domingo, setembro 09, 2007

Uma questão de género...
Um estudo recente da Universidade de Cincinnati comprova que, apesar de os tempos serem de grande mudança nos padrões de vida social e das famílias, as atribuições familiares em matéria de género denunciam uma estabilidade desconcertante.
Num estudo sociológico conduzido pelo Prof. Maume, conclui-se que, sempre que uma criança necessita de assistência médica urgente, ou de ir ao médico, ou sempre que as rotinas diárias têm de ser alteradas, mercê designadamente, de um encerramento imprevisto da Escola, é a mãe que garante o acompanhamento da criança. O estudo conclui que, para os homens, a profissão está à frente das responsabilidades familiares, asseguradas maioritariamente pelas mulheres, que, em 77,7 por cento das situações, são as que asseguram o cuidado das crianças.
Envolvendo uma amostra de trabalhadores (e não de pais), o estudo garantiu algumas variáveis de controlo, tais como o número de crianças dependentes, o nível de escolaridade dos pais, os horários de trabalho, o rendimento anual dos sujeitos da amostra e do respectivo cônjuge, a existência de crianças em idade pré-escolar, as expectativas de promoção profissional e o número de anos de empresa dos inquiridos.
Considerando os efeitos dos controlos em primeiro lugar, os factores profissionais em segundo e, por último, os preditores demográficos e familiares, o estudo demonstra, sem qualquer margem para dúvida, que os papéis tradicionais se mantêm de forma persistente em matéria de cuidados dos mais novos, independentemente da tendência mais ou menos conservadora das famílias.
Neste estudo, verificou-se ainda que, quanto mais estável e duradoura é a situação profissional dos homens, maior é a possibilidade de serem eles a responder às situações de emergência estudadas.

Este estudo, baseado numa grande amostra e numa recolha de dados prolongada transforma em dados científicos uma realidade social evidente, com implicações directas nas carreiras profissionais, a exigir políticas de família e legislação laboral realistas.
Na verdade, no nosso país, esta realidade ainda parece ser mais acentuada, quando se sabe que a percentagem de mulheres trabalhadoras a tempo inteiro é grande.
Eu não sei como é que isto se resolve e se se justifica ou, pelo contrário, é contraproducente uma diferenciação em matéria de legislação laboral, mas a realidade continua a ser esta e com legislação ou sem ela, tem evidentes prejuízos no desenvolvimento da carreira das mulheres.

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