quinta-feira, abril 26, 2007

Era segunda-feira, dia de mercado, naquele dia de 26 de Abril de 1937.
A rua estava pejada de gente nas ruelas de Guernica. Às quatro e meia da tarde, os sinos das igrejas tocaram a rebate e, cinco minutos mais tarde, surgiu o primeiro avião, lançando bombas e granadas. Foi um inferno de quatro horas e de quarenta e dois aviões da Legião Condor (alemã) e da Aviação Legionária (italiana), que deixaram a cidade mártir em chamas e um número de vítimas ainda por determinar.
Setenta anos depois, Guernica é hoje a capital da paz, onde se reúnem todos os presidentes de câmara das cidades bombardeadas durante a II guerra mundial: Desdre, na Alemanha, Estalinegrado, na Rússia, Hiroshima, no Japão, Hamburgo, na Alemanha, Pforzheim, na Alemanha, Volgogrado, na Rússia e Varsóvia, na Polónia.
Ao meio-dia, na Casa de Juntas, foi lido o manifesto Guernica pela paz, que afirma o primado do diálogo e da diplomacia na resolução de conflitos, no País Basco e em todo o mundo. À leitura seguiu-se um minuto de silêncio pelas vítimas.
O grande ausente da comemoração foi, naturalmente, o quadro de Picasso, que o povo basco reclama para a sua terra; em seu lugar, foram expostos alguns dos estudos que o pintor realizou para esse quadro, que ilustram o seu processo de criação e de decisão e constituem uma espécie de via-sacra para a força extraordinária e monumental da sua obra-prima. Revi-o o ano passado no Rainha Sofia na exposição Picasso, tradição e vanguarda com a mesma emoção com que, pela primeira vez o visitei, nos idos de 80, quando, finalmente os Estados Unidos o devolveram a Espanha, no seguimento da restauração da democracia.

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