Diálogo 2: Plano de evacuação
Já me olha nos olhos e de forma menos sisuda, porque já tem curiosidade em saber no que me vai passar pela cabeça dizer-lhe. Surpreende-se com os meus jogos de palavras e esboça um sorriso apenas meio divertido. Saio da sala de professores e encontro-o no hall do Bloco Administrativo a observar atentamente a planta de evacuação em caso de incêndio, o pescoço muito esticado para cima. Olha atentamente para vários pontos do Bloco. Percebo mais tarde que é para localizar os extintores. "Então, não estás na aula?" "Não, a professora de Ciências faltou e o Ronaldo (chamemos-lhe assim) anda sempre a bater-me". Típico... Um caso para averiguar, penso... depois. "Então, onde é que nós estamos nesta planta?" "Aqui!": estica o dedo com um movimento rápido e preciso. E estes sinais aqui são os extintores - acrescenta. Estão ali, ali, ali e ali. Localiza-os nas várias paredes. Mmmm, muito bem... (aguardo mais novidades…) "Mas falta aqui aquela boca-de-incêndio", acrescenta. Há anos que estou nesta escola e nunca tinha reparado na boca-de-incêndio da parede frontal ao cimo do primeiro lanço de escadas, bem encarnada no meio da parede branca. "Não está?!?" Consulto a planta e confirmo, aparvalhada, a omissão. "As saídas estão aqui e aqui" - aponta na planta. "Então, por onde é que temos de sair, em caso de incêncio, bolas? Pergunto. "Por ali e por ali": estende o braço esquerdo para Sul e o direito para Ocidente. 10 anos e 1,30m de muito mau feitio? Até pode ser, mas é uma criança fascinante.
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