quinta-feira, outubro 26, 2006


A minha menina
Tem uma idade indefinida, que ainda não me atrevi a perguntar-lhe, mas que rondará os middle thirties.
O seu ar jovial e bem disposto não deixa entrever nem à primeira, nem à décima vista, a sua coragem, o seu profissionalismo, a sua determinação.
Tem um estilo muito sui generis: apanha os cabelos com umas flores garridas e dá umas risadinhas divertidas, encolhendo-se toda, como se se escondesse de uma grande partida: ih! Ih! Ih!
Quando me foi solicitado que avaliasse o projecto de Mestrado que ela apresentara para eu apreciar e eventualmente orientar fiquei apreensiva: didáctica da Língua Inglesa-imagem-TIC.
O projecto tinha assim, à partida três variáveis; da minha perspectiva, a imagem deixara de ter na didáctica da língua estrangeira, sobretudo a partir do funcionalismo, a importância que havia tido há muuuuitos, muuuitos anos, quando eu havia feito o meu estágio pedagógico e já se contavam aquelas anedotas do professor que aponta para o peito e diz " I'm a teacher" e o aluno responde: "Sim, professor, já percebi: tenho uma gravata verde". Tratando-se de um mestrado em Informática Educacional, procurei que ela deixasse cair o tema da imagem, mas ela que não senhora, porque queria trabalhar a imagem. Como “cozinharíamos” estas variáveis sem cairmos no déjà vu, como circunscrevíamos o objecto de estudo, sobretudo tendo em conta a multifuncionalidade da imagem, como contornaríamos a aparente tendência que a minha menina tem de encarar a imagem de um ponto de vista artístico – na realidade ela tem uma veia artística poderosa, como demonstra o quadro pendurado na porta da minha sala de trabalho e aqui reproduzido. Como iria ela trabalhar a imagem em contexto educativo?
No início do ano lectivo 2005-2006 foi colocada em Mação, a 170 quilómetros de casa. Foi um balde de água do Ártico. Mandava-me uns mails super-coloridos e com uns bonequinhos aos saltos, hoje um pouquinho de revisão de literatura, logo, mais um pouquinho de metodologia, depois, mais uma entrevista, mais tarde, o questionário, o pior foram os tratamentos estatísticos, as regressões, as multicolinearidades, as inconsistências de alguns resultados que traduziam a manifesta falta de experiência tecnológica dos seus informantes. Apesar de tudo, a coisa foi-se compondo e, como eu sempre lhe ia dizendo - eu já havia chegado às mesmas conclusões na minha tese de mestrado - são os professores dos 40-45 anos que em melhores termos parecem estar com as TIC. (Não vou hoje fazer perguntas acerca da formação inicial de professores hoje).
A pouco e pouco, sempre com um grande sorriso (quantos dias de desespero não terá tido? Quantos dias não lhe terá apetecido largar tudo, fugir de Maçon City, como lhe chamávamos, e correr para os braços do seu “caranguejo verde”?) entregou a sua tese de Mestrado no tempo regulamentar. Se não foi a primeira do Curso, foi certamente uma das primeiras, mesmo antes dos que gozaram de equiparação a bolseiro.
E lá foi risadinha a risadinha, florinha a florinha, mailinho a mailinho, laboriosamente, qual formiguinha, escrevendo a sua tese de mestrado. Um destes dias vai apresentá-la e vai ser um SUCESSO! E daqui, vai um abraço da sua admiraDORA Idalina, que a aDORA.
Muitas felicidades! (Também para o caranguejo verde! Bem merecem!).

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