sábado, junho 16, 2007

Mais uma aula de substituição que correu mal...
Quando a funcionária se aproximou da professora, esta disse-lhe:
- Se é para fazer outra substituição naquela turma, prefiro que me marque falta: a minha saúde está primeiro.
A professora referia-se a uma turma do terceiro ciclo onde havia feito, dias antes, uma aula de substituição que, mais uma vez, havia corrido mal, mercê da falta de civismo a que aqueles alunos já nos habituaram, pois continuam incólumes.
Perto, observando o diálogo, estava uma outra professora com responsabilidades pedagógicas que comentou:
- Pois, se não se sente bem, o melhor é não aceitar fazer substituições.
Fiquei espantada com esta observação, já que ela implica que não são os alunos que têm de ter um comportamento adequado, mas os professores que têm de estar preparados para enfrentar alunos capazes das maiores diatribes.
Esta atitude constitui uma total inversão de valores: a Escola é um lugar de trabalho e de socialização, não é um cenário de guerra onde se espera que forças hostis se digladiem.

3 comentários:

Miguel Pinto disse...

O que vou dizer não encontra aconchego na investigação [?] mas resulta da minha percepção e da experiência vivida, durante um curto período de tempo, na gestão escolar: a falta de solidariedade entre as direcções executivas e os professores tem sido responsável pelos climas hostis relatados por muitos professores; o afastamento dos presidentes dos conselhos executivos das salas de aula é alienante como facilmente se depreende pela falta de acção em matérias sensíveis como é a (in)disciplina.

Paideia disse...

O que o caro Miguel acaba de escrever encontra todo um referencial de investigação no clima organizacional das Escolas; aliás, a investigação resulta sempre das perguntas, das incomodidades de quem investiga que, por sua vez, decorrem da nossa prática e das nossas percepções, não é?
A minha forma de investigação favorita é a investigação-acção.
Boa semana, Miguel.

Maria do Consultório disse...

Nem mais!
Os professores têm de reflectir, implementar e melhorar, mas os alunos, especialmente no 3º ciclo, têm que valorizar o trabalho dos outros em prol deles. Já passaram o período das operações concretas!
Gostei do blog