sexta-feira, dezembro 07, 2007



Iconografias


Fica bem nas T-shirts



Independentemente do que possamos pensar acerca da figura de Che Guevara, mesmo que o façamos contraditoriamente,relativizando o melhor e o pior com as necessárias contextualizações de espaço e de tempo, a figura de Che tornou-se num produto comercial rentável, eventualmente mais popular que Elvis Presley, Kurt Colbain e outros que tiveram morte igualmente precoce, particularmente após a canonização que dele fez Andy Warhol. Che era um homem vistoso: facilmente o imaginamos num anúncio ao Expresso, em alternativa a Clooney.
Também ficava bem num anúncio de perfume masculino, com fragrâncias secas de matérias primas como o tabaco, o musgo e o couro.
Ou num anúncio de charutos, com toque de mistério e de sensualidade metrossexual flutuando no ar.

Che tornou-se o motivo de um trilho de turistas da revolução que lhe repisam os momentos finais da campanha de 1967 e terminam o circuito no local em que foi assassinado, comendo bolinhos e bebendo chá.
Menos mal para La Higuera, na região remota do sudeste da Bolívia.
Dei com a minha Inês a procurar-lhe o motivo na NET, para uma serigrafia na T-shirt.
O Che?!? Porquê?!?
Porque morreu cedo.
Porque é uma figura ultra-romântica no sentido artístico do termo.
Tem alguma associação ao consumo de drogas, como o Kurt Colbain e o Morrison.
Uma espécie de herói e, ao mesmo tempo, de anti-herói.
Matou uns milhares? Bah!
Foi um mau ministro? Who cares?
Num esforço de fantasia parola e serôdia, imagino-o a cortar voluptuosamente a barba, a vestir um tuxedo para dançar o tango. Num anúncio a um creme de barbear super-hidratante.
A Inês acha que cortar a barba, não, mãe.
A cada geração, a sua fantasia.

Imortal e carismático.

4 comentários:

Anónimo disse...

Belíssimo texto.

PS. Deixei um pedido de desculpa no post de Sexta-feira, Novembro 09, 2007.

joao de miranda m.

Paideia disse...

Obrigada, João.
:)

Anónimo disse...

Muito bom mesmo, adorei a frase introdutória, fez-me lembrar um grande amigo meu que costuma dizer "cliChe Guevara".
Como já deve ter ouvido da Inês, gosto bastante do seu blog e, obviamente, de ter a sua opinião no meu.
Ficarei atento a novos posts.
Cumprimentos,
Miguel.

Paideia disse...

Obrigada, Miguel. Continua escrevendo. Escreves bem e és imaginativo.
Um grande beijo,
Idalina