Será que os directores escolares são capazes de avaliar a eficácia dos docentes?
É a pergunta de partida de um estudo de Brian e Lars, que será publicado em 2008, a cujo resumo já tive acesso.
Esta investigação conclui que
Os directores escolares são geralmente capazes de avaliar os docentes cujo grau de eficácia se situa nos pontos extremos do continuum nos diversos parâmetros, mas são muito menos capazes de avaliar os professores cujo grau de eficácia se encontra nas zonas intermédias da distribuição.
sábado, dezembro 29, 2007
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8 comentários:
O ano que se aproxima traz muitas novidades...
Apesar de tudo devemos acreditar que as mudanças serão para melhor, não é?
Feliz 2008! Que o novo ano concretize os teus desejos!
Em resposta à questão, tenho muitas dúvidas. Mas alimento a esperança de que cada um fará o melhor que sabe.
Fica-me a curiosidade de saber o que o autor entende por esse grau de eficácia situado "nos pontos extremos do continuum nos diversos parâmetros" e como é medida essa eficácia. O mesmo em relação às "zonas intermédias da distribuição".
Ficava-lhe muito grata se me pudesse indicar onde posso encontrar esses dados dos estudo que refere.
Um abraço com votos de boas entradas em 2008 e de um ano repleto de realizações pessoais e profissionais.
Fátima
E como se mede o grau de eficácia de um professor? Pelas notas que dá aos seus alunos? Pelos saberes dos alunos? É tudo tão relativo, depende de inúmeros factores, a maioria deles não controláveis pelos docentes.
Aproveito a ocasião para desejar boas entradas em 2008!
Fátima,
O que quer dizer:
"nos pontos extremos do continuum nos diversos parâmetros" e como é medida essa eficácia. O mesmo em relação às "zonas intermédias da distribuição".
Bom, consideremos um parâmetro de avaliação, visualize uma linha contínua, com o insuficiente num extremo e o excelente no outro. Entre um extremo e o outro vão distribuir-se as avaliações feitas aos docentes. Os pontos intermédios dessa distribuição são aqueles que ficam a meio da linha, entre o suficiente e o bom, certo?
Ora o que os autores dizem no abstract é que esses pobtos intermédios são os mais difíceis de medir, isto é, é mais fácil identificar as pessoas que estão em ambos os extremos dos parâmetros.
O estudo tem como título
"Can Principals Identify Effective Teachers? Evidence on Subjective Performance Evaluation in Education", vai sair em 2008 no Journal of Labor Economics; 2008, Vol. 26 Issue: Number 1 p101-136, 36p, e creio que o poderá encontrar na EPNET ou na B-ON.
Bell, o estudo conclui justamente que essa avaliação é mto. subjectiva.
Feliz ano novo para as três.
Idalina,
Obrigada pelo esclarecimento.
O que eu mais temo neste processo é exactamente o problema que ao que parece foi identificado "a subjectividade". Quanto a mim, a avaliação não pode ser subjectiva nem relativa, são os dois maiores erros do processo de avaliação do desempenho docente e que se tornará insustentável.
Venho a correr deixar um beijinho de Feliz Ano Novo... :)
Colegas, por que diabo estão a falar em avaliação? Do que se trata é de classificar. No final da cada período lá temos as reuniões de «avaliação». Mas que avaliação? Ali não é altura de avaliar mas de classificar: quando comecei na profissão chamavam-se «reuniões de notas» (sic). Muita gente da profissão sabe lá o que é avaliar? E o que isso implica em termos de fuga - rápida - ao manual? Principalmente na escolaridade obrigatória... Vejam / leiam o Perrenoud. Quem?
Caro anónimo,
Grata pelo seu esclarecimento. Aparentemente não aprendemos todos os mesmo. Eu aprendi que avaliar também é classificar.
Perrenoud é um autor incontornável em matéria de avaliação, parece que é estudado nos centros de formação.
As minhas referências são contudo mais diversificadas e, nesse sentido, diria que existem várias gerações de avaliação.
A primeira geração, que reflecte o clima social dos anos sessenta, caracteriza-se: 1) pela preocupação de avaliar a eficácia dos programas na resolução dos problemas sociais e 2) pela preocupação em manter a distância entre avaliadores e outros intervenientes; nesta, distinguiria autores como Scriven e Campbell;a segunda geração, singulariza-se pelo desenvolvimento de alternativas, que caracterizou os anos setenta e ilustra o descontentamento resultante das abordagens do anos sessenta. Uma característica deste estádio é a necessidade de maior realismo acerca da natureza dos programas sociais e da forma como as observações e resultados das avaliações vinham sendo utilizados; nesta geração distinguiria Wholey e Stake; Finalmente, a terceira geração procura integrar as propostas das anteriores, numa abordagem coerente e abrangente da avaliação e tem como investigadores de referência Cronbach e Rossi.
Reconhecendo algum simplismo nesta divisão, Shadish et al. (1991) salientam que os três estádios não se excluem mutuamente, mas traduzem os avanços no desenvolvimento da teoria da avaliação.
Efectivamente, os teóricos mais recentes têm vindo a integrar aspectos do trabalho de teóricos anteriores, rejeitando outros e introduzindo novos campos de reflexão e de investigação.
Assim, tanto Wholey como Weiss terão partido da abordagem de Campbell, mas a maior parte do seu trabalho terá tido como preocupação de fundo a criação de teorias úteis e politicamente realistas.
Identicamente, e ainda durante o período de desenvolvimento das teorias do primeiro estádio, já Cronbach, nos anos sessenta, prefigurava as suas contribuições dos anos oitenta, pelos seus apelos explícitos à utilização de instrumentos de contingência, que caracterizam as práticas do terceiro estádio.
Reconhecendo pontos de dissidência entre os teóricos do terceiro estádio, Shadish et al. (1991) apontam para a necessidade de uma maior integração das alternativas do segundo estádio e de um desenvolvimento das teorias do terceiro estádio, designadamente no que diz respeito ao suporte empírico.
Interessante, seria ver como as concepções da avaliação têm acompanhado as as metodologias da investigação, mas esta resposta já vai longa.
:)
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