sábado, outubro 20, 2007

Há sempre alguém que resiste...

O meu amigo António Monteiro Cardoso, o CardoSÃO já aqui fotografado aquando da defesa da minha tese de doutoramento, apresentou ao público, na passada 5ª. feira, o seu último livro Timor na 2.ª Guerra Mundial: o Diário do Tenente Pires .
O livro é uma edição do Centro de Estudos de História Contemporânea de Portugal e foi apresentado pelo Professor José Medeiros Ferreira, no Auditório da Fundação Mário Soares, perante uma audiência entusiástica e muito calorosa a que não faltaram o próprio Mário Soares, amigos e alunos do Cardoso, membros dos consulados australiano e timorense e até a primeira esposa do Cardoso, Ana Gomes.
O tema central é a ocupação japonesa de Timor durante a II Guerra Mundial e a guerra de guerrilhas movida pelas tropas australianas, através da sua lendária Sparrow Force , uma companhia independente que acabaria por ter de se render, em Dezembro de 1942.
Um outro aspecto historicamente muito relevante diz respeito à "neutralidade colaborante" do governo português aplicado ao território de Timor:a administração portuguesa opta por colaborar com o ocupante japonês e seguem-se as rendições,as dissidências dos que não aceitaram ficar nas zonas de protecção.
Monteiro Cardoso resiste também a seguir a história mitológica dos documentos oficiais e dos arquivos de Salazar, consultando um manancial de arquivos e de documentos internacionais, que conjuga com a pungente história do Oficial português,que chega a escrever a Salazar e ao General MacArthur pedindo ajuda e relatando as atrocidades do ocupante japonês em Timor.
Mas a ajuda não chega, nem para ele, nem para o povo Timorense, nem para a Sparrow Force.
O valoroso Tenente morre às mãos do ocupante deixando para a História um diário escrito quase literalmente com o seu sangue.

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