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quinta-feira, agosto 16, 2007



Efemérides
Passa hoje o 140º. aniversário de António Nobre, que nasceu no Porto a 16 de Agosto de 1867. Aqui realiza os seus primeiros estudos, que continua em Coimbra, com pouca convicção e proveito.

Em 1890, já em Paris, vê editado o seu livro "Só", a única obra que publica em vida.





Virgens que passais...


Virgens que passais, ao Sol-poente,
Pelas estradas ermas, a cantar!
Eu quero ouvir uma canção ardente,
Que me transporte ao meu perdido lar.

Cantai-me, nessa voz omnipotente,
O sol que tomba, aureolando o Mar
A fartura da seara reluzente,
O vinho, a graça, a formosura, o luar!

Cantai! Cantai as límpidas cantigas!
Das ruínas do meu lar desaterrai
Todas aquelas ilusões antigas

Que eu vi morrer num sonho, como um ai....
Ó suaves e frescas raparigas,
adormecei-me nessa voz...cantai !

domingo, julho 08, 2007

Vasco da Gama

A 8 de Julho de 1497, dia de Nossa Senhora, Vasco da Gama, o grande navegador alentejano, zarpa, Tejo fora, para fazer a primeira viagem marítima entre a Europa e a Índia, ao comando da frota S. Gabriel, S. Rafael e Bérrio.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.


Manuel de Arriaga
O primeiro Presidente da República Portuguesa, nasceu a 8 de Julho de 1840.

segunda-feira, julho 02, 2007

Rumo ao infinito

A 2 de Julho de 2004, Sophia de Mello Breyner Andresen parte deste mundo. Para ela a poesia era...


a minha explicação com o universo, a minha convivência com as coisas,
a minha participação no real, o meu encontro com as vozes e as imagens.
Por isso o poema não fala duma vida ideal mas duma vida concreta:
ângulo da janela, ressonância das ruas, das cidades e dos quartos, sombra
dos muros, aparição dos rostos, silêncio, distância e brilho das estrelas,
respiração da noite, perfume da tília e do orégão.
E da madressilva, da hortelã, da alfazema, da lúcia-lima...

sábado, junho 30, 2007

Bem recordar

Francisco Costa Gomes

Nasceu em Chaves a 30 de Junho de 1914, tendo falecido em 31 de Julho de 2001.

Filho de António José Gomes e de Idalina Júlia Moreira da Costa. Seus pais eram de origem camponesa com posses medianas. O pai, capitão do Exército, morre quando o filho tinha apenas 7 anos.

Casou com Estela da Costa Gomes em 1952. Do seu casamento tem apenas um filho.

(informação retirada do portal da presidência da república)

sexta-feira, junho 29, 2007


Bem lembrar

Elizabeth Barrett Browning foi uma poetisa inglesa do Século XIX, que faleceu a 29 de Junho de 1861, em Florença.
Era senhora de uma grande erudição, dominava vários idiomas, como o grego, o latim, o italiano, e os seus biógrafos consideram-na uma pessoa genial. Educada em casa, a sua escrita revela extensas leituras, de Shakespeare a John Milton, mesmo ainda antes de ter completado dez anos. Apesar do sofrimento físico que acompanhou toda a sua existência, continuou os seus estudos, do hebraico ao grego clássico.
Dedicou os seus Sonnets from the Portuguese ao seu marido; estes sonetos estão entre os seus melhores escritos.



Um dos seus sonetos:

SONNET #43, FROM THE PORTUGUESE

How do I love thee? Let me count the ways.
I love thee to the depth and breadth and height
My soul can reach, when feeling out of sight
For the ends of Being and ideal Grace.
I love thee to the level of everyday's
Most quiet need, by sun and candle-light.
I love thee freely, as men strive for Right;
I love thee purely, as they turn from Praise.
I love thee with the passion put to use
In my old griefs, and with my childhood's faith.
I love thee with a love I seemed to lose
With my lost saints!---I love thee with the breath,
Smiles, tears, of all my life!---and, if God choose,
I shall but love thee better after death.

Este soneto é tão incrivelmente belo que qualquer tradução incorre no pecado da traição. Os primeiros versos:

Deixa-me pensar
Nas muitas formas que tenho
De te amar
Amo-te de todas as formas
que a minha alma é capaz de conceber...

quarta-feira, junho 27, 2007


Bem dizer, bem recordar

No aniversário da morte do General Sousa Dias


O General Sousa Dias morreu degredado em Cabo Verde, no dia 27 de Junho de 1934.

Liderou a revolta de 03 de Fevereiro de 1927 contra a ditadura militar do 28 de Maio de 1926.

O processo deste destacado e intrépido militar republicano ainda não foi localizado pelo Arquivo Histórico Militar, o que tem dificultado a investigação que levará à publicação de uma biografia sua, não sendo de excluir a hipótese da sua destruição pela ditadura militar.
O fracasso das revoltas que chefiou contra a ditadura resultou na sua demissão de Oficial do Exército e posterior deportação para Cabo Verde, onde viria a falecer em 1934.
Figura destacada da sua época, o valente general é considerado um bom exemplo "das mais altas virtudes morais que a nobre profissão de soldado exige, com toda a abnegação, verticalidade, aprumo e absoluta intransigência no cumprimento dos princípios que jurara defender, sem olhar a sacrifícios ou perigos", conforme assinala oDecreto‑lei n º 232/77, de 2 de Junho, que acrescenta:
"Julga‑se que a vida exemplar e trágica deste oficial, que tanto deu de si próprio em proveito do povo, bem merece um gesto de reconhecimento de Portugal de hoje, finalmente livre”. Leia mais sobre a sua história.

quinta-feira, junho 21, 2007

E pur se muove

O Tribunal do Santo Ofício condenou Galileu em 21 de Junho de 1633 por heresia, por ter defendido a teoria heliocêntrica, considerada errónea, segundo as escrituras. Galileu foi condenado a abjurar publicamente as suas ideias e ouviu uma sentença particularmente severa de prisão perpétua que, seis meses depois, foi comutada em prisão domiciliária.

sábado, junho 16, 2007

David Mourão Ferreira

No dia 16 de Junho de 1996 faleceu o professor-escritor David Mourão-Ferreira. A memória mais vívida que tenho do Professor é a de um recontro, no hall da esquerda da Faculdade de Letras de Lisboa, entre os, na maioria, as estudantes da Faculdade e os chamados gorilas, em que ele se interpôs entre uns e outros. Nesse dia, apreciei a sua determinação, e coragem física. À mais pequena precipitação, de uns ou de outros, o primeiro a apanhar seria sempre ele, como aconteceu dias depois com o Professor Lindley Cintra.

De David Mourão Ferreira:


Abandono


Por teu livre pensamento
Foram-te longe encerrar

Tão longe que o meu lamento
Não te consegue alcançar

E apenas ouves o vento
E apenas ouves o mar

Levaram-te a meio da noite
A treva tudo cobria

Foi de noite numa noite
De todas a mais sombria

Foi de noite, foi de noite
E nunca mais se fez dia.


Ai! Dessa noite o veneno
Persiste em me envenenar

Oiço apenas o silêncio
Que ficou em teu lugar

E ao menos ouves o vento
E ao menos ouves o mar.

quinta-feira, maio 31, 2007

Efemérides

Walt Whitman, o poeta mais influente e inovador dos Estados Unidos, nasceu em Nova York em 31 de Maio de 1819. O poema que hoje aqui traduzo algo livremente,“When I Heard at the Close of the Day”, é uma espécie de soneto em verso livre; apesar de, formalmente, não ter catorze versos em pentâmetro jâmbico, tem um lirismo muito próximo do do soneto. As cenas da "lua cheia" e da "praia" são metáforas de relações pessoais e amorosas, em que o ritmo do verso traduz o movimento das ondas. A referência aos "aplausos do Capitólio" são uma provável menção à crítica favorável ao seu Leaves of Grass, em 1856. Aqui vai a minha leitura, que me perdoem os puristas.

Quando ouvi, ao final do dia

Quando ouvi, ao final do dia, ecos de aplausos
ao meu nome, no Capitólio,
ainda assim não foi
feliz para mim, a noite que se seguiu;
E quando festejei ou quando os realizei os meus planos
mesmo assim, não fui feliz;
Só mais tarde, no dia em que me ergui, matinal e saudável
E inalei , renovado e cantando, o hálito maduro do Outono
Quando a lua cheia, a oeste, empalideceu e se desvaneceu à
luz da manhã,
Quando vagueei nu e me banhei na praia,
rindo com as águas frias, ao nascer do sol,
Quando pensei no meu querido amigo, o meu amado,
Quase a chegar,
Oh, então senti-me feliz;
Então, cada fôlego foi mais doce,
Cada pão mais suculento
Com a beleza do dia que passou
E o seguinte chegou com igual alegria –
e com o próximo,
pelo fim da tarde, o meu amigo;
Naquela noite, quanto tudo estava calmo,
ouvi o marulhar contínuo das águas
lentas sobre as margens,
Ouvi o seu sussurro nas areias,
como que ecoando o meu júbilo
Porque o meu amado repousava comigo sob a mesma
Colcha nocturna e fria
Na placidez do luar de outono, seu rosto inclinado
sobre mim,
Seu braço pousando-me leve sobre o peito,
– naquela noite, sim
eu fui feliz.

(agora, é só ler a poesia com a minha música favorita, aqui à esquerda)

sábado, abril 28, 2007

Para que não falte uma letra em Abril...
A minha alma está presa à liberdade.

quinta-feira, abril 26, 2007

Era segunda-feira, dia de mercado, naquele dia de 26 de Abril de 1937.
A rua estava pejada de gente nas ruelas de Guernica. Às quatro e meia da tarde, os sinos das igrejas tocaram a rebate e, cinco minutos mais tarde, surgiu o primeiro avião, lançando bombas e granadas. Foi um inferno de quatro horas e de quarenta e dois aviões da Legião Condor (alemã) e da Aviação Legionária (italiana), que deixaram a cidade mártir em chamas e um número de vítimas ainda por determinar.
Setenta anos depois, Guernica é hoje a capital da paz, onde se reúnem todos os presidentes de câmara das cidades bombardeadas durante a II guerra mundial: Desdre, na Alemanha, Estalinegrado, na Rússia, Hiroshima, no Japão, Hamburgo, na Alemanha, Pforzheim, na Alemanha, Volgogrado, na Rússia e Varsóvia, na Polónia.
Ao meio-dia, na Casa de Juntas, foi lido o manifesto Guernica pela paz, que afirma o primado do diálogo e da diplomacia na resolução de conflitos, no País Basco e em todo o mundo. À leitura seguiu-se um minuto de silêncio pelas vítimas.
O grande ausente da comemoração foi, naturalmente, o quadro de Picasso, que o povo basco reclama para a sua terra; em seu lugar, foram expostos alguns dos estudos que o pintor realizou para esse quadro, que ilustram o seu processo de criação e de decisão e constituem uma espécie de via-sacra para a força extraordinária e monumental da sua obra-prima. Revi-o o ano passado no Rainha Sofia na exposição Picasso, tradição e vanguarda com a mesma emoção com que, pela primeira vez o visitei, nos idos de 80, quando, finalmente os Estados Unidos o devolveram a Espanha, no seguimento da restauração da democracia.

quarta-feira, abril 25, 2007

Comemorações do 25 de Abril da Assembleia da República

Gostei:

  • Dos arranjos de flores.
  • De ver duas mulheres a representar os respectivos partidos: a representante do Bloco de Esquerda, cujo nome não me ocorre, e Maria de Belém, representante do Partido Socialista.
  • De ver um dos companheiros de juventude, Emanuel, à esquerda do Primeiro Ministro: a radicalidade da juventude desenvolveu adultos amadurecidos, críticos, interventivos, construtivos. Não fomos uma geração perdida. Emanuel, no seu eterno sorriso de rapazinho tímido, tal como quando tinha 20 anos.
  • De ouvir o representante do Bloco de Esquerda afirmar que nos faz falta a insubmissão e uma agenda de modernidade. Aqui está uma agenda que me agrada: a insubmissão é filosoficamente socrática, interrogativa, questionadora, especulativa e criativa. Tem, porém, custos elevados.
  • De ver outro companheiro de juventude, Fernando Rosas, a rir-se do discurso do CDS. Só gostava de lhe ter ouvido a acrimónia dos comentátios que acompanharam o riso irónico...
  • De ouvir o discurso do Senhor Presidente da República, todo virado para a juventude. E de o ouvir terminar dizendo: "Em nome de Portugal não se resignem". Custa-me a acreditar que esteja a escrever estas palavras sobre Cavaco Silva. Na verdade, conheci-o pessoalmente na Universidade Católica, no final dos anos 90, durante o meu mestrado. A nossa turma tinha as aulas de Sábado no edifício de Economia e cruzávamo-nos todos os Sábados com os "homens do dinheiro". O Professor-avô metia conversa connosco e eu, de resposta sempre pronta, dizia-lhe que éramos os "parentes pobres da Educação". Um sorriso doce, tímido, uma figura afável que desmontou a imagem que eu havia construído de uma pessoa algo hirta e inflexível que devorava fatias de bolo-rei.

Não gostei ou não percebi:

  • Da referência do PSD à claustrofobia democrática. Não sei, de facto, a que, concretamente se refere. Será um chavão? Uma metáfora da democracia madeirense? É verdade que a comunicação social está cada vez mais dominada pelas grandes empresas e que dificilmente um grupo de cidadãos poderia manter uma revista como o antigo O Tempo e o Modo. Mas esta questão não é específica deste Governo, pois não? Ou o PSD entenderá que só ele tem a prerrogativa de pretender controlar os orgãos de comunicação social?
  • De ouvir Sophia de Mello Breyner citada pelo deputado do PSD/PPD. Não me soou bem, não teve aquela sonoridade essencial e a inteireza da sua poesia. Para mim, Sophia é a mulher que esteve na comissão que foi libertar os presos de Caxias, acompanhada do seu, creio que ainda marido, Francisco Sousa Tavares. E dos que eu vi sair de Caxias, não me lembro de nenhum que tenha vindo a integrar o então PSD. Eu sei que a democracia é de todos e não apenas dos que por ela lutaram de forma activa, mas não encham a boca com versos de Sophia, como se fossem farturas da Malveira. Ou, pelo menos, não esta versão do PSD.
  • Porque é que o cidadão brasileiro escolheu a comemoração para expressar o seu descontentamento, parece-me que contra a política de imigração portuguesa. Faz-me lembrar quando, no final dos anos 70, vi a minha mãe abrir as portas de sua casa, nos Estados Unidos, a estudantes iranianos que carregavam a bússola nos seus camuflados, para orarem a Maomé na direcção certa; estudavam nas Universidades americanas, à conta do erário público dos americanos e criticavam tudo quanto era cultura e mentalidade americanas e/ou ocidentais. E não gostei porque pensei que abusavam da hospitalidade de uma portuguesa na América que abria as suas portas aos colegas do filho, estudante numa universidade americana, das mais multiculturais, a de North Carolina. Pensei de mim para mim: isto é que é alimentar uma víbora no próprio seio. Sim, ainda por cima porque, naquela casa, lhes era posto à mesa tudo quanto era bom, na proverbial tradição de hospitalidade da nossa família. Mais tarde, foi o que se viu.

sábado, abril 21, 2007

Em 21 de Abril de 1910

Mark Twain parte deste mundo em Stormfield, aos 74 anos de idade. Um dia afirmou: “Vim com o cometa Halley, espero partir com ele”.
Este ano voltei às aventuras de Tom Sawyer que recriei noutros suportes de trabalho e fiquei surpreendida com a sua actualidade e poder de sedução junto dos miúdos. Muitos já conheciam a história, alguns através dos desenhos animados. O meu aspie de estimação confidenciou-me, de olhos brilhantes, que a mãe lha contou inúmeras vezes quando ela era mais pequeno.
No seu prefácio para as Aventuras, em 1876, Mark Twain regista que a maioria dos episódios do livro se baseiam em situações autênticas. Huckleberry Finn e Tom Sawyer retratam pessoas autênticas, companheiros seus de meninice, escola e juventude e combinam características de três deles.
As situações, as personagens, os ambientes são retratos vívidos do Oeste americano naquele período histórico.
Afirma ainda que, e passo a citar: “estas histórias foram escritas para entretenimento dos jovens, mas estou em crer que os adultos também as vão apreciar, uma vez que procurei retratar de forma agradável os adultos da época da minha meninice, a forma como pensavam, como se exprimiam e as façanhas esquisitas em que, por vezes, se envolviam"(HARTFORD, 1876.
Um pensamento seu:
“Dentro de vinte anos estarás mais arrependido do que não chegaste a fazer do que daquilo que fizeste. Solta as amarras, abandona o teu porto seguro, apanha o vento nas velas, explora, sonha, descobre.”
Um bom mote para quem lida com jovens.
Mark Twain, actual e imortal.

A imagem é uma ilustração de True W. Williams para a primeira edição das Aventuras de Tom Sawyer.