Professores
Matilde Rosa Araújo nasceu em Lisboa em 20 de Junho de 1921. Licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Foi professora do Ensino Técnico Profissional, professora do primeiro Curso de Literatura para a Infância em Lisboa exerceu na cidade do Porto.
Escreveu livros de contos e de poesia, tanto para adultos, como, e principalmente, para crianças.
Dava grande importância à literatura como instrumento pedagógico e cívico.
Recebeu os vários prémios de Literatura para a Infância, designadamente, o Grande Prémio de Literatura para Crianças, da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1980, o prémio da Associação de Críticos de Arte de S. Paulo pelo seu livro O Palhaço Verde, em 1991, o prémio para o melhor livro para a Infância publicado no biénio 1994-1995, pelo livro de poemas Fadas Verdes, da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1996, entre outros.
Um breve excerto:
" Eu tinha começado a ensinar. Era muito nova então. Quase tão nova como as meninas que eu ensinava.
E tive um grande desgosto. Se recordar tudo quanto tenho vivido (já há mais de vinte anos que ensino), sei que foi o maior desgosto da minha vida de professora. Vida que muitas alegrias me tem dado. Mais alegrias que tristezas.
Se vos conto este desgosto tão grande, não é para vos entristecer. Mas para vos ajudar a compreender, como só então eu pude compreender, o valor da vida. O amor da vida. O valor de um gesto de amor. O seu «preço», que dinheiro algum consegue comprar.
Eu ensinava numa escola velha, escura. Cheia do barulho da rua, dos «eléctricos» que passavam pelas calhas metálicas. Dos carros que continuamente subiam e desciam a calçada. Até das carroças com os seus pacientes cavalos.
A escola era muito triste. Feia. Mas eu entrava nela, ou digo antas, em cada aula, e todo o sol estava lá dentro. Porque via aqueles rostos, trinta meninas, olhando para mim, esperando que as ensinasse.
O Quê? Português, Francês. Hoje sei, acima de Tudo, o amor da vida. Com toda a minha inexperiência. Com todos os meus erros. Porque um professor tem de aprender todos os dias. Tanto, quase tanto ou até muito mais que os alunos. (...)"
E tive um grande desgosto. Se recordar tudo quanto tenho vivido (já há mais de vinte anos que ensino), sei que foi o maior desgosto da minha vida de professora. Vida que muitas alegrias me tem dado. Mais alegrias que tristezas.
Se vos conto este desgosto tão grande, não é para vos entristecer. Mas para vos ajudar a compreender, como só então eu pude compreender, o valor da vida. O amor da vida. O valor de um gesto de amor. O seu «preço», que dinheiro algum consegue comprar.
Eu ensinava numa escola velha, escura. Cheia do barulho da rua, dos «eléctricos» que passavam pelas calhas metálicas. Dos carros que continuamente subiam e desciam a calçada. Até das carroças com os seus pacientes cavalos.
A escola era muito triste. Feia. Mas eu entrava nela, ou digo antas, em cada aula, e todo o sol estava lá dentro. Porque via aqueles rostos, trinta meninas, olhando para mim, esperando que as ensinasse.
O Quê? Português, Francês. Hoje sei, acima de Tudo, o amor da vida. Com toda a minha inexperiência. Com todos os meus erros. Porque um professor tem de aprender todos os dias. Tanto, quase tanto ou até muito mais que os alunos. (...)"
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