Manuel Dias da Fonseca nasceu em Santiago do Cacém, em 1911, mas cedo veio para Lisboa, onde iniciaria a sua actividade literária.
Poeta, romancista, contista e cronista, toda a sua obra é atravessada pelo Alentejo e o seu povo.
Manuel da Fonseca foi um dos maiores escritores do neo-realismo literário português. Fez parte do grupo do Novo Cancioneiro e através da sua arte teve uma intervenção social e política muito importante, retratando o povo, a sua vida, as suas misérias e as suas riquezas, exaltando-o e, mesmo, mitificando-o.
Da sua obra como poeta destacam-se Rosa dos Ventos (1940) e Planície (1941). "A publicação de "Rosa dos Ventos" em 1940, altura em que o neo-realismo na poesia não conseguira ultrapassar a inconsistência de algumas tentativas exploratórias, veio viabilizar uma alternativa ao presencismo dominante". "A sua poesia propor-se-á como oralidade dramática, pela qual a enunciação é delegada num vasto friso de personagens que assim conquistam finalmente a sua voz, no que é afinal uma reparação feita a todos aqueles a quem a História interditara a voz, relegando-os para a esfera do não-dito - e daí a oralidade desta poesia, tão devedora no tom e nas formas poéticas de tradições maioritariamente populares, isto é, não cultas. É esta, pois, uma poesia em que o realismo se declina em termos históricos e, sobretudo, materialistas, pela forma como se enraíza na concretude de personagens e situações." (Osvaldo Silvestre, 1996)
Da sua obra como romancista destacam-se Cerromaior (1943) e Seara do Vento (1958), duas das obras que melhor representam o neo-realismo português.
Contos, escreveu vários, Aldeia Nova (1942), O Fogo e as Cinzas (1951), Um Anjo no Trapézio (1968) e Tempo de Solidão (1973) são os principais.
A obra de Manuel da Fonseca "acaba por realizar (...) o destino interventivo que desejou. De tal modo que não é possível estudá-la hoje à margem da mitologia revolucionária de que se alimentou, por longas décadas, a resistência ao regime, mitologia para a qual, afinal, contribuiu decisivamente. De certo modo poderíamos mesmo dizer que a sua obra coloca, como nenhuma outra, a questão da mitologia neo-realista - assim como a do neo-realismo enquanto mitologia." (Osvaldo Silvestre, 1996)
Manuel da Fonseca morreu em 1993.
domingo, maio 27, 2007
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