Métodos de investigação em educação
O questionário, aspectos teóricos e metodológicos
Realizar um inquérito é interrogar um determinado
número de indivíduos tendo em vista uma generalização
(Ghiglione & Mathalon, 1992: p.1)
O questionário é um dos meus métodos favoritos de recolha de dados. Aprender a construir e a trabalhar os dados de um questionário obrigou-me a aprender inúmeras coisas que não faziam parte do meu "campo", designadamente em matéria de tratamento estatístico.
O questionário constitui habitualmente o último procedimento do processo de inquirição. Após a fase qualitativa, em que é comum proceder a um conjunto de entrevistas, segue-se uma fase quantitativa.
A aplicação de um questionário a uma amostra, permite a inferência estatística das hipóteses elaboradas durante a fase qualitativa, tornando-se assim possível inventariar «atitudes, representações comportamentos, motivações processos, etc.» (Ghiglione & Mathalon, 1992: p.105).
O questionário permite a comparação entre as respostas de todos os inquiridos, uma vez que as perguntas são colocadas uniformemente, sem adaptações ou explicações complementares.
Um questionário típico tem geralmente um custo inferior a outras formas de inquirição, tanto mais que já pode ser feito online, e pode abranger um maior número de indivíduos, o que nos permite realçar a conduta de uma amostra maior e mais representativa.
A utilização de um questionário tende ainda a eliminar a polarização introduzida pelas reacções dos inquiridos ao inquiridor e vice-versa. O anonimato, em princípio, produz respostas mais francas. É por isso que é importante dar relevância a este aspecto, no corpo do próprio questionário, para dele tirar partido.
A par das vantagens enunciadas, a aplicação de um questionário comporta também algumas desvantagens, que devem ser tidas em conta, designadamente a falta de resposta, as más interpretações e os problemas de validade. Por isso se dá tanta importância à fase da construção do questionário, particularmente a do pré-teste.
A falta de respostas é bastante frequente, mas não é um processo aleatório. Oppenheim (1966) sublinha que o aspecto mais nocivo das baixas taxas de resposta não é o número reduzido da amostra, que poderia facilmente ser superado aplicando mais questionários.
Efectivamente, este fenómeno tem determinantes próprias que variam de questionário para questionário. Por exemplo, se a investigação procura determinar a reacção de um grupo a uma nova política, é possível que o investigador enfrente o receio, por parte dos inquiridos, de expressar reacções negativas, o que introduz uma polarização não-aleatória (ou sistemática) nos resultados do questionário. Não é possível superar totalmente este fenómeno, mas podemos tentar minimizá-lo.
Um outro problema do questionário prende-se com o erro de interpretação. O erro de interpretação ocorre quando o inquirido não compreende as instruções ou as perguntas, o que o leva a responder nos termos em que as compreende, mas não necessariamente da maneira como o inquiridor pretendia. Este problema é considerado ainda mais nocivo do que a não-reposta, mas pode ser minimizado através de procedimentos de pré-aplicação minuciosos.
A terceira desvantagem do questionário deriva da impossibilidade de verificar a validade da resposta, uma vez que não é possível verificar as reacções do inquirido.
Voltarei ao questionário. Por ora, deixo uma referência essencial:
Hill, A. & Hill, M. M. (2002). Investigação por Questionário.Lisboa: Edições Sílabo.
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