sexta-feira, dezembro 28, 2007


O movimento da eficácia escolar



(clique no esquema; é algo redutor, mas dá uma ideia da evolução e dos parâmetros que foram gizando o conceito: está a ver porque é que em Portugal ele começou com a diabolização dos professores?)


O movimento da eficácia escolar que, revelam alguns indícios, está a dar os primeiros passos no nosso país, começou há mais de 25 anos com diversos estudos, designadamente o de David Coleman,publicado em meados dos anos 80, e que viria a ser fortemente constestado por estudos posteriores.

Este movimento tornou-se, particularmente nos últimos 10 anos, no mais político e ideológico dos discursos sobre a educação em países como a Inglaterra, os Estados Unidos e a Holanda, entre outros.

Na cultura iberoamericana (aglutino já a palavra, adiantando-me assim ao próximo acordo ortográfico) começou a desenvolver-se, sobretudo a partir de 2000.

Embora Murillo, em 2003, tenha afirmado, num artigo significativamente publicado no nº. 1 do 1º. Volume da Revista Electrónica Iberoamericana sobre Calidad, Eficacia y Cambio en Educación , que a investigação internacional em eficácia escolar constitui um bom ponto de partida para os estudos iberoamericanos, não deixa de salientar que os modelos de análise adoptados noutras sociedades não podem ser transportados mecanicamente para as sociedades iberoamericanas, e que têm de ser complementados com investigaçãoes empíricas, de que resultem dados da realidade das nossas sociedades.

Existem igualmente indícios que tais estudos estão já eivados de uma forte componente ideológica e política, como aliás já sucedeu noutros países. JMA e João Santos já deram uma indicação deste movimento em entradas recentes nos seus Terrear e Inquietações pedagógicas.
O que é então o conceito de eficácia escolar e a linha de investigação que o acompanha?

Os primeiros estudos em eficácia escolar resultam da necessidade de racionalizar os investimentos em educação.Mais do que de eficácia são estudos de produtividade, marcados por um enfoque económico, havendo investigadores que não enquadram estes estudos no movimento de eficácia escolar, uma vez que a sua definição de eficácia escolar se concentra em variáveis de natureza estritamente pedagógica (Murillo, 2003). Há contudo investigadores como Creemers (2006), que colocam estes estudos na primeira geração de estudos sobre eficácia escolar.

Posteriormente, e numa linha estritamente educativa, os estudos sobre eficácia escolar procuraram identificar os factores de contexto que fazem com que uma escola seja eficaz e avaliar a importância dos efeitos escolares.


Assim, o conceito de eficácia escolar passou a estar associado ao do desenvolvimento integral de todos os alunos e à mais-valia que a escola pode acrescentar a esse desenvolvimento, tendo em conta o rendimento escolar anterior de cada aluno, a situação social, económica e cultural da famílias de origem.

(É esta mais-valia que me interessa e volto a frisar: não há eficácia sem equidade)

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