domingo, outubro 14, 2007

Fases da reflexão crítica colaborativa


Partamos de uma definição muito simples do conceito de reflexão crítica, proposta por Ennis, em 1991:

“Pensamento reflexivo e racional que permite decidir sobre o que pensar e o que fazer.”

Quando essa reflexão se faz em grupo, contribuindo cada um com a sua perspectiva, estamos perante um caso de reflexão crítica colaborativa.

Das possíveis direcções da discussão, podemos partir de uma afirmação, de uma crença, de uma conclusão ou de uma pergunta de partida. Por exemplo:
Porque é que numa escola de segundo e terceiro ciclos, a funcionar em regime de 2 turnos, o perfil do aluno que comete actos de indisciplina corresponde ao rapaz do 6º. ano de uma turma da tarde?

Esta pergunta constituiria a fase de desencadeamento da discussão.

Uma eventual reacção a esta pergunta passaria por buscar a origem e as fontes desta caracterização, em que seriam questionadas as variáveis que entraram na definição: porque foram escolhidas estas variáveis e não outras, como foi feita a caracterização? Os dados foram bem recolhidos? Como foi feita a amostra? Foi tida em conta a relação entre os casos e o número total de indivíduos? Eventualmente algum dos participantes no debate lançaria outros dados que estabelecessem uma comparação; o problema, tal como foi definido seria avaliado e escrutinado pelos partipantes e algumas hipóteses explicativas seriam aduzidas. Estaríamos então na fase da exploração.

Se a discussão for bem conduzida, o líder, natural ou institucional conduziria a discussão para o reconhecimento de perspectivas complementares ou alternativas, à sua incorporação no discurso, levaria à identificação de incongruências de raciocínio e à integração da informação relevante, fazendo a discussão subir a um nível mais elevado, o da integração.

No caso concreto que referi, é natural que o grupo tentasse uma síntese com novas explicações, novas provas, novos pressupostos e, tratando-se de um grupo com o objectivo específico de encontrar soluções, seria igualmente natural que essas explicações e pressupostos determinassem algumas consequências práticas, tais como formas de lidar com o problema colocado.

Sendo assim, este grupo teria cumprido o último patamar da reflexão crítica colaborativa, o da decisão, resolução ou síntese .

A reflexão crítica colaborativa tem diversas aplicações em educação e tem vindo a ganhar importância nos currículos de todos os graus de ensino, porque se reconhece a importância da preparação de cidadãos reflexivos; contudo, uma das principais dificuldades prende-se com a própria preparação dos professores para a reflexão crítica.

1 comentário:

Fátima André disse...

Cara Idalina,

Parabéns por este espaço tão agradável de reflexão sobre educação e ensino, também a minha "paixão" para utilizar a expressão de Christopher Day. Com a mesma preocupação acabo de criar o meu espaço para o qual fica o convite a uma visita:
"Revisitar a Educação" http://revisitaraeducacao.blogspot.com/