Da reacção dos sindicatos ao modelo de avaliação de desempenho
Eu tenho estado a analisar com minúcia as reacções dos sindicatos à questão da avaliação de desempenho. A filosofia e a acção sindical interessam-me, como observadora. Para mim, é já medianamente claro que a federação sindical que tem uma posição articulada, consistente e estruturada sobre a matéria é a que conta nos seus quadros com gente pós-graduada em administração escolar. Sejamos claros: as únicas pessoas que, nas Escolas, poderiam intervir com rigor nesta matéria são as que têm formação em Administração Escolar. O resto de nós não sabe e a maioria não percebe sequer como tem de se preparar para a missão.
5 comentários:
Posso depreender que consideras a formação em Administração Escolar um pré-requisito para professor titular?
Penso que não podes depreender isso, uma vez que relacionei uma posição articulada em matéria de avaliação de desempenho com a formação em Administração Escolar. Penso que, em termos de formação pós-graduada, profissionalizante, há dois eixos: o da orientação da aprendizagem e o da administração escolar, em que é este último que deve contemplar a formação em matéria de avaliação de desempenho. Qualquer destes dois eixos é independente de haver ou não uma distinção na carreira entre professores titulares e não titulares; sobre a natureza deste distinção e os seus efeitos não tenho opinião formada - lá está, sou da orientação da aprendizagem e se for necessário emitir opinião sobre avaliação de alunos, estarei certamente em condições de o fazer- quanto à avaliação de desempenho admito a minha ignorância, como já fiz. Voltando à associação que fazes: a condição de professor titular implica uma maior obrigação em relação à EScola, mas a Escola não é só avaliação de desempenho, pelo que, pessoalmente, agradeço que me deixem fazer o que sei fazer bem e não me ponham a fazer o que não sei: é a isto que se chama gerir recursos humanos. No caso de não te parecer suficientemente clara, diz qqr coisa.
O coordenador/professor titular(ou um substituto ;))vai avaliar os seguintes itens:
1. Preparação e organização das actividades lectivas;
2. Realização das actividades lectivas;
3. Relação pedagógica com os alunos;
4. Processo de avaliação das aprendizagens dos alunos.
O que está aqui em jogo é uma meta avaliação da avaliação que o professor faz aos alunos e do processo de ensino/aprendizagem (creio que a designação ainda não perdeu actualidade). Esse exercício deve estar ao alcance de qualquer professor. Ou não? É que eu não encontro aqui valências exclusivas da administração escolar?
Miguel, eu ainda não percebi este modelo. Estou a tentar "descascá-lo" e isso está a levar tempo. Se fosse um modelo de avaliação de alunos (ou de formandos), eu estaria em condições de dizer: é um bom modelo, é um mau modelo - e justificar. Neste momento, não estou em condições de o fazer porque, primeiro tenho de identificar o paradigma e a seguir tenho de ir à procura de estudos, de opiniões de sindicatos, de ordens, etc., que analisem como o modelo funciona, as suas potencialidades e as suas fragilidades.
Enquanto eu não perceber isto, não estou em condições de saber se este é ou não um bom modelo.
Também não me parece que, lá porque sei umas coisas sobre modelos de avaliação, genericamente falando, consiga determinar se este é ou não um bom modelo de avaliação de professores em serviço, porque, na realidade, não consigo.
Tenho que ler mais, tenho que perceber melhor, para poder antecipar os problemas. Antecipamos os problemas quando aprendemos com os erros e as dificuldades dos outros. Porque havemos de ir repetir eventuais erros ou dificuldades, que eventualmente já estão diagnosticados? Na verdade, Scriven, um dos meus referentes de avaliação, já os identificou, mas só depois de ir à procura da informação é que eu soube o que ele nos faz pensar sobre ela.
E aquilo que ele nos diz é que NÃO É a avaliação dos professores que melhora a qualidade do ensino. Estranho, não é? Porque eu acredito numa cultura de avaliação de desempenho das organizações. Ora, o que está em causa é melhorar a qualidade do ensino, porque é aí quereside a nossa grande fragilidade, ou não?
O problema é que a avaliação de professores que se pretende por aqui não terá em vista a qualidade do ensino mas sim a redução de custos.
Está inquinada à partida.
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