segunda-feira, abril 30, 2007

A nomeação do Presidente Jorge Sampaio para Alto Representante das Nações Unidas para o Diálogo das Civilizações é uma honra para o nosso país e faz juz à sua personalidade, às suas opções e aos seus valores.

Tal diálogo é a pedra de toque que pode marcar a diferença no destino do Mundo no terceiro milénio.

domingo, abril 29, 2007

Portocartoon, 2007


Com uma apresentação de cerca de 1700 trabalhos, o primeiro prémio foi para o polaco Szumovski, com este índio preparando-se para atingir eventuais adversários com o seu telemóvel. Ou estará simplesmente a "mandar" uma mensagem à mãe para que o venha buscar? Aceitam-se interpretações. (fora do contexto da relação pedagógica, por favor!)
Posted by Picasa

O abandono escolar precoce e desqualificado

Mais estatísticas preocupantes do abandono escolar em Portugal, uma verdade crua que nos persegue. Uma breve consulta no PORBASE devolve-me um universo de 32 estudos sobre o fenómeno, com algumas pessoas a estudarem-no de forma continuada e sistemática, como João Ferrão, que tem vindo a caracterizar regionalmente os factores de abandono.Todavia, o debate nacional sobre a educação revela um diminuto conhecimento geral do fenómeno. Ora, um fenómeno cujas variáveis não são rigorosamente conhecidas é um fenómeno incorrigível: a Sra Ministra acusa os professores, os professores acusam os pais, os alunos acusam os pais e estes os professores e estes a tutela. Uma espécie de pescadinha de rabo na boca.
O mais curioso é que é mais fácil o acesso a estudos internacionais do que ao conhecimento produzido em Portugal; facilmente se acede a bases de dados internacionais, mesmo à espanhola Fuente Academica. Isto é um problema: nunca conseguimos uma massa crítica com base nos nossos dados, na nossa realidade.
Embora os fenómenos possam ter uma configuração geral idêntica nas diversas culturas, as especificidades de cada uma molda-lhes os contornos.Por exemplo, um estudo muito recente, indicado pela Epenet como o mais relevante na matéria, em que diversas variáveis sociais e académicas são articuladas, através de tratamentos correlacionais, indica que a monoparentalidade é um factor de risco nas crianças provenientes de famílias desfavorecidas, em termos de abandono precoce. Sabemos com algum grau de precisão qual é o peso desta variável no nosso país? Por outro lado, os filhos de mães trabalhadoras estão em vantagem relativamente aos filhos de mães domésticas. Outro factor de abandono prende-se com os resultados académicos no primeiro ano de ensino. Vou continuar a pesquisa. Outra evidência é que o abandono precoce se conjuga preponderantemente no masculino, o que condiz com os nossos dados, em que se verifica uma "(e)feminização a partir do 9º. ano de escolaridade" e se conclui que a "sua superação exige esforços de tal monta que só a mobilização das energias dos cidadãos e das instituições poderá vir a resolver". Vamos a isto? Mas com conhecimento mais exaustivo das váriáveis críticas, por favor. E as que se relacionam com o contexto escolar não incluem os professores como variável, nem independente, nem interferente.
Além de aborrecido, é frustrante saber que quem nos governa não sabe do que está a falar. Nós sabemos que os ministros passam e nós ficamos (eu já conheci para cima de uma dúzia desde Vítor Alves, o primeiro Ministro da Educação que conheci enquanto docente), mas mesmo assim, é aborrecido...

sábado, abril 28, 2007

Voltaram os estudos sobre a questão das turmas mistas e as habituais reacções "politicamente correctas".
Não nego que a questão seja muito controversa e que o que não falta são estudos a demonstrarem teses que os seus autores pretendem ver demonstradas.
Mas também é verdade que os jornalistas trabalham a superfície das coisas, fazem parangonas das conclusões e não estão muito interessados em explicar o contexto. Aliás, em princípio, não saberão fazê-lo, a menos que tenham estudado metodologias de investigação com alguma profundidade, o que não é provável.
O que já é menos desculpável é que professores venham depois pegar nestas notícias apressadas e se permitam especulações falhas de rigor e de cientificidade.
No caso do último estudo que mereceu a atenção dos orgãos de comunicação social em diversos países, as variáveis que estavam em causa eram:
tipologia das turmas: mistas/não mistas - sucesso académico, escolhas vocacionais.
E as perguntas de investigação eram: "Será que as turmas mistas influenciam o sucesso académico e as escolhas profissionais? Em que sentido? Há diferenças entre os sexos?"
Trata-se de um estudo cuja metodologia não permite estabelecer relações de causa-efeito, porque não é um estudo experimental, isto é, a população não foi escolhida aleatoriamente, nem houve um grupo de controlo criado aleatoriamente. Logo, é possível que outras variáveis tivessem funcionado como variáveis interferentes. Mais, num estudo que não é experimental, o que encontramos são relações de associação; logo, não podemos afirmar uma relação de causalidade. Associação é diferente de causalidade.
É evidente que a questão das turmas mistas versus turmas ou de raparigas ou de rapazes, é delicada e que, à primeira vista, não parece "natural" separar raparigas e rapazes, já que a sociedade é feita das capacidades de todos, de como elas se combinam, articulam, completam; mas também há outras coisas que, não sendo naturais, provaram ser mais eficazes do que as naturais.
Todavia, tornemos bem claro o que está em causa: o que o estudo afirma é que, no caso das mulheres, existe uma correlação positiva entre turmas só femininas e o sucesso académico e escolhas profissionais mais ligadas a profissões tradicionalmente "masculinas", como as das áreas científica e tecnológica. Por outro lado, no caso dos rapazes, as turmas mistas parecem ser-lhes favoráveis em termos de sucesso académico.
É só isto o que o estudo diz. E tem alguma lógica, se tivermos em conta os padrões de desenvolvimento de rapazes e raparigas. É por isso que temos de ter em conta uma outra variável demográfica - o nível etário. Eventualmente com uma população diferente em termos etários, os resultados poderiam ser diferentes. Aliás, as perguntas de investigação não seriam exactamente as mesmas, já que, numa população universitária ou pós-graduada não estarão em causa as questões de natureza vocacional, como estarão em estudantes do terceiro ciclo ou do ensino secundário.
Ora, relacionar os dados deste estudo com atitudes conservadoras é, no mínimo, uma atitude pouco rigorosa, para não dizer de má-fé.
Agora, também poderia argumentar-se que as pessoas que afirmam que estes estudos estão ligados aos sectores conservadores, o que estão a defender é a manutenção de profissões masculinas e femininas e a sustentar formas de equilibrar o "desequilíbrio" que já é notório: chegam cada vez mais mulheres à universidade, em número superior aos homens.
Nestas coisas, eu sou muito prática e tenho imensa curiosidade. Perguntei às raparigas e aos rapazes o que é que eles pensavam disto.
Respostas prontas. Os rapazes: NEM pensar, nós queremos turmas mistas!
As raparigas: Nós queremos turmas uni em escolas mistas! E sabiam explicar exactamente porquê, com uma precisão espantosa para gente com doze anos.
E agora digam que elas não são espertas. No intervalo das aulas, uma espreitadela "ao outro lado", para relaxar do esforço académico; quanto ao trabalhinho, estamos conversados: negócios à parte. Exactamente como no meu tempo, na minha escola secundária. E não é por isso que não deixo de ter bons amigos, de longa data, e dessa data. Fazendo as contas, estavam mais homens a assistir ao meu doutoramento que mulheres. A minha filha, essa, esteve sempre lá. O primeiro a abraçar-me e a parabenizar-me comovido... foi o meu filho!
Pois.

Poema destinado a haver domingo

Bastam-me as cinco pontas de uma estrela
E a cor dum navio em movimento
E como ave, ficar parada a vê-la
E como flor, qualquer odor no vento.
Basta-me a lua ter aqui deixado
Um luminoso fio de cabelo
Para levar o céu todo enrolado
Na discreta ambição do meu novelo.
Só há espigas a crescer comigo
Numa seara para passear a pé
Esta distância achada pelo trigo
Que me dá só o pão daquilo que é.
Deixem ao dia a cama de um domingo
Para deitar um lírio que lhe sobre.
E a tarde cor-de-rosa de um flamingo
Seja o tecto da casa que me cobre
Baste o que o tempo traz na sua anilha
Como uma rosa traz Abril no seio.
E que o mar dê o fruto duma ilha
Onde o Amor por fim tenha recreio.

Natália Correia, Poesia Completa, Publicações Dom Quixote. 1999.
Escultura de Francisco Simões, Parque dos poetas, Oeiras.


Posted by Picasa

Jornais de sábado

No teu quarto ou no meu?
No nosso ninho, até ao limite do possível. Com ternura, companheirismo, desejo, memória. Onde todos os sentidos se cruzam e tu és o meu último refúgio, contra as intempéries e o medo.
(A não ser, claro, naquelas noites de Verão onde todos os lugares são impossíveis entre mim, o céu e a acalmia que vem do Tejo a deleitar-se na foz e a metáfora do género se prolonga. Mesmo aí, a minha alma e o meu corpo anseiam pelo meu porto de abrigo.)

Para que não falte uma letra em Abril...
A minha alma está presa à liberdade.

sexta-feira, abril 27, 2007

Rostropovitch, da Svidanya!!

Misterioso e mágico

Afirmou um dia: "Mais educação, mais cultura, menos armas."

quinta-feira, abril 26, 2007


Olá, João-olhos-azuis-de-Tejo!
(em dias de muito SOL)
Repara como estás diferente desde o início do ano. Tu outro dia bem me chamaste à atenção como tinhas crescido, lembrando-me:
- S'tora, já tenho 12 anos!
Eu, às vezes, sou um pouco distraída, é verdade...
Hoje precisaste de descansar, certo? Tive saudades tuas.
Pois, estou à espera de amanhã nos encontrarmos para as nossas conversetas.
Até amanhã.
Um sono descansado.

Posted by Picasa

Era segunda-feira, dia de mercado, naquele dia de 26 de Abril de 1937.
A rua estava pejada de gente nas ruelas de Guernica. Às quatro e meia da tarde, os sinos das igrejas tocaram a rebate e, cinco minutos mais tarde, surgiu o primeiro avião, lançando bombas e granadas. Foi um inferno de quatro horas e de quarenta e dois aviões da Legião Condor (alemã) e da Aviação Legionária (italiana), que deixaram a cidade mártir em chamas e um número de vítimas ainda por determinar.
Setenta anos depois, Guernica é hoje a capital da paz, onde se reúnem todos os presidentes de câmara das cidades bombardeadas durante a II guerra mundial: Desdre, na Alemanha, Estalinegrado, na Rússia, Hiroshima, no Japão, Hamburgo, na Alemanha, Pforzheim, na Alemanha, Volgogrado, na Rússia e Varsóvia, na Polónia.
Ao meio-dia, na Casa de Juntas, foi lido o manifesto Guernica pela paz, que afirma o primado do diálogo e da diplomacia na resolução de conflitos, no País Basco e em todo o mundo. À leitura seguiu-se um minuto de silêncio pelas vítimas.
O grande ausente da comemoração foi, naturalmente, o quadro de Picasso, que o povo basco reclama para a sua terra; em seu lugar, foram expostos alguns dos estudos que o pintor realizou para esse quadro, que ilustram o seu processo de criação e de decisão e constituem uma espécie de via-sacra para a força extraordinária e monumental da sua obra-prima. Revi-o o ano passado no Rainha Sofia na exposição Picasso, tradição e vanguarda com a mesma emoção com que, pela primeira vez o visitei, nos idos de 80, quando, finalmente os Estados Unidos o devolveram a Espanha, no seguimento da restauração da democracia.

quarta-feira, abril 25, 2007

Da leitura dos jornais ficou-me o nome de...

Gertrudes da Silva

Coronel de Infantaria do Exército português, de seu nome completo, Diamantino Gertrudes da Silva, nasceu no Alvite, em Moimenta da Beira, em 20 de Fevereiro de 1943.
Foi estudante na Academia Militar, fez duas comissões de serviço na guerra colonial, em Angola e na Guiné, e foi interveniente activo no movimento dos capitães de Abril.
Licenciado em História, recebeu a nomeação unânime dos seus pares como um dos mais inteligentes oficiais que o regime democrático preteriu, especialmente do ponto de vista profissional.
Recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade e publicou três livros: Deus, Pátria e ... A Vida (2003), A Pátria ou A vida (2005), e Quatro Estações em Abril (2007), cuja capa está ilustrada com a célebre pintura de Vieira da Silva. Todos eles editados pela Palimage Editores, de Viseu.
Um nome para eu acrescentar à minha fila de leituras da próxima semana.
Sr. Coronel, muita saúde e anos de vida para escrever mais livros sobre as suas vivências como militar e cidadão. Fazem-nos falta memórias da guerra, ainda bem que há gente que a viveu e escreve sobre ela. A perspectiva de um militar será, sem dúvida, das mais interessantes.
Eu tive um tio, Luís Filipe de seu nome, militar da Força Aérea, bom católico, que visitava os servidores negros, na prisão quando a PIDE os prendia por suspeita de pertencerem ao MPLA. Preterimentos não lhe faltaram. Foi devolvido à terra no seu rincão preferido - além do Negage, que fazia as delícias da sua alma de agricultor - aí bem pertinho, como quem vai para o S. Macário, descansar o corpo e a alma.

E porque é primavera...

Posted by Picasa

Comemorações do 25 de Abril da Assembleia da República

Gostei:

  • Dos arranjos de flores.
  • De ver duas mulheres a representar os respectivos partidos: a representante do Bloco de Esquerda, cujo nome não me ocorre, e Maria de Belém, representante do Partido Socialista.
  • De ver um dos companheiros de juventude, Emanuel, à esquerda do Primeiro Ministro: a radicalidade da juventude desenvolveu adultos amadurecidos, críticos, interventivos, construtivos. Não fomos uma geração perdida. Emanuel, no seu eterno sorriso de rapazinho tímido, tal como quando tinha 20 anos.
  • De ouvir o representante do Bloco de Esquerda afirmar que nos faz falta a insubmissão e uma agenda de modernidade. Aqui está uma agenda que me agrada: a insubmissão é filosoficamente socrática, interrogativa, questionadora, especulativa e criativa. Tem, porém, custos elevados.
  • De ver outro companheiro de juventude, Fernando Rosas, a rir-se do discurso do CDS. Só gostava de lhe ter ouvido a acrimónia dos comentátios que acompanharam o riso irónico...
  • De ouvir o discurso do Senhor Presidente da República, todo virado para a juventude. E de o ouvir terminar dizendo: "Em nome de Portugal não se resignem". Custa-me a acreditar que esteja a escrever estas palavras sobre Cavaco Silva. Na verdade, conheci-o pessoalmente na Universidade Católica, no final dos anos 90, durante o meu mestrado. A nossa turma tinha as aulas de Sábado no edifício de Economia e cruzávamo-nos todos os Sábados com os "homens do dinheiro". O Professor-avô metia conversa connosco e eu, de resposta sempre pronta, dizia-lhe que éramos os "parentes pobres da Educação". Um sorriso doce, tímido, uma figura afável que desmontou a imagem que eu havia construído de uma pessoa algo hirta e inflexível que devorava fatias de bolo-rei.

Não gostei ou não percebi:

  • Da referência do PSD à claustrofobia democrática. Não sei, de facto, a que, concretamente se refere. Será um chavão? Uma metáfora da democracia madeirense? É verdade que a comunicação social está cada vez mais dominada pelas grandes empresas e que dificilmente um grupo de cidadãos poderia manter uma revista como o antigo O Tempo e o Modo. Mas esta questão não é específica deste Governo, pois não? Ou o PSD entenderá que só ele tem a prerrogativa de pretender controlar os orgãos de comunicação social?
  • De ouvir Sophia de Mello Breyner citada pelo deputado do PSD/PPD. Não me soou bem, não teve aquela sonoridade essencial e a inteireza da sua poesia. Para mim, Sophia é a mulher que esteve na comissão que foi libertar os presos de Caxias, acompanhada do seu, creio que ainda marido, Francisco Sousa Tavares. E dos que eu vi sair de Caxias, não me lembro de nenhum que tenha vindo a integrar o então PSD. Eu sei que a democracia é de todos e não apenas dos que por ela lutaram de forma activa, mas não encham a boca com versos de Sophia, como se fossem farturas da Malveira. Ou, pelo menos, não esta versão do PSD.
  • Porque é que o cidadão brasileiro escolheu a comemoração para expressar o seu descontentamento, parece-me que contra a política de imigração portuguesa. Faz-me lembrar quando, no final dos anos 70, vi a minha mãe abrir as portas de sua casa, nos Estados Unidos, a estudantes iranianos que carregavam a bússola nos seus camuflados, para orarem a Maomé na direcção certa; estudavam nas Universidades americanas, à conta do erário público dos americanos e criticavam tudo quanto era cultura e mentalidade americanas e/ou ocidentais. E não gostei porque pensei que abusavam da hospitalidade de uma portuguesa na América que abria as suas portas aos colegas do filho, estudante numa universidade americana, das mais multiculturais, a de North Carolina. Pensei de mim para mim: isto é que é alimentar uma víbora no próprio seio. Sim, ainda por cima porque, naquela casa, lhes era posto à mesa tudo quanto era bom, na proverbial tradição de hospitalidade da nossa família. Mais tarde, foi o que se viu.


À beira do rio, Peder Mork Monsted, 1897

Cruzo-me com as pinturas de Peder Mork Monsted, (1859-1941) e descubro nelas semelhanças com as margens do Vouga quando, ainda criança e adolescente, percorria aqueles 34 quilómetros de curvas e contra-curvas da antiga estrada, no velho Austin do meu avô e onde, suprema alegria, parávamos a meio para o banho e o lanche.
Monsted, pintor dinamarquês, visitante frequente da Europa mediterrânica e do Norte de África, fontes de inspiração da sua visão romântica da natureza, das cores brilhantes, da luz, da sombra e do pormenor.

As “comissões de segurança” são a última novidade da Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República. De acordo com o respectivo grupo de trabalho, tais comissões virão a ser constituídas por representantes de alunos, professores, pais, pessoal auxiliar e forças de segurança.Os pormenores do relatório não são totalmente públicos, de modo a podermos avaliar com maior rigor os fundamentos da proposta; teoricamente, sou favorável a uma maior autonomia e considero que é uma boa ideia integrar a prevenção de comportamentos de risco nos projectos educativos dos estabelecimentos de ensino e, em princípio, é de supor que a questão já esteja a ser levada em consideração, em função das percepções que as diversas comunidades educativas têm da sua situação específica, em matéria de segurança.Não é de estranhar que seja sugerido o recurso a meios electrónicos para melhorar as condições de segurança, porque a medida é liminarmente óbvia, já está em curso e só tem de ser melhorada, à medida que os recursos o forem permitindo.As referências à articulação das diferentes estruturas a nível regional e municipal é uma elaboração elementar e um desenvolvimento natural do funcionamento dos sistemas complexos e em rede, sem os quais a sociedade actual não se desenvolve, nem sobrevive.Que as agressões a profissionais de educação passem a ser crime público, parece-me um desenvolvimento óbvio e esperável do que já está previsto no actual código penal, tendo em conta a complexificação dos problemas de segurança da sociedade. É igualmente patente que se torna necessário melhorar as condições físicas das instalações degradadas que ainda proliferam no nosso parque escolar.Quanto aos cuidados que há a ter com os perigos da Internet e de como devem ser enfrentados no espaço escolar, já a eles me referi com algum pormenor, mas também não considero que sejam questões críticas, nem podemos posicionar-nos relativamente a elas numa perspectiva de proibição liminar, como fazem os sectores de opinião mais conservadores, designadamente dos Estados Unidos. Temos de encontrar soluções que equilibrem os riscos reais com os benefícios evidentes, em termos de literacia informática e de acesso à informação.Esta iniciativa da Assembleia da República visa afinal articular todas estas ideias e de as sistematizar em propostas legislativas coerentes, uma vez que toda a legislação em matéria de educação tem de ser revista com rigor, dado o estado caótico em que nos encontramos, o que, paulatinamente, como tem vindo a ser feito e “arrumado”, com as naturais resistências, desconfianças ou expectativas, quiçá desmesuradas, de uns e outros.Que tudo isto pode contribuir para uma Escola mais segura e que se pode consubstanciar num grupo de trabalho específico dentro dos órgãos de decisão já existentes na Escola, sem serem necessárias alterações estruturais de monta, é um facto indesmentível.Que isto possa contribuir para o sucesso escolar, já é algo que a investigação não justifica claramente, porque as variáveis mais críticas de sucesso escolar não se prendem exactamente com esta questão da segurança.A conclusão mais relevante desta comissão parece prender-se com a caracterização mais rigorosa e exaustiva das diversas perturbações da normalidade, designadamente na distinção e tipificação mais claras do que é indisciplina e do que é violência e das variáveis que determinam um e outro fenómeno, porque essa clarificação permite formas de intervenção mais cirúrgicas, com objectivos e prioridades claramente definidos, estratégias mais adequadas e uma melhor aplicação de recursos.Assim sendo, não entendo, nem as reacções de rejeição epidérmica a estas iniciativas legislativas que visam sistematizar o combate à degradação do clima na Escola, nem as outras que parecem vislumbrar nela A iniciativa do século em matéria de educação.Trata-se tão-somente de uma reacção normal e adequada, que só pode pecar por tardia ou frouxa, nos seus contornos práticos, ao que já se está a viver em termos de segurança e àquilo que é possível prever em termos de desenvolvimentos futuros.Do meu ponto de vista, o que é realmente crítico em matéria da segurança e da tranquilidade necessárias a um bom ambiente educativo é as comunidades escolares e as suas direcções tomarem por normal e aceitável o que não é, em termos de comportamento individual e social.A demarcação do que é ou não é aceitável está inexoravelmente dependente, no contexto da sociedade actual, de um consenso entre todos os actores, desde que ele resulte de uma discussão aberta, livre e leal, algo que não está ainda instituído na nossa cultural organizacional, muito dada a compadrios, a tiranetes e a jogos de poder. Esta é uma questão relevante em matéria do desenvolvimento saudável da democracia, para evitar que ela se torne numa caricatura de si própria.O verdadeiro núcleo dos nossos problemas em matéria de educação reside na gestão e rentabilização dos recursos, no aumento da produtividade, no combate ao abandono escolar, no aumento da escolaridade e da literacia dos portugueses, em que a segurança é apenas uma das variáveis interferentes, estando todavia longe de ser, na nossa sociedade, das mais importantes. Começar a actuar antes que passe a ser parangona diária da imprensa, como já acontece noutros países da Europa, é uma medida avisada.

segunda-feira, abril 23, 2007

E agora, o "final countdown"

Entre o boiadeiro e a almocreve futurista da esperança.
Mas não me digam que a ideologia morreu.
Nada do que pensamos ou fazemos é independente das nossas crenças.

E quem disse que os jovens não vivem Abril?!?
Inês Jorge, Rossio, 25 de Abril de 2005
Posted by Picasa

E depois do adeus:
Rostos... Ernesto Augusto de Melo Antunes
* 02.10.1933 + 10.08.1999

Para que a memória não esmoreça...

Sons e rostos...


Para sempre...



Palavras...


Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

A rosa a espada o Tempo a lua cheia
Entre Abril e Abril memória e acto
Este oculto invisível coração.
E o trote dos cavalos os blindados
(quem me acorda no meio do meu sono?)
«Lisboa está tomada». A rosa e a espada.
Subitamente às três da madrugada.

MANUEL ALEGRE

Viemos com o peso do passado e da semente
esperar tantos anos torna tudo mais urgente
e a sede de uma espera só se ataca na torrente
e a sede de uma espera só se ataca na torrente
Vivemos tantos anos a falar pela calada
só se pode querer tudo quanto não se teve nada
só se quer a vida cheia quem teve vida parada
só se quer a vida cheia quem teve vida parada
Só há liberdade a sério quando houver
a paz o pão
habitação
saúde educação
só há liberdade a sério quando houver
liberdade de mudar e decidir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir.

SÉRGIO GODINHO

Murais...

Posted by Picasa

Aos vinte anos tudo é possível...

Celebrar Abril

domingo, abril 22, 2007

Celebrar Abril

sábado, abril 21, 2007

Em 21 de Abril de 1910

Mark Twain parte deste mundo em Stormfield, aos 74 anos de idade. Um dia afirmou: “Vim com o cometa Halley, espero partir com ele”.
Este ano voltei às aventuras de Tom Sawyer que recriei noutros suportes de trabalho e fiquei surpreendida com a sua actualidade e poder de sedução junto dos miúdos. Muitos já conheciam a história, alguns através dos desenhos animados. O meu aspie de estimação confidenciou-me, de olhos brilhantes, que a mãe lha contou inúmeras vezes quando ela era mais pequeno.
No seu prefácio para as Aventuras, em 1876, Mark Twain regista que a maioria dos episódios do livro se baseiam em situações autênticas. Huckleberry Finn e Tom Sawyer retratam pessoas autênticas, companheiros seus de meninice, escola e juventude e combinam características de três deles.
As situações, as personagens, os ambientes são retratos vívidos do Oeste americano naquele período histórico.
Afirma ainda que, e passo a citar: “estas histórias foram escritas para entretenimento dos jovens, mas estou em crer que os adultos também as vão apreciar, uma vez que procurei retratar de forma agradável os adultos da época da minha meninice, a forma como pensavam, como se exprimiam e as façanhas esquisitas em que, por vezes, se envolviam"(HARTFORD, 1876.
Um pensamento seu:
“Dentro de vinte anos estarás mais arrependido do que não chegaste a fazer do que daquilo que fizeste. Solta as amarras, abandona o teu porto seguro, apanha o vento nas velas, explora, sonha, descobre.”
Um bom mote para quem lida com jovens.
Mark Twain, actual e imortal.

A imagem é uma ilustração de True W. Williams para a primeira edição das Aventuras de Tom Sawyer.

A CIA e o EMINEM
Li há dias que a CIA utilizou as canções deste cantor para acompanhar a tortura de presos políticos. Como se o som, a letra, todo o ambiente das suas canções não constituíssem tortura bastante...
Ainda bem que Salazar e a polícia política não dispunham de tal instrumento. Provavelmente, muitos dos nossos heróis não teriam aguentado, com todo o respeito. Quanto a mim, tenho sérias dúvidas de conseguir resistir mais de duas horas. E posso ser granítica, quando quero...
Horácio, amigo, achas que aguentavas? Discutiremos o caso no Rossio em breve. Evitamos assim o assunto do "seduzido" que te menciona no livro.
EMINEM, NããããããããO! SOCORRO!!!


As origens do conceito de reflexão docente

Historicamente, foi Dewey (1933) quem, inspirando-se em Platão, Aristóteles, Confúcio e outros filósofos da Antiguidade, criou o conceito de reflexão docente, como uma forma específica de resolução de problemas, num processo de encadeamento activo de ideias.

As suas ideias principais indicam que a reflexão pode ser vista como um processo cognitivo deliberado que envolve uma cuidadosa organização sequencial de ideias, em que cada ideia leva a um resultado (Dewey, idem, p. 4). e cada ideia e cada resultado encadeiam com os anteriores, com vista a um fim comum (Dewey, ibid. p. 5).
Dewey ( p. 9) propõe então a seguinte definição de reflexão: “A consideração activa persistente e cuidadosa de uma crença ou suposta forma de conhecimento, à luz dos argumentos que a alicerçam e das conclusões a que nos conduz constitui o pensamento reflexivo.”A decomposição do conceito nos seus elementos permite identificar as principais características da definição de Dewey:
- A reflexão docente pressupõe uma ponderação activa dos objectivos e das consequências;
- O processo é cíclico e em espiral, e inclui uma avaliação e revisão da prática;
- A reflexão requer o domínio de técnicas de recolha de dados;
- A reflexão exige do docente abertura de espírito e sentido da responsabilidade;
- A reflexão é baseada em juízos que derivam da auto-reflexão e da perspectiva das diversas disciplinas;
- A reflexão docente beneficia da colaboração e do diálogo com os pares.

SICkness” na 3 e inveja rancorosa na 5

Aparentemente os responsáveis da SIC estão desesperados com a aquisição da TVI pela media capital e a nomeação de Pina Moura e José Lemos para a administração da dita empresa. De tal modo que, para além de convidarem uma pessoa do PSD para demonizar a conversão da TVI ao socialismo, para arrebanharem audiências, resolveram transmitir em directo as declarações que o assassino da Virgína gravou e enviou para a NBC.
Sejais quais forem os argumentos, é do pior gosto e da pior ética transmitir imagens daquela natureza. Em primeiro lugar, são imagens de uma pessoa doente mental que chegou ao fim da estrada. Sempre os houve e sempre os haverá – não são exemplo de nada, não constituem sinais de tempo nenhum, porque o que revelam é tão-somente a situação extrema de desespero, de solidão, a que pode chegar um doente mental e dos riscos envolvidos.
As repercussões da passagem de tais imagens têm sido ponderadas por diversos especialistas que referiram a sua gratuitidade e a sua perigosidade.
Pior do que uma TVI eventualmente dominada pelo PS, que pela sua natureza, pela sua falta de convicção, é um partido pouco vocacionado e até algo canhestro a tentar controlar o que quer que seja, a SIC está doente e em desespero de causa e, por essa razão, prestou um péssimo serviço ao seu público.

Ele há coisas piores...
O cúmulo do sexismo é afirmar que Ségolène Royal utiliza o seu "charme feminino" (o que quer que seja que isso objectivamente possa significar) para conquistar o eleitorado francês. Que sejam mulheres a afirmá-lo, já tem um toque de inveja; mas, enfim, sendo uma mulher francesa, ainda se admite. Agora que seja uma jornalista portuguesa a reproduzir o disparate, acumula a atitude sexista, invejosa, em voz de papagaio que se limita a repetir acriticamente o que lê na imprensa tablóide francesa.
O mais interessante é que, se o candidato da direita passa o último dia de campanha a exibir-se montado num cavalo e a guiar a boiada, as mesmas pessoas são capazes de o considerar tão másculo como os homens que fazem os anúncios da malboro; e tabaco mata...
O slogan Desejo de futuro sempre é uma metáfora mais saudável.
Aliás, tenho aqui uma boa razão para voltar a um dos meus temas favoritos, de Jean Ferrat:

Je déclare avec Aragon, La femme est l'avenir de l'homme

Maravilhosa blogosfera!
Nunca tive interesse em determinar quantas pessoas lêem o que eu escrevo. Na verdade, ocorre-me que na blogosfera gravitam pessoas que num continuum de narcisismo - comunicação, ocupam provavelmente todo o espectro. Ontem passei por um blog que tinha um contador diferente dos outros - é de origem francófona e, por mero divertimento ou curiosidade, instalei-o.
Estou impressionada: em menos de 24 horas, 143 entradas, sendo que o meu blog, de tão eclético, que praticamente tem por função principal preencher o vazio de um trabalho muito intenso, dolorosamente solitário e sistemático a que a redacção de uma tese de doutoramento obriga, será dos menos procurados, acho eu, tendo em conta que, como verifiquei há minutos, o blog do meu amigo João Pinto e Castro, provavelmente um dos mais populares blogs portugueses, deteve hoje uma "clientela" de 300 leitores, o que representa mais do dobro dos "meus"; isto é, eu estarei no percentil inferior e ele no percentil superior. Não admira: afinal de contas, ele que é doutorado em marketing, há-de perceber melhor que eu como se conquista uma audiência e deve fazê-lo de forma mais intencional. Na realidade, como referi no início do blog, o meu resultou mais da necessidade de contribuir para uma contra-corrente do movimento de desacreditação de professores que se gerou em torno da actual equipa governativa e da sua clientela política, que tão bom serviço lhe prestou. Até que as coisas azedaram. Mas aqui já entramos na área económica, que é aquela parte dos jornais que me desperta menos curiosidade, a mim, que comecei (mas nunca acabei, sou franca) por um curso de Economia...
A investigação refere que é difícil descrever o que se passa numa aula, que é difícil falar das práticas, do que é o dia-a-dia de um professor, do que é reflectir sobre a condição docente. Aliás, a própria investigação sobre a reflexividade docente é confusa em matéria de modelos e de categorizações. Para tentar perceber melhor este conceito de reflexividade docente, é necessário escrever e confrontar essa escrita com os vários modelos que a investigação propõe.
Institucionalmente, em contextos de formação, a reflexão docente tende a assumir um carácter mais técnico e evita percursos interpretativos e controversos da prática pedagógica.
Os professores reflexivos tendem a equacionar o significado e as consequências da sua prática, mas só o fazem com alguma sinceridade em contextos em que não estão a ser objecto de avaliação, porque uma prática reflexiva implica contar “toda a história”, incluindo as dúvidas e questionamentos que a própria formação nos suscita.
Por outro lado, o blog tem limitações no que diz respeito ao pensamento dialógico, porque isso implicaria da parte de quem nos lê um posicionamento de "amigo crítico", que é uma tarefa árdua, militante, sistemática dos nossos interlocutores privilegiados, que são os que se ocupam no mesmo mester.
Então, o que pretendemos quando fazemos um blog? Alguns terão uma ideia muito clara, outros, como eu, nem tanto. Ou, pelo menos, reconhecemos que um blog não chega, realmente para chegar onde pensamos que pretendemos chegar: a ter alguém que nos "louça" - aquele que nos ouve lendo e nos dê algum feedback. Paradoxos. Contradições. Até porque a resposta pronta da Ritinha ao meu retalho de hoje foi uma agradável surpresa.

sexta-feira, abril 20, 2007


Palavras eternas


(Mário de Sá-Carneiro)


Quase


Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...
Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!
De tudo houve um começo ... e tudo errou...
- Ai a dor de ser - quase, dor sem fim...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se enlaçou mas não voou...
Momentos de alma que, desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...
Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...
Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...
Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
A imagem: escultura de Farncisco Simões, no Parque dos Poetas, em Oeiras

Retalhos do dia...

Momentos felizes

De toda a semana, o espaço de tempo entre as dez e as onze e trinta de sexta-feira, que corresponde ao chamado "furo", costumo passá-lo no Centro de Recursos a preparar material para a semana seguinte. Nesse período, a Rita, de Educação Visual, costuma estar lá a trabalhar com os dois rapazinhos com trissomia 21. Eu gosto muito de os ver a trabalhar com a minha colega e aprecio muito o trabalho que ela faz com eles, porque consegue motivá-los e mantê-los muito activos nas suas tarefas. Hoje, estavam a fazer um cartaz sobre os cravos de Abril. Nas duas mesas que ocupavam, estavam espalhadas as cartolinas branca, verde e encarnada, os moldes dos cravos e cada um fazia as suas tarefas, de acordo com as suas capacidades. Dá gosto ver três cidadãos - professora e dois alunos - tão empenhados e produtivos. Dá vontade de acreditar em Abril, dá vontade de acreditar em tudo o que é positivo: integrar, produzir, participar, ser útil, ser autêntico. Mesmo estando a Rita tão preocupada com a saúde de sua mãe. Estou em crer, Rita, que o Universo há-de retribuir-te toda a positividade que emanas.

quinta-feira, abril 19, 2007

DIÁRIO AS BEIRAS

Eu gosto muito deste jornal. Tem um excelente grafismo, uma mensagem positiva, uma secção dedicada às Escolas, à quarta-feira, também ela o retrato da criatividade beirã. Percebe-se que é feito com gosto e determinação. Já lá publiquei. Hei-de publicar mais vezes. Se me aceitarem.

Ninguém cedeu

Ora aqui está uma prova irrefutável do que se pode aprender e crescer civicamente em mais de 30 anos de democracia: Ricardo Araújo Pereira foi proposto para discursar no 25 de Abril, mas foi vetado - pelo PCP, claro. O assunto foi escrutinado na mesa dos negociadores da organização das festividades, mas não houve cedências e um dos pontos críticos foi, aparentemente, a participação do humorista.

Os jovens do PCP - curioso é notar que os do CDS também - têm um ar e uma postura precocemente envelhecidos. Falta-lhes sentido de humor, gosto pela vida, alegria, tudo o que é próprio de uma pessoa jovem e saudável. O humor incomoda-os e assusta-os. E todavia, o humor sempre foi um aliado poderoso da crítica social e de costumes, frequentemente associado ao pensamento lateral e criativo e à reflexão crítica.

O que custa a perceber é como algumas pessoas ainda se admiram desta postura por parte dos representantes do PCP: ou são muito jovens, ou têm a memória curta, ou nunca frequentaram Direito a meio dos anos setenta, nem a Escola em frente, ou nunca tiveram de se confrontar com eles no plano político naquela época. É que perdoar ainda se perdoa, agora esquecer...

Indisciplina e violência na Escola (uma clarificação)
No meu artigo publicado no Jornal Público de 5 de Abril último, deixei algo confusas as causas atribuídas a cada um dos dois fenómenos.
A violência tem causas extrínsecas à Escola - prende-se sobretudo com o contexto social em que esta se insere.
A indisciplina é um fenómeno completamente distinto: as suas causas são de natureza intrínseca e não há que atribuí-la a variáveis exteriores à Escola, tais como o contexto familiar e outros.
A indisciplina está relacionada com problemas de organização, de relação, de clareza e precisão de regras, de dimensão da Escola.
É dentro dela que pode e tem de ser resolvida.

May God protect you and guide your way back home!Posted by Picasa


Deus seja louvado!

O meu sobrinho Paul Jonathan acaba de sair do Iraque.
Nephew coming back from Iraq.

Ó Senhor, nosso Deus, como é glorioso vosso nome em toda a terra!

O LORD, our Lord, how majestic is your name in all the earth! You have set your glory above the heavens. (S8)


Toquem melodias de louvor com a harpa, com a lira.

Praise the LORD with the harp; make music to him on the ten-stringed lyre. (S33)

Que a Terra inteira cante ao Senhor com toda a alegria.

Shout joyfully to God, all the earth; Sing the glory of His name; (66)

É agradável louvar o Senhor, cantar louvores àquele cujo nome está sobre tudo quanto existe.
Dizer, logo de manhãzinha, como ele é bom; e no silêncio da noite afirmar como ele é um Deus fiel.

It is good to give thanks to the LORD And to sing praises to Your name, O Most High;

To declare Your lovingkindness in the morning (S92)

Cantem ao Senhor um cântico novo; cantem-no os habitantes da Terra inteira.

Sing to the LORD a new song; Sing to the LORD, all the earth. (S96)

Oh, minha alma, louva o Senhor!

Que todas as fibras do meu ser exultem, louvando o santo nome de Deus!
Oh, minha alma, louva o Senhor!

sem esquecer nenhuma das coisas boas que tem feito por mim!

Bless the LORD, O my soul, And all that is within me, bless His holy name. Bless the LORD, O my soul, And forget none of His benefits; (S103)

terça-feira, abril 17, 2007

Parabéns Manuel!
Mais um "menino" dos grandes, do Mestrado de Informática Educacional da Universidade Católica que se despachou.
Aquilo é que foram tempos difíceis, hein?!? Espero que tenha valido a pena.
Manuel Doroteia Rodrigues Russo
Área de Especialização: Informática Educacional
Título da tese: Aprender Informática em ambientes colaborativos recorrendo a fóruns on-line
Parabéns, Manuel Russo!


Maria José Morgado
A Maria José vai tomar posse como directora do DIAP.
É uma boa escolha do Sr. Procurador-geral, que faz jus à sua imagem de eficácia, de empenhamento e de confiança. Está no lugar certo para combater a corrupção que mina e fragiliza a coesão da nossa sociedade e o nosso desenvolvimento. As nossas instituições precisam de uma lufada de credibilidade e de eficácia e a Maria José corresponde a essa necessidade, porque combater a corrupção é uma das formas de combater a pobreza.
Parabéns, Maria José!
Espero que continues com tempo para a natação!

Retalhos do dia...

O meu aspiezinho de estimação foi castigado. Tem dificuldade em gerir as relações sociais. De vez em quando não suporta as provocações dos outros e... tomA!
Quando é castigado vai pôr-se algures, nos meus trajectos, à minha espera muito sério.
-Então? O que é que aconteceu?
- Vou estar dois dias de castigo.
- Porquê?
- Porque bati no V (o outro aspie).
A directora de turma e eu combinámos que esta semana vou fazer com ele alguns exercícios, para ele saber gerir melhor a sua impulsividade.
E eu tenho que juntar estes materiais que vou construindo e editá-los em livro. São capazes de serem úteis a outras pessoas.

segunda-feira, abril 16, 2007

So What?!?

Miles Davis and John Coltrane!!!




O imortal

Charlie Chaplin

Que nos faz rir da indigência, do ridículo, da malignidade da nossa condição, mas que está sempre disposto a provar-nos que é nas nossas mãos que se esconde a nossa salvação.

Um dia disse:

- Creio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror.

Nasceu a 16 de Abril de 1889, há precisamente 116 anos.

Retalhos do dia

Os seis magníficos
Como não podemos carregar seis computadores para as aulas, nem há funcionários que cheguem para os levarem, quanto mais seis, temos que escolher entre os mais atilados para irem connosco ao Centro de Recursos buscá-los e transportá-los para a aula, o que implica atravessar o pátio, subir ao primeiro andar do bloco administrativo e voltar ao Bloco de aulas com a parafrenália respectiva.
Na realidade, seriam necessários apenas cinco meninos nos dias em que não é necessário transportar o data show, porque eu poderia trazer um dos computadores, mas um deles disse: "Mas s'tora, não é preciso, nós carregamos os seis". Escolhidos então, os "eleitos" adiantam-se muito pressurosos a cumprir a sua importante missão, olhados de lado pelos outros que não foram escolhidos, mas a quem foi já prometido que, se se mostrarem responsáveis, serão os próximos seleccionados para tão importante missão. A melhor maneira de ensinar cidadania é pelo exemplo.
Ao fim de trinta anos, ainda tudo isto me comove e encanta.

domingo, abril 15, 2007

Farpas em português do mais caceteiro

(ficas aqui mesmo bem RAP, desculpa lá)

Uma farpa (do germânico * harpa), é uma ponta metálica perfurante, em forma de ângulo agudo, que não sai com facilidade do corpo em que se introduz. Portanto, o objectivo é magoar, ferir. Pode ser mais à espanhola: bandarilha, ou mais clássica, como o dardo ou a seta. Se o fim é claro, o meio pode ser mais ou menos elaborado e os farpistas de serviço dão ao povo aquilo que entendem que ele merece.
Vem tudo isto a propósito da prestação do cronista Pulido Valente que, depois de descrever brevemente o percurso de um político que, segundo ele, foi trotskista, se apaixonou pelo MES, votou em Otelo, fez campanha por Maria de Lurdes Pintassilgo e na candidatura de Manuel Alegre a secretário-geral de um partido, conclui com uma lógica irrepreensível, que "este pequeno currículo revela um pouco de que é feita e como funciona" a cabeça do dito político.
Mas revela como? Quais são as premissas? E as conclusões? Em que é que Maria de Lurdes Pintassilgo se relaciona com a lei da imprensa? Em que é que Manuel Alegre se opôe a que os jornalistas só respondam perante a lei civil? Em que é que o ucraniano Leon Trotsky se relaciona com os anteriores? Em que medida é que os ucranianos se relacionam com a candidatura de OSC? Já não me apetece encaixar o MES, já que tanta gente nele entrou e saiu naturalmente, como uma fruta da época.
O grau ZERO do pensamento crítico.

Farpas, 2007


"Aquele" assunto

Eu tinha prometido a mim mesma, com dedos cruzados e tudo, que ia resistir à tentação de falar "daquele assunto", resistir à charge fácil, muito masculina, muito testosterónica, muito vampírica, tipo "dá-lhe na cabeça que é para doer mais", "bebe-lhe o sangue até que te escorra pelo queixo", e evitar reagir a todos aqueles que, na minha entourage, ou insistem em negar a evidência dos factos ou insistem em dizer que tudo se resume a uma vingançazinha relacionada com o caso da OPA sobre a TELECOM. Que seja.
Não fosse o pesadelo que, na noite passada, me transportou ao início dos anos 80: enquanto presidente de vários Conselhos Directivos tive de assinar centenas de contratos de docentes e de lidar com o estado caótico em que se encontravam os registos biográficos de inúmeros professores. Tal circunstância era altamente penalizadora para esses profissionais, na medida em que os processos de prova de habilitações eram literalmente infernais, daí resultando prejuízos materiais e morais que chegaram a ser irreparáveis. O período dos concursos era particularmente caótico, com telefonemas de Escola para Escola para esclarecermos os hiatos de informação dos processos dos docentes.
Lembro-me particularmente de um jovem músico que pertencia a uma das bandas mais interessantes da época e que agora me surge recorrentemente num anúncio da TV. O Mário, o meu filho mais velho, era então muito criança e, como eu passava o dia na Escola, andava por lá, invariavelmente atrás do dito jovem músico. As meninas também o adoravam. Era um jovem professor, profundamente educado e doce, que estava a braços com uma enorme complicação de certificados de habilitações. Um dia, aborreceu-se e foi-se embora. O que nós, no Conselho Directivo, não fizemos para o trazer de volta, entre telefonemas para a mãe e tal! Até fui chamada à Inspecção para prestar declarações a atestar o abandono do lugar... demorei o meu tempinho... foi mesmo até perceber que já não tinha qualquer margem de manobra e mesmo assim desculpabilizei-o quanto pude, até porque não era obrigada a declarar o que sabia a título privado. Abandonou o ensino. Desejo que esteja bem na vida.

Hoje é dia da

Equação de Leonhard Euler

A fórmula, também designada de identidade de Euler (Trott 2004) afirma a igualdade expressa na figura ao lado e impossível de representar aqui correctamente, porque a formatação não permite a representação da potenciação.

Em que i é a unidade imaginária, tem equivalente na expressão:
E no caso especial desta fórmula dá a bela identidade à expressão matemática representada.

Esta equação detém as mais importantes constantes matemáticas, como William Dunham observa no seu livro Euler: The Master of Us All, 1999, a saber:
0—a identidade aditiva
1— a identidade multiplicativa
π—a circular constante, melhor explicando, a razão constante entre o perímetro de qualquer circunferência e o seu diâmetro
e—a base dos logaritmos naturais ou neperianos (de de John Neper, Matemático Escocês,1550-1617) de base e, em que e = 2,71828
i—a unidade imaginária, que é uma tema para a arte, a poesia e a música (♪ Ontem eu estava na rua.... pensando... ♪)
Esta equação associa as constantes fundamentais i, pi (∏), e, 1, e 0 (zero), as operações fundamentais da adição, da multiplicação e da exponenciação e uma das mais importantes relações: a da igualdade (=).

Como afirmou uma das pessoas que responderam ao questionário sobre as melhores equações de todos os tempos:
“O que é que pode haver de mais místico do que um número imaginário em interacção com números reais para daí resultar zero?”

As ligações remetem para o sítio consultado.

Bom domingo. Óptimo dia para solicitar certificados de habilitações.

sábado, abril 14, 2007

Para o meu menino que não gosta que o trate pelo seu belo apelido, para que passe a gostar, espero:

D. Isabel de Aragão
Era filha de D. Pedro, futuro D. Pedro IIIAragão, aclamado Rei em 1279, e de D. Constança de Navarra. O nome de Isabel foi-lhe atribuído, em homenagem a sua tia Santa Isabel da Hungria. O seu avô chamava-lhe a “rosa da casa de Aragão”.

As virtudes da sua tia-avó iriam consituir para ela um exemplo de vida, de discrição e de simplicidade de gostos.

Os pais escolheram para seu esposo D. Dinis, herdeiro do trono de Portugal. Ganhou a admiração do povo português pela sua bondade: atribuia dotes a raparigas pobres e educava os filhos de cavaleiros sem fortuna.

Era uma mulher particularmente sensível à pobreza e são-lhe atribuídos alguns milagres; também legou muitos dos seus bens a hospitais e conventos. Morreu em Estremoz a 4 de Julho de 1336.

Dela se conta que, durante o cerco de Lisboa, estando a socorrer os pobres da cidade e a distribuir esmolas, D. Dinis apareceu, perguntando-lhe pelo que levava no regaço, ao que ela, temendo desgostar o marido respondeu: Levo rosas senhor....” E, abrindo o manto, perante o olhar atónito do nosso rei-lavrador-poeta, não se viram moedas, mas frescas rosas vermelhas.

(Quadro de Francisco Goya (1746-1828), representando Santa Isabel de Portugal assistindo uma doente.

Museu Lázaro Galdiano, Madrid, Espanha) .


Há alunas nossas em salas de chat muito duvidosas

Eu gosto de saber que o endereço do meu blogue surge na barra de endereços dos computadores da Escola. É sinal de que há pessoas atentas ao que eu escrevo. De tal modo de que a menina perfeitamente identificada que se apresentava numa sala de chat pouco recomendável foi de lá apagada. Eu interpreto isto como um bom sinal.
Contudo, ficou lá outra. A identificação não é tão clara, mas já verifiquei que ela está inscrita em várias salas; segui-lhe o rasto e encontrei-a em salas de conversação, em que personagens que se identificam como meninas de onze e treze anos, escrevem coisas como estas:

*singing* kill me now, kill me now, kill me now, kill me now... Again and again
*Fozinha empurra Uraninho para cima da makina e comeca a beija-lo e a acaricia-lo*
ai amorzinho, so tu pa teres exas ideias tao boas....makina a trabalhar ou parada?
*apoluh foge de banana que lhe quer atacar o apoluzinho e seu vizinho!* xDDDD

qero ser a mostarda dele! x)

É de tal modo que já a identifiquei. Ainda estou a decidir se devo abordar com ela a questão directamente ou se vou ficar a ver o que a Escola faz. E digo a Escola, porque é ao contexto escolar a que ela se refere nos seus posts. Só que, seguindo-a pelos outros fóruns em que ela se movimenta, os caminhos tornam-se cada vez mais suspeitos, como procurei demonstrar acima, tornando-a um alvo fácil dos ciberpredadores, ao que tudo indica, disfarçados de meninas de onze anos.
Se repararem, estes sítios são muito apelativos e têm ligações estranhas que duram décimos de segundo, sem que consigamos discernir o significado destas mensagens visuais. Experimentem.
Os jovens entram nestes sítios e deixam informação preciosa para eventuais abusadores, tanto mais que os endereços de IP são facilmente identificáveis por indivíduos com alguns conhecimentos de informática.
É verdade que cabe prioritariamente aos pais o cuidado com os seus filhos, mas também é verdade que, cada vez mais, é educação e a segurança dos mais novos está nas mãos da sociedade e, particularmente da Escola. Isto é inelutável.
Os miúdos expõem-se em fotografias muito pessoais, muitas vezes fornecendo pormenores sobre os seus contextos, muitos têm o seu perfil em espaços que são – magnanimamente – colocados à sua disposição.
Estudos internacionais garantem que um em doze desses jovens já se encontrou fisicamente com pessoas que conheceu on-line e há sites especificamente organizados para públicos escolares, que estimulam a colocação de fotos. Ora tratando-se de jovens que estão a iniciar a sua adolescência e gostam de demonstrar como são audazes, facilmente discorremos os riscos que podem estar associados.
Já pude observar que três desses sítios visitados pelas tais meninas também constam dos “habituais” da barra de ferramentas dos nossos computadores. Só há uma coisa a fazer: a Escola tem literalmente que vedar-lhes o acesso a partir dos nossos computadores, tanto mais que algum do material pode ser encarado como pornografia soft, sem que as jovens tenham a consciência do tipo de pessoas que podem estar a atrair. Uma coisa é usar a calça um pouco abaixo do aconselhável, sobretudo para nós que nascemos a meio do século passado; outra coisa é pôr uma foto do pormenor na net; uma coisa é aprender a fazer um olhar sedutor - tudo na vida se aprende e se treina - outra coisa é pô-lo na net.

A Internet tem um potencial imenso em termos de comunicação e de aprendizagem, mas muito do que nela se passa é o reflexo do que se passa na vida, na Escola e no pátio; com a diferença pequena: os adultos não estão lá para intervir quando é necessário.



Espaço, discurso e estilo


O espaço público é ainda predominantemente masculino e o espaço privado predominantemente feminino.
Ora o acesso da mulher ao espaço público, traz à sua esfera a voz e o discurso femininos, que carregam emoções e aspectos privados, de que os homens têm estado tradicionalmente arredados. O direito à comunicação acompanha o acesso, a presença e a circulação no espaço público e, ao mesmo tempo, carrega novas construções e apreensões de significado.
A sociabilidade contemporânea é assim mediada por linguagens e regras discursivas múltiplas, novas gramáticas de estar em sociedade e de exercer a cidadania, e caracteriza-se por uma progressiva apropriação mútua das características de ambos os discursos – o público e o privado, o masculino e o feminino. Na blogoesfera a diferença é notória, assim como são notórias as novas gramáticas, mas é, ainda o discurso de tipo masculino que predominan e é, aparentemente, mais eficaz, em termos de comunicação. Eu atrever-me-ia a dizer que essa eficácia está aliada a uma certa demagogia: o populismo é popular, o pensamento crítico, nem tanto.


Que factores condicionam a comunicabilidade na expressão escrita?
Um acto de comunicação bem sucedido implica que a mensagem é transmitida sem ruídos impeditivos, deturpantes ou concorrentes e de forma correcta, célere e económica, isto é, que existe conformidade entre a recepção e a emissão e economia de esforço, em termos de interpretação e de decifração.
No discurso escrito, os factores que dificultam a comunicação são da mais diversa ordem, tanto aqueles que são comuns ao discurso oral, como os que são específicos do discurso escrito. Assim, para que a comunicação seja eficaz, é necessário que os participantes da comunicação dominem as regras do código, nas suas múltiplas dimensões, que o emissor e o receptor partilhem o contexto sem equívocos, que a comunicação seja acessível, designadamente, em termos de segmentação, de unidade temática e de ordenação.
As dificuldades podem situar-se a nível sintáctico e lexical e prender-se com diferenças de competência linguística, de memória e de atenção; em termos de interpretação, estão em jogo o grau de familiaridade dos participantes com os assuntos, o seu grau de novidade, uma vez que a novidade afecta a compreensão, o grau de abstracção e outros aspectos que tendem a diminuir a legibilidade, tais como as definições, as classificações, os processos lógicos e silogísticos e as remissões.
O discurso escrito implica distanciamento temporal e físico, mas a sua formulação depende da direccionalidade e do grau de abstracção do interlocutor, de que pode resultar um estilo predominantemente expositivo ou um estilo mais epistolar.


Eu relevaria um estilo de comunicação híbrido, com marcas de discurso oral e novas formas de escrita trazidas pelo ambiente on-line, em que as funções linguísticas se misturam, com forte relevância para as funções auto-revelatória, apelativa e fática, que tornam a mensagem mais aprazível e comunicativa.


Mas o aspecto mais importante, o que torna o discurso mais apelativo continua a ser um certo caceteirismo predominante na nossa crítica social, a que nem os melhores exemplos da nossa racionalidade conseguiram, frequentemente, fugir.


A nossa crítica social é brigona, caceteira, superficial, pouco reflexiva, pouco argumentativa.


É ainda aí que reside o segredo do seu êxito.




No discurso privado, os elementos da comunicação, designadamente o emissor, o receptor, a mensagem e o contexto, estão geralmente mais clarificados e referenciados, enquanto no discurso público todos estes factores são mais abstractos e arbitrários e as referências ao contexto e ao receptor são menos frequentes, o que o torna mais distanciado, explícito e descontextualizado que o discurso privado. Em termos formais, o discurso público recorre a formas gramaticais mais impessoais e a função de comunicação predominante é a referencial ou denotativa.
O discurso privado é mais intimista e movimenta-se num espaço vedado à intrusão; é predominantemente auto-revelatório (do latim, velum, ou revelare, que significa tirar o véu, ou tornar visível, revelar, clarificar), enquanto o discurso público se movimenta num campo mais anónimo e impessoal, destinado à circulação e à passagem da informação.
O discurso privado é o último reduto da autenticidade, da espontaneidade, da verdade, e está associado a um maior nível de intimidade e a uma busca da verdadeira e única essência das coisas e das pessoas, enquanto o discurso público está mais vocacionado para a representação dos papéis sociais e relacionado com os códigos de civilidade.
Efectivamente, na tradição filosófica ocidental, a expressão de sentimentos está nos antípodas do conhecimento e da racionalidade: desde Platão, com algumas excepções raras, a esfera intelectual opõe-se à emocional, e é a faculdade que nos permite chegar à sabedoria, a que está associada à esfera racional, cultural, universal, pública e masculina, enquanto que a esfera emocional está aliada à irracionalidade, ao mundo físico, ao natural, ao particular, ao privado e à feminilidade.
Assim, o discurso tem um género.

Um espécie de complexo de Peter Pan (continuação do post anterior)

Temos assim, que as críticas ao novo estatuto do aluno vão em vários sentidos:


  • As novidades não são assim tantas: a distinção entre as medidas mantém-se.

    Mas há alguém que tenha propostas concretas para uma nova tipificação de medidas? Porque não as apresenta?

  • Mais trabalho para os professores porque têm de fazer exames
Não sei se é estrategicamente assisado fazer esta crítica com tanta gente desempregada. Mas considero que a medida tem um efeito dissuasor na falta de assiduidade; também ainda não li nenhuma proposta alternativa.
  • Não há um reconhecimento de que, de facto, os procedimentos são simplificados

E neste caso é necessário salientar que o aligeiramento dos procedimentos, sobretudo no que diz respeito à intervenção dos Presidentes dos Conselhos Executivos/Directivos, já previstos na Lei 30/2002 não foi cabalmente aproveitado, porque muitos desses Presidentes se recusavam a utilizar a prerrogativa e obrigavam os Conselhos de turma a percorrer o caminho mais difícil, atolando-os am burocracia.

  • É desvalorizada uma maior responsabilização das famílias

Esta desvalorização é feita por aqueles que entendem que se poderia ter ido mais longe, adoptando medidas idênticas às já adoptadas noutros países, designadamente no que diz respeito a suspensão de subsídios e outros.

Pessoalmente, nesta matéria, considero que ainda não esgotámos possibilidades intermédias, isto é, ainda continuamos a viver num voo de Peter Pan, numa aeronave sem motor, alimentada por falsas ilusões de direitos adquiridos por uma assimilação errada das liberdades de Abril, misturadas com a "democracia do sucesso" dos anos 80. Começamos a cair na realidade e a ficar muito amachucados, é natural que reajamos com pânico. Ora temos que ter em conta que a escolaridade da nossa população é baixíssima e que isso tem custos muito elevados. Nesta ponderação, em vez de partirmos já para soluções mais radicais, aos meninos que faltam a própria escola pode retirar-lhes algumas regalias e agir. Na verdade há, regra geral, uma demissão do exercício da autoridade, há uma reacção epidérmica a palavras como autoridade e outras. Mas queremos que sejam os outros a exercê-la; quando nos cabe o dever de o fazer, encolhemo-nos pusilânimes.





Ora, os professores têm de demonstrar que são capazes de pensar criticamente; caso contrário, cria-se um fenómeno de entropia e quando este ministério actua, o povo já sabe que os professores vão dizer mal. Vale a pena assim?


Uma espécie de complexo de Peter Pan (1)

Recolhi aleatoriamente algumas reacções à notícia da publicação do novo estatuto do aluno, em fóruns publicados na imprensa:

"Tirando o facto da convocatoria dos conselhos de turma....não acrescentou nada de novo ao que já existia!!! Dá a ideia que está realmente a pensar nisso...mas de facto estamos condenados à hipocrisia de uma "senhora" que nada se importa com o que acontece nas escolas!!!! É triste..."
Ideia básica desta intervenção: a de que não há nada de novo. Nada de novo, como? Se os procedimentos são aligeirados correspondendo à maior crítica, embora não totalmente justa, que era feita ao anterior documento legal, a grande novidade seria um código anti-democrático. Mas isso não pode ser, não é? A democracia não é um regime perfeito, mas é, apesar de tudo, o melhor de todos, não?
"Espero que tenham tido em atenção o código de procedimento administrativo para que as escolas não tenham dificuldades em aplicar o novo estatuto ou estejam a fazer coisas que podem ser facilmente contestadas se houver recurso por parte dos Encarregados de Educação."
Nesta observação, a ideia base é saber se as escolas vão ou não fazer bom uso da autonomia a que têm direito. Mia uma vez, a questão de fundo que aqui se põe é a do exercício da democracia: ou entendemos que somos capazes, ou ficamos à espera de um ditador que nos diga o que havemos de fazer. Não podemos estar constantemente a dizer que estamos assim por causa dos 48 anos anos. É que, entretanto, já passaram mais de trinta, que já davam para termos crescido um bocadinho como povo. Afinal, parece que só deixámos de ir à praia com o garrafão de cinco litros e a manta, para passarmos a ir com o bólide; substitímos o escarro na areia pelo cocó do cão. E continuamos sem saber se queremos crescer ou não.
"Espectacular esta cena dum gajo poder baldar-se bué e fazer exame no fim do ano. Este Sócrates é mesmo um gajo bué da cool. Simplex em tudo. "
Ora aqui está o suprassumo da criatividade do botábaixo (o neologismo popular é para condizer com o tom da crítica): partir do princípio de que fazer um exame é algo de extremamente fácil, preferível a frequentar as aulas. Nenhum adulto que minimamente se preze e tenha a consciência do seu papel social enquanto adulto haveria de se permitir deixar passar uma mensagem destas.
"Tive, enquanto Directora de Turma, um aluno que tinha elevado número de faltas de presença e disciplinares. Fiz o que me competia e já então previsto na lei. cartas registadas, telefonemas, recados na caderneta do aluno. Nunca consegui que o Enc. de Ed. viesse à escola. estava a desesperar. Numa aula o aluno recebeu uma mensagem e o seu telemóvel(que já na altura era melhor do que o meu...) tocou. Foi a minha oportunidade. retirei-lhe o telemóvel e informei que só o teria de volta na presença do seu Enc. Educ. No dia seguinte lá estava! É apenas um exemplo para vermos quais são as verdadeiras prioridades de alguns pais. Se cada DT viesse aqui relatar um a experiência deste género a população ficaria abismada com o que as escolas têm de aturar... Mas agora até exames eles vão fazer (mais trabalho para o operário/professor) porque não podem chumbar. Então que vão às aulas e cumpram os seus deveres!! "

Esta mensagem tem muitos eixos de interpretação mas, no essencial, a única crítica implícita é aos exames para os alunos faltosos. Não apresenta qualquer alternativa.

"Ai o documento prevê uma maior responsabilização dos encarregados de educação no dever de assiduidae dos alunos???? Deixa-me rir!!!!!!! E quem vai responsabilizá-los???? No outro dia telefonei para um por causa do seu menino que está na escola e resiste a ser conduzido à sala de aula e ouvi o CAMELO responder-me que EU é que tinha a responsabilidade de o (o menino dele) pôr na sala de aula e que ele, pai, estva trabalhando e não tinha nada que ser incomodado com essas questões - está-se mesmo a ver a quem a peça sai!!!!!!!!! Entrtetanto o menino bate em toda a gente!!!!! E vou eu sujeitar-me a ser enxovalhada e apanhar uma carga??? O tanas é que vou!!!!! Estou-me borrifando para que o menino não vá às aulas, só lamento que lhe continuem a dar de comer na cantina com o dinheiro DOS MEUS IMPOSTOS, asim como os livros, o material escolar e ...pagar o passe do autocarro!!!!!!!! Isto é que é lamentável!!!!! "

Mensagem com múltiplas hipóteses de leitura, tal como a anterior. Desta, o que eu gostaria de salientar é o seguinte: de facto, os instrumentos existem, o que frequentemente acontece é que não os utilizamos devidamente, ou nem sequer os utilizamos. Neste caso concreto, se o aluno falta às aulas, porque se lhe dá de comer no refeitório?!? Se bate em toda a gente, porque não é castigado?!?

quinta-feira, abril 12, 2007

Parece-me bem



O novo estatuto do aluno
O novo estatuto do aluno reforça a autoridade das escolas e dos professores, ao mesmo tempo que responsabiliza mais os encarregados de educação.

De facto, sabemos que em matéria de disciplina a celeridade conta, em termos de clima institucional e de responsabilidade social dos actores sociais.
Como podemos ler no sítio do Ministério as alterações visam:

  • distinguir entre medidas preventivas, correctivas e sancionatórias;
  • reforçar a autoridade das escolas e dos docentes;
  • da autoridade dos professores e das escolas;
  • simplificar os procedimentos;
  • reforçar a responsabilidade das famílias.

Corrigir e prevenir comportamentos inadequados visa fundamentalmente a integração e faz parte do processo de ensino e do exercício da autoridade - prevêem-se aqui medidas que passam pelo cumprimento de tarefas de integração e inibição de participação em actividades de natureza extracurricular, como saídas de estudo e outras. Tais medidas podem ir até à mudança de turma.

As medidas de carácter sancionatório são de natureza restritiva e têm por objecto os comportamentos mais graves; podem configurar a repreensão registada, a suspensão temporária da frequência, a transferência de escola e a expulsão.
Os professores e os órgãos de gestão passarão a ter maior poder de decisão, verão a sua autoridade reforçada, embora as medidas de transferência e de expulsão se mantenham sob a alçada das direcções regionais.

Os procedimentos burocráticos - o grande quebra-cabeças e grande dissuasor - serão simplificados, sem prejuízo dos direitos dos alunos a de informação das suas famílias.

Estas terão igualmente de exercer maior controlo sobre a assiduidade dos seus educandos, passando a receber informação mais frequente. Os alunos ficarão sujeitos a medidas correctivas preventivas se derem mais de um terço de faltas injustificadas em relação às faltas legalmente possíveis e terão de se submeter a exame se ultrapassarem o limite das faltas justificadas.