sábado, setembro 01, 2007

COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM, um conceito mal compreendido
 

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O conceito de comunidade é tradicional e particularmente caro aos educadores e é por isso que, como Darling-Hammond salienta, corre o risco de se tornar num slogan, tendencialmente mal definido e pouco rigoroso.
Como Popkewitz observou, os conceitos polissémicos que envolvem ideais tendem a tornar-se de tal modo fortes e respeitáveis, de tal modo sujeitos às mais variadas leituras, que acabam por ficar mal explicados e pior compreendidos, opinião reforçada pela subjectividade implícita na definição de McMillan e Chavis quando se referem a um “sentimento de pertença”:

Um sentimento de pertença, um sentimento de que os membros são importantes uns para os outros e para o grupo, uma crença de que as necessidades serão satisfeitas através de compromissos mutuamente assumidos.


A definição de Rasmussen & Skinner realça a multiplicidade de perspectivas, a dissensão, esta sim, susceptível de proporcionar um ambiente favorável à reflexão e ao desenvolvimento intelectual. Para eles, uma comunidade de aprendizagem estimula uma abordagem dos temas sob múltiplas perspectivas, por vezes mesmo conflituais, o que permite um pensamento mais crítico. A diversidade de pontos de vista torna-se assim um aspecto a assumir como necessário ao desenvolvimento de opiniões e de consensos sólidos, como Adler menciona.
Westheimer & Kahne referem-se a interacções ou deliberações suscitadas por interesses e objectivos comuns e Graves valoriza o contexto, referindo-se a um ambiente em que as pessoas interagem de forma coesiva, reflectem sobre o trabalho do grupo e respeitam as diferenças.
Este conjunto de perspectivas sobre o conceito de comunidade de aprendizagem aponta para os elementos essenciais de uma comunidade: a diferença, a interdependência, o sentido de pertença, a ligação, o espírito, a confiança, a interactividade, as expectativas comuns, a partilha de valores e de objectivos e uma história comum.
É bom de ver que as dimensões do conceito variam consoante o contexto e, por isso, há que estudá-lo nos mais diversos campo de acção, designadamente o contexto da sala de aula, sendo de esperar que os seus membros tenham percepções, crenças e sentimentos em tudo idênticos, no essencial, aos acima referidos: que cada um é importante para o grupo e vice-versa, que têm deveres e obrigações entre si e para com a instituição em que se inserem, que a partilha dos objectivos beneficiará as necessidades individuais.
A comunidade educativa pode ser assim definida por quatro dimensões: os objectivos, as expectativas, a interacção e a confiança.
Numa comunidade de aprendizagem, os estudantes interpretam, reflectem e constroem significados e interpretações, num cenário de interacção social necessária ao diálogo propiciador de diferentes perspectivas de um problema, pelo que o conceito tem sido alargado ao próprio corpo de conhecimentos produzidos, na medida em que cada um dos membros de uma comunidade tem de perceber, interpretar e comunicar o conhecimento e a experiência com os seus pares; em comunidades de aprendizagem, , estudantes e professores reflectem sobre interpretações, conhecimentos e experiências, através da participação.
Contudo, uma comunidade de aprendizagem não é de geração espontânea, nem é criada simplesmente, sem que se alimentem as condições para o envolvimento dos participantes, a quem cabe determinar, em última instância, a qualidade da colaboração e passar do mero grupo de trabalho a uma verdadeira comunidade, com as características que lhe são atribuídas.

1 comentário:

Anónimo disse...

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