quarta-feira, setembro 12, 2007

As tecnologias e o desenvolvimento profissional dos professores

A distância entre as atitudes geralmente positivas, aliás frequentemente accionadas pela desejabilidade social, em relação às novas tecnologias e a sua real utilização em contextos educativos é ainda muito grande. Esta constatação não diz exclusivamente respeito à realidade portuguesa - a maioria dos jovens que já domina razoavelmente as ferramentas mais básicas, aprendeu a lidar com elas em contexto não escolar.

A introdução das tecnologias como ferramentas de apoio aos contextos educativos é um processo demorado, que exige uma clara definição de objectivos, uma clara identificação das necessidades educativas e a convergência de várias disciplinas, em que especialistas das TIC e educadores discutam as melhores estratégias para atingir os objectivos definidos pela política educativa.

Por outro lado, a definição apressada de objectivos e de estratégias envolve o risco de as novas tecnologias passarem a ser adoptadas em procedimentos e formas de organização desactualizados.

Ao invés, as novas tecnologias devem constituir mais uma ferramenta de construção de uma nova cultura escolar e têm de ser integradas em todos os aspectos da vida escolar, para que possam servir o currículo e as necessidades dos alunos (e não o inverso!).

Esta mudança implica modelos de formação mais democráticos, que visem a quebra do isolamento sentido pelos professores, nomeadamente através da criação de redes de professores e de redes que incluam pais, professores, assembleias de escola, autarquias e outros elementos da comunidade.

Ora, os professores - e não apenas os professores portugueses - não acreditam que o sistema educativo lhes garanta os apoios necessários e, pior ainda, receiam ser socialmente responsabilizados por eventuais fracassos de programas mal concebidos.

Por outro lado, há que ter em consideração algumas dificuldades e limitações das tecnologias, tais como incompatibilidades várias de equipamento e de software, em parte devidas ao seu constante desenvolvimento, factor que exige (ainda) mais formação.

É ainda de salientar a importância vital de acompanhantes locais para apoiarem os professores. É reconfortante saber que, no sistema educativo português, já começa a haver gente com visão para compreender a importância desta última, mas fundamental necessidade.

Como afirmava Dewey, grande pensador da educação do princípio do século XX, só o professor pode fazer da aprendizagem uma realidade viva, para que o ensino não se fique por algo exterior aos alunos. A sua ideia seminal era a de que de que não vale a pena fazer reformas, ignorando as capacidades, os interesses e as crenças dos professores.

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