Uma espécie de complexo de Peter Pan (1)
Recolhi aleatoriamente algumas reacções à notícia da publicação do novo estatuto do aluno, em fóruns publicados na imprensa:
"Tirando o facto da convocatoria dos conselhos de turma....não acrescentou nada de novo ao que já existia!!! Dá a ideia que está realmente a pensar nisso...mas de facto estamos condenados à hipocrisia de uma "senhora" que nada se importa com o que acontece nas escolas!!!! É triste..."
Ideia básica desta intervenção: a de que não há nada de novo. Nada de novo, como? Se os procedimentos são aligeirados correspondendo à maior crítica, embora não totalmente justa, que era feita ao anterior documento legal, a grande novidade seria um código anti-democrático. Mas isso não pode ser, não é? A democracia não é um regime perfeito, mas é, apesar de tudo, o melhor de todos, não?
"Espero que tenham tido em atenção o código de procedimento administrativo para que as escolas não tenham dificuldades em aplicar o novo estatuto ou estejam a fazer coisas que podem ser facilmente contestadas se houver recurso por parte dos Encarregados de Educação."
Nesta observação, a ideia base é saber se as escolas vão ou não fazer bom uso da autonomia a que têm direito. Mia uma vez, a questão de fundo que aqui se põe é a do exercício da democracia: ou entendemos que somos capazes, ou ficamos à espera de um ditador que nos diga o que havemos de fazer. Não podemos estar constantemente a dizer que estamos assim por causa dos 48 anos anos. É que, entretanto, já passaram mais de trinta, que já davam para termos crescido um bocadinho como povo. Afinal, parece que só deixámos de ir à praia com o garrafão de cinco litros e a manta, para passarmos a ir com o bólide; substitímos o escarro na areia pelo cocó do cão. E continuamos sem saber se queremos crescer ou não.
"Espectacular esta cena dum gajo poder baldar-se bué e fazer exame no fim do ano. Este Sócrates é mesmo um gajo bué da cool. Simplex em tudo. "
Ora aqui está o suprassumo da criatividade do botábaixo (o neologismo popular é para condizer com o tom da crítica): partir do princípio de que fazer um exame é algo de extremamente fácil, preferível a frequentar as aulas. Nenhum adulto que minimamente se preze e tenha a consciência do seu papel social enquanto adulto haveria de se permitir deixar passar uma mensagem destas.
"Tive, enquanto Directora de Turma, um aluno que tinha elevado número de faltas de presença e disciplinares. Fiz o que me competia e já então previsto na lei. cartas registadas, telefonemas, recados na caderneta do aluno. Nunca consegui que o Enc. de Ed. viesse à escola. estava a desesperar. Numa aula o aluno recebeu uma mensagem e o seu telemóvel(que já na altura era melhor do que o meu...) tocou. Foi a minha oportunidade. retirei-lhe o telemóvel e informei que só o teria de volta na presença do seu Enc. Educ. No dia seguinte lá estava! É apenas um exemplo para vermos quais são as verdadeiras prioridades de alguns pais. Se cada DT viesse aqui relatar um a experiência deste género a população ficaria abismada com o que as escolas têm de aturar... Mas agora até exames eles vão fazer (mais trabalho para o operário/professor) porque não podem chumbar. Então que vão às aulas e cumpram os seus deveres!! "
Esta mensagem tem muitos eixos de interpretação mas, no essencial, a única crítica implícita é aos exames para os alunos faltosos. Não apresenta qualquer alternativa.
"Ai o documento prevê uma maior responsabilização dos encarregados de educação no dever de assiduidae dos alunos???? Deixa-me rir!!!!!!! E quem vai responsabilizá-los???? No outro dia telefonei para um por causa do seu menino que está na escola e resiste a ser conduzido à sala de aula e ouvi o CAMELO responder-me que EU é que tinha a responsabilidade de o (o menino dele) pôr na sala de aula e que ele, pai, estva trabalhando e não tinha nada que ser incomodado com essas questões - está-se mesmo a ver a quem a peça sai!!!!!!!!! Entrtetanto o menino bate em toda a gente!!!!! E vou eu sujeitar-me a ser enxovalhada e apanhar uma carga??? O tanas é que vou!!!!! Estou-me borrifando para que o menino não vá às aulas, só lamento que lhe continuem a dar de comer na cantina com o dinheiro DOS MEUS IMPOSTOS, asim como os livros, o material escolar e ...pagar o passe do autocarro!!!!!!!! Isto é que é lamentável!!!!! "
Mensagem com múltiplas hipóteses de leitura, tal como a anterior. Desta, o que eu gostaria de salientar é o seguinte: de facto, os instrumentos existem, o que frequentemente acontece é que não os utilizamos devidamente, ou nem sequer os utilizamos. Neste caso concreto, se o aluno falta às aulas, porque se lhe dá de comer no refeitório?!? Se bate em toda a gente, porque não é castigado?!?
Recolhi aleatoriamente algumas reacções à notícia da publicação do novo estatuto do aluno, em fóruns publicados na imprensa:
"Tirando o facto da convocatoria dos conselhos de turma....não acrescentou nada de novo ao que já existia!!! Dá a ideia que está realmente a pensar nisso...mas de facto estamos condenados à hipocrisia de uma "senhora" que nada se importa com o que acontece nas escolas!!!! É triste..."
Ideia básica desta intervenção: a de que não há nada de novo. Nada de novo, como? Se os procedimentos são aligeirados correspondendo à maior crítica, embora não totalmente justa, que era feita ao anterior documento legal, a grande novidade seria um código anti-democrático. Mas isso não pode ser, não é? A democracia não é um regime perfeito, mas é, apesar de tudo, o melhor de todos, não?
"Espero que tenham tido em atenção o código de procedimento administrativo para que as escolas não tenham dificuldades em aplicar o novo estatuto ou estejam a fazer coisas que podem ser facilmente contestadas se houver recurso por parte dos Encarregados de Educação."
Nesta observação, a ideia base é saber se as escolas vão ou não fazer bom uso da autonomia a que têm direito. Mia uma vez, a questão de fundo que aqui se põe é a do exercício da democracia: ou entendemos que somos capazes, ou ficamos à espera de um ditador que nos diga o que havemos de fazer. Não podemos estar constantemente a dizer que estamos assim por causa dos 48 anos anos. É que, entretanto, já passaram mais de trinta, que já davam para termos crescido um bocadinho como povo. Afinal, parece que só deixámos de ir à praia com o garrafão de cinco litros e a manta, para passarmos a ir com o bólide; substitímos o escarro na areia pelo cocó do cão. E continuamos sem saber se queremos crescer ou não.
"Espectacular esta cena dum gajo poder baldar-se bué e fazer exame no fim do ano. Este Sócrates é mesmo um gajo bué da cool. Simplex em tudo. "
Ora aqui está o suprassumo da criatividade do botábaixo (o neologismo popular é para condizer com o tom da crítica): partir do princípio de que fazer um exame é algo de extremamente fácil, preferível a frequentar as aulas. Nenhum adulto que minimamente se preze e tenha a consciência do seu papel social enquanto adulto haveria de se permitir deixar passar uma mensagem destas.
"Tive, enquanto Directora de Turma, um aluno que tinha elevado número de faltas de presença e disciplinares. Fiz o que me competia e já então previsto na lei. cartas registadas, telefonemas, recados na caderneta do aluno. Nunca consegui que o Enc. de Ed. viesse à escola. estava a desesperar. Numa aula o aluno recebeu uma mensagem e o seu telemóvel(que já na altura era melhor do que o meu...) tocou. Foi a minha oportunidade. retirei-lhe o telemóvel e informei que só o teria de volta na presença do seu Enc. Educ. No dia seguinte lá estava! É apenas um exemplo para vermos quais são as verdadeiras prioridades de alguns pais. Se cada DT viesse aqui relatar um a experiência deste género a população ficaria abismada com o que as escolas têm de aturar... Mas agora até exames eles vão fazer (mais trabalho para o operário/professor) porque não podem chumbar. Então que vão às aulas e cumpram os seus deveres!! "
Esta mensagem tem muitos eixos de interpretação mas, no essencial, a única crítica implícita é aos exames para os alunos faltosos. Não apresenta qualquer alternativa.
"Ai o documento prevê uma maior responsabilização dos encarregados de educação no dever de assiduidae dos alunos???? Deixa-me rir!!!!!!! E quem vai responsabilizá-los???? No outro dia telefonei para um por causa do seu menino que está na escola e resiste a ser conduzido à sala de aula e ouvi o CAMELO responder-me que EU é que tinha a responsabilidade de o (o menino dele) pôr na sala de aula e que ele, pai, estva trabalhando e não tinha nada que ser incomodado com essas questões - está-se mesmo a ver a quem a peça sai!!!!!!!!! Entrtetanto o menino bate em toda a gente!!!!! E vou eu sujeitar-me a ser enxovalhada e apanhar uma carga??? O tanas é que vou!!!!! Estou-me borrifando para que o menino não vá às aulas, só lamento que lhe continuem a dar de comer na cantina com o dinheiro DOS MEUS IMPOSTOS, asim como os livros, o material escolar e ...pagar o passe do autocarro!!!!!!!! Isto é que é lamentável!!!!! "
Mensagem com múltiplas hipóteses de leitura, tal como a anterior. Desta, o que eu gostaria de salientar é o seguinte: de facto, os instrumentos existem, o que frequentemente acontece é que não os utilizamos devidamente, ou nem sequer os utilizamos. Neste caso concreto, se o aluno falta às aulas, porque se lhe dá de comer no refeitório?!? Se bate em toda a gente, porque não é castigado?!?
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