Ainda muito jovem, quando entrei para a Função Pública, tive de declarar, por minha honra, e em papel azul de vinte e cinco linhas, que não era comunista e que era a favor da situação política vigente. As minhas tias mandaram e eu, já a contragosto, obedeci. Para ter um emprego e continuar a estudar, precisei de o fazer e fi-lo como muitos. Era órfã de pai (e de mãe viva), não tinha quem me sustentasse e precisava de ganhar a vida. Fiquei assim numa lista branca, embora, aparentemente por pouco tempo, mas nada se provava contra mim. Aos dezoito anos já era chamada a prestar declarações à PIDE sobre as minhas actividades cooperativistas.
Aos vinte, a cooperativa que dirigia foi encerrada, após a publicação do DL 511, como muitas outras, tais como a LIVRELCO, a VIS, a DEVIR, a PRAGMA, a ALVES REDOL, a PROELIUM..., por "actividade contrária à ordem social estabelecida".
Antes de ser encerrada, realizou-se na minha cooperativa uma reunião de cooperativistas, presidida pelo Dr. Roque Laia, um advogado de provecta idade e de espírito combatente e jovem, secretariada por Teotónio Pereira, da Pragma, e por mim.
Estão a surgir novas listas brancas? E pretas?
Paul McCartney escreveu:
Ebony and Ivory
Live together in perfect harmony
Side by side on my piano keyboard
Oh Lord, why don't we ?
We all know that people are the same
wherever you go
There's good and bad in everyone
We learn to live, we learn to give each other
What we need to survive
Together alive
Enquanto houver listas brancas, eu vou tomar a iniciativa de estar nas outras.
sexta-feira, junho 01, 2007
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