Então, até já... no second life
Às pessoas com alterações do espectro do autismo, designadamente com síndrome de Asperger, a Web oferece novas possibilidades de convívio.
A maioria de nós achará estranho que duas pessoas possam comunicar por escrito, enquanto os seus avatares acenam um ao outro, mas eu explico: sabendo que a comunicação escrita se processa de forma mais lenta e sem a linguagem não verbal que caracteriza a comunicação presencial, é justamente esta conversação entre avatares que pode tornar a comunicação via web tão interessante para uma pessoa com síndrome de asperger.
Na verdade, a panóplia e a falta de clareza das formas de comunicação não verbal é o aspecto mais difícil da comunicação para uma pessoa com síndrome de Asperger, para quem a linguagem corporal e as expressões faciais são muitas vezes confusas ou mesmo indecifráveis.
A comunicação no Second Life reduz os factores de ansiedade que dificultam tanto a vida das pessoas com síndrome de Asperger, particularmente nos aspectos interaccionais.
“Eu tenho muita dificuldade em decifrar as expressões faciais das pessoas e no second life a expressão surge um pouco exagerada, o que me facilita a interpretação”, afirma um gestor de projecto do Linden Labs.
Muitas pessoas com alterações do espectro do autismo, das mais ligeiras às mais severas, aderiram à comunicação pela Web e aos mundos virtuais, como forma de comunicarem, como é o caso da californiana Camille Clark que tem um blogue, o autism diva, no qual informa, esclarece e debate as características da sua condição de autista.
No seu blogue, Camille afirma que pode comunicar com outros, sem que estes se apercebam da sua condição, o que, para ela, é um alívio, na medida em que se expressa livremente, sem os condicionalismos da comunicação não verbal.
O Dr. Baron Cohen, investigador da Universidade de Cambridge no espectro do autismo, afirma que a comunicação através da Web confere algum controlo sobre a interacção, já que desacelera o processo de interacção social, o aspecto mais difícil da comunicação, numa pessoa com alterações do espectrro do autismo.
Em 2005, John Lester, investigador da Harvard Medical School criou no Second Life um espaço para autistas e outras pessoas com perturbações neurológicas, em que as pessoas se encontram e praticam as suas competências sociais, “sem consequências”, mas muitos dos participantes iniciais já se aventuraram a outros espaços do Second Life, onde exercitam a sua capacidade de conviver e de comunicar.
Há até utilizadores que adquirem animações de avatares para aprenderem a decifrar linguagem corporal.
Para além da dimensão terapêutica, o Second Life passou a ser, para estas pessoas, um espaço de organização e de troca de informação e de experiências.
Como afirma o investigador canadiano Mottron, a comunicação via Web quebra barreiras, vai além das questões da linguagem não verbal, nas quais as pessoas com alterações do espectro do autismo não estão particularmente interessadas, quando muitas delas, o que pretendem é trocar informação e discutir.
sábado, setembro 15, 2007
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1 comentário:
Olá Paideia,
O tema do autismo em Second Life tem sido amplamente abordado, pelo que me tem sido dado saber. Uma das referências, se não a mais antiga e credível, é a do avatar Tateru Nino, cuja informação pode pesquisar em http://slhistory.org/index.php/Tateru_Nino e no seu blog http://dwellonit.blogspot.com/
Espero que a dica ajude, e gostava muito de saber mais informações sobre as suas pesquisas.
Até breve, PalUP Ling
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