sexta-feira, dezembro 14, 2007



Memória e carga cognitiva


O conceito de carga cognitiva foi introduzido por Sweller e baseia-se nos estudos de Miller e de Baddeley sobre a memória.

Segundo Sweller, a memória de curto prazo, também designada de memória de trabalho, tem uma capacidade restrita para lidar com informação nova. A memória de trabalho tem uma capacidade de cerca de 7 elementos para armazenar a informação e uma capacidade de 2 a 4 elementos para processar a informação(Miller, 1956); a memória de longo prazo não tem este tipo de limitações.

A especialização humana resulta do conhecimento armazenado em esquemas cognitivos na memória de longo prazo, desenvolve-se em esquemas progressivamente mais complexos, alguns dos quais automatizados, que organizam e guardam o conhecimento e reduzem a carga sobre a memória de trabalho.

Quando a memória de trabalho lida com uma área de conhecimento fortemente organizada em esquemas, a sua capacidade aumenta significativamente, mas a sua capacidade é limitada quando lida com informação desorganizada, tornando-se mais difícil encontrar uma forma de organização adequada perante uma maior quantidade de informação.

O problema não se coloca quando a informação está bem organizada em esquemas, cuja aplicação frequente conduz à automatização.

Um plano de instrução bem concebido tem de facilitar a construção e a automatização destes esquemas nos aspectos de uma tarefa que se colocam nas mais diversas situações de resolução de problemas.

A sobrecarga da memória de trabalho pode dar-se devido à dificuldade intrínseca de algumas situações de aprendizagem e, nesse caso, estamos perante uma situação de carga cognitiva intrínseca; pode dar-se também devido à forma como as tarefas são apresentadas e, nesse caso, estamos perante uma carga cognitiva extrínseca; pode ainda dar-se em função dos recursos cognitivos que estamos, enquanto aprendentes, dispostos a investir na contrução e automatização dos esquemas (carga cognitiva relevante).

As implicações da investigação sobre a memória sobre os aspectos conceptuais da instrução, designadamente quanto aos efeitos, tais como o da atenção repartida, o efeito da modalidade e o efeito da redundância, mas o o mais importante foi o da reabilitação da memória e da memorização na educação.
A memória voltou a adquirir o lugar que merece na aprendizagem.

O quadro: Far Off Events Transformed by Memory, de Luksha.

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