domingo, outubro 22, 2006


A todo(a)s o(a)s colegas e companheiro(a)s que colaboraram no meu outro blogue e que, particularmente na última semana, me manifestaram a sua simpatia e solidariedade.

Eu estou bem. Muito bem. Com a tensão mais alta, mas bem. Decidi acabar com o outro blogue, já me andava na ideia há tempos, por duas razões:
A primeira: o nome do blogue era sexista; na realidade a profissão é exercida tanto por homens como por mulheres. Se eu sou anti-sexista para um lado, tenho que ser coerente: um título que fala da profissão só no feminino não é justo.
A segunda: cada vez mais sinto a necessidade de voltar aos velhos conceitos de educere e de paideia. Como tive de optar por um deles para o título do blogue e como costumo escrever no espaço educare, que é ainda outra coisa, para os que sabem latim, optei pelo conceito grego.
Eu sou uma acérrima de Vygotsky:antes de ser já o era e mesmo que a minha tia-avó Maria, que era professora diplomada, não quisesse sê-lo, as próprias condições de trabalho a obrigariam a ser, pelo menos na zona próxima do desenvolvimento, de um modo ou de outro. Aliás, pese embora a muito respeitada e douta opinião do Professor Orlando Lourenço sobre as diferenças epistemológicas incontornáveis entre Vygotsky e Piaget, tenho para mim que, se naquele tempo os meios de comunicação fossem mais eficientes, os Mestres se teriam encontrado, discutido e muito disparate posterior teria sido evitado em matéria de teoria educativa.
Durante a preparação do meu doutoramento, comecei a ler teses portuguesas com grandes notas de rodapé acerca do termo "scaffolding", como um conceito transcendentemente intraduzível. Como? Desculpem? Terão ideia de como a língua inglesa foi enriquecida por via latina, designadamente, ali pelos tempos de Shakespeare e de Lord Bacon? Detesto notas de rodapé. O termo inglês é posterior a Vygotsky, não o consegui encontrar em nenhum dos seus escritos, cujas traduções mais recomendadas seleccionei e adquiri. Um dia, mandei um mail ao director do Instituto Vygotsky russo, que se fartou de rir (emoticons) com a minha tentativa de tradução russa de "scaffolding": que tinha a ver com tijolos. Isso sei eu, ó Professor. Em Inglês também! Mais emoticons de gargalhada. Há dias, ouvi de uma pessoa de quem aliás gosto muito, uma tentativa de tradução: andaimar. Andaiquê, J.? Vê lá se cai uma barra de ferro na cabeça da criança! Por enquanto quem paga é o Seguro Escolar, mas tu vê lá no que te metes. Então, mas ele há metáfora mais linda que educere? Deixem-se de tretas.
Tios Pi e Vy, avé!

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