terça-feira, abril 10, 2007


Ensinar para o pensamento crítico

Oito maneiras de falhar mesmo antes de começar.



  • Há docentes que acreditam que nada têm a aprender com os alunos em matéria de pensamento crítico

Ora, esta é justamente uma das áreas em que o professor tem de estar receptivo a novas ideias.



  • Há professores que pensam que pensar criticamente só cabe ao professor,

quando a melhor forma de desenvolver tal competência nos estudantes é justamente estimular neles a disposição para pensar criticamente.




  • A terceira falácia é a do “programa correcto” para o pensamento crítico.

Ora, justamente como Sternberg argumenta, tudo depende dos conteúdos e objectivos e do contexto ou cultura em que o pensamento dos estudantes se situa.



  • Um quarto equívoco é o de que um programa correcto é feito de escolhas binárias,

quando o que habitualmente é mais eficaz é justamente a combinação de estratégias. Nada há de mais anti-crítico - e isso vê-se nas mensagens que tenho trocado com outros professores-bloguistas - do que pensar binariamente, do género: ou és pelos sindicatos, ou és "amarela".



  • O quinto erro, prende-se com o anterior: "o importante é a resposta certa",

quando, na realidade, o importante é o todo o processo de reflexão que conduz à resposta que, em princípio, é construída colectivamente.



  • O sexto problema: a discussão é um meio para atingir um fim,

Este problema está associado ao da "importância da resposta certa"; ora, na verdade, o pensamento crítico pode muito bem ser um fim em si próprio.



  • O sétimo equívoco: o conceito da aprendizagem para a mestria impõe um limite ao “bom pensamento”,

quando esta competência está sempre sujeita a melhoria.



  • O oitavo e último erro é o de que, na maioria das situações, é o professor que coloca os problemas,

e mostra aos alunos como colocá-los, e como resolvê-los e dá depois problemas idênticos para o aluno resolver, tipo treinar e aplicar.


O pensamento crítico deve ser ensinado como uma disciplina autónoma? Não me parece; mas deve estar expressamento contemplado nos currículos como competência transversal.


À boa maneira socrática, o professor deve questionar as ideias dos estudantes, facilitar o desenvolvimento de hipóteses, a interpretação de informações e dados, a enunciação de critérios que ajudem os estudantes a compreender os processos de formulação de juízos, para aplicarem tais princípios a situações novas, de forma a entenderem o leque de hipóteses ou justificações para dados, premissas ou situações alternativas.

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