um indicador dos “anos críticos”. Um outro dado interessante deste estudo prende-se com um abandono escolar predominantemente masculino, o que configura com outros estudos internacionais.
A investigadora conclui indicando os pontos fracos do sistema educativo português:
1) elevado peso do analfabetismo;
2) abandono escolar precoce e
3) fragilidade do ensino técnico e tecnológico.
Como a investigadora refere, esta situação é fortemente condicionante da qualidade do capital humano e um obstáculo ao crescimento económico, ao aumento da produtividade e da competitividade.
Ora, em termos de diagnóstico, este estudo configura com resultados apresentados por outros investigadores. Em termos de variáveis críticas e de interacção entre variáveis pessoais e escolares, o estudo de Alexander e Entwisle (2001) é dos mais iluminativos, dada a extensão da análise multivariada, dos cruzamentos e medidas de associaçãoaplicadas, análise de clusters e discriminante.
sábado, maio 05, 2007
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