sábado, abril 21, 2007

Maravilhosa blogosfera!
Nunca tive interesse em determinar quantas pessoas lêem o que eu escrevo. Na verdade, ocorre-me que na blogosfera gravitam pessoas que num continuum de narcisismo - comunicação, ocupam provavelmente todo o espectro. Ontem passei por um blog que tinha um contador diferente dos outros - é de origem francófona e, por mero divertimento ou curiosidade, instalei-o.
Estou impressionada: em menos de 24 horas, 143 entradas, sendo que o meu blog, de tão eclético, que praticamente tem por função principal preencher o vazio de um trabalho muito intenso, dolorosamente solitário e sistemático a que a redacção de uma tese de doutoramento obriga, será dos menos procurados, acho eu, tendo em conta que, como verifiquei há minutos, o blog do meu amigo João Pinto e Castro, provavelmente um dos mais populares blogs portugueses, deteve hoje uma "clientela" de 300 leitores, o que representa mais do dobro dos "meus"; isto é, eu estarei no percentil inferior e ele no percentil superior. Não admira: afinal de contas, ele que é doutorado em marketing, há-de perceber melhor que eu como se conquista uma audiência e deve fazê-lo de forma mais intencional. Na realidade, como referi no início do blog, o meu resultou mais da necessidade de contribuir para uma contra-corrente do movimento de desacreditação de professores que se gerou em torno da actual equipa governativa e da sua clientela política, que tão bom serviço lhe prestou. Até que as coisas azedaram. Mas aqui já entramos na área económica, que é aquela parte dos jornais que me desperta menos curiosidade, a mim, que comecei (mas nunca acabei, sou franca) por um curso de Economia...
A investigação refere que é difícil descrever o que se passa numa aula, que é difícil falar das práticas, do que é o dia-a-dia de um professor, do que é reflectir sobre a condição docente. Aliás, a própria investigação sobre a reflexividade docente é confusa em matéria de modelos e de categorizações. Para tentar perceber melhor este conceito de reflexividade docente, é necessário escrever e confrontar essa escrita com os vários modelos que a investigação propõe.
Institucionalmente, em contextos de formação, a reflexão docente tende a assumir um carácter mais técnico e evita percursos interpretativos e controversos da prática pedagógica.
Os professores reflexivos tendem a equacionar o significado e as consequências da sua prática, mas só o fazem com alguma sinceridade em contextos em que não estão a ser objecto de avaliação, porque uma prática reflexiva implica contar “toda a história”, incluindo as dúvidas e questionamentos que a própria formação nos suscita.
Por outro lado, o blog tem limitações no que diz respeito ao pensamento dialógico, porque isso implicaria da parte de quem nos lê um posicionamento de "amigo crítico", que é uma tarefa árdua, militante, sistemática dos nossos interlocutores privilegiados, que são os que se ocupam no mesmo mester.
Então, o que pretendemos quando fazemos um blog? Alguns terão uma ideia muito clara, outros, como eu, nem tanto. Ou, pelo menos, reconhecemos que um blog não chega, realmente para chegar onde pensamos que pretendemos chegar: a ter alguém que nos "louça" - aquele que nos ouve lendo e nos dê algum feedback. Paradoxos. Contradições. Até porque a resposta pronta da Ritinha ao meu retalho de hoje foi uma agradável surpresa.

2 comentários:

Miguel Pinto disse...

"A blogosfera como práxis reflexiva". Pode ser? Está aqui: http://www.asa.pt/CE/ :)

Paideia disse...

Penso que sim, Miguel. Na realidade, escrevi um capítulo sobre reflexividade docente para a minha tese de doutoramento, que me levou três meses a fazer, entre a investigação e a escrita. Acabei por não o incluir e optar pelo conceito de pensamento crítico dialógico; esse sim, pareceu-me mais fácil de operacionalizar. Já fui ao link e já te "conheci".
Até breve.