sábado, outubro 28, 2006

Em diálogo com o Professor Albano Estrela sobre o poder da palavra em educação, no sítio do Educare, em 20-09-06 (com ligeiras alterações, dadas as limitações de espaço do sítio)





É da natureza da nossa profissionalidade


Vários atributos pertencem à natureza mais intrínseca da nossa profissionalidade. Um deles é o da contínua invenção da roda: o fluir das gerações obriga-nos constantemente a repensar princípios, práticas, procedimentos, de forma que chega ao paroxismo, a ponto de nos fazer esquecer princípios basilares, tais como o de que qualquer comunidade tem de ter um grupo relativamente estável de regras. Tratando-se de uma comunidade formal, as regras têm de ser claras, explícitas e escritas.Um outro é o da essencialidade do Verbo - é ele que sustenta uma reprimenda que nos remete à essência do educere, assim como o cumprimento, o elogio, o prazer genuíno da descoberta, um novo feito, um outro melhor de nós mesmos. Eles ouvem, eu acredito que eles ouvem, não apenas a palavra, mas a voz do nosso pensar, do nosso sentir, do nosso gosto (ou desgosto) de estar com eles. Como diz a minha Profinha, eu tenho mentalidade de professora do básico, mal sabe ela que esta observação me "atinge", pelo menos, até à terceira geração (os meus estudos genealógicos ficaram-se por aí, a pesquisa de memórias mais longínquas está agora noutras mãos) mas gosto de ser assim, pequenina. Quando eles pedem colo, eu dou, quando a vida me faz negaças, eles dizem: a prof. está triste - e mimam-me. Quanto à invenção da roda, melhor que inventá-la, é adaptá-la às condições do piso. Não é assim que fazem a GoodYear, a Michelin, a Bridgestone e outras?

Nota sobre a fotografia: como se nota, eu estou praticamente na mesma, eles é que já andarão pelos 38. Este foi o ano em que eu descobri que há meninos a quem eu tenho de dar mais do melhor que a minha família me ensinou a ser.

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