sábado, fevereiro 09, 2008


Agressão e vitimação na Escola: incluir significa também estarmos mais atentos



A minha experiência diz-me que, ao contrário do que se possa pensar, são os rapazes que estão mais sujeitos a formas de agressão entre pares na Escola, sobretudo no que diz respeito a formas de agressão decorrentes da desigualdade social, que atingem mais os rapazes, primeiro, porque os principais agressores são também rapazes e o seu móbil é, frequentemente, apoderar-se de objectos que os outros exibem, como telemóveis, jogos, peças de vestuário e de calçado, artigos escolares e outros gadgets mais cobiçados.

Os estudos sobre agressão e vitimação escolar indicam que a maioria dos estudantes, pelo menos três quartos deles, declara ter sofrido várias formas de agressão física ou verbal, designadamente insultos, humilhações, faltas de respeito, várias formas de ofensa associadas à aparência ou ao peso, pelo menos uma ou mesmo várias vezes por mês.

As formas de agressão e de perseguição não apresentam diferenças muito significativas de género, etnia, nível social e nível de ensino. As raparigas referem mais episódios de desrespeito, de tratamento sobranceiro, de provocações associadas ao peso, enquanto os rapazes referem mais insultos. O desrespeito e o insulto são mais comuns nos 2º. e 3º. Ciclos, enquanto a humilhação e o tratamento sobranceiro são mais comuns no ensino secundário.

Os estudos sobre a agressão entre pares nos níveis básico e secundário demonstram que as vítimas das várias formas de agressão verbalizam um menor bem-estar na escola. Os jovens que gostam mais de andar na Escola declaram menos episódios de vitimação do que os que afirmam gostar menos da Escola. Inúmeros estudos evidenciam uma associação entre os resultados académicos, a ligação à escola, os comportamentos associados à saúde e a vitimação.

Os professores portugueses ainda não estão muito sensibilizados para estas questões, devido, talvez a uma certa aceitação de várias formas de ofensa e humilhação como norma de interacção social. Contudo, com a inclusão de todos os estudantes, é natural que os problemas se agravem um pouco, pois os estudantes física e mentalmente diminuídos são mais frágeis, mais vulneráveis e propensos às mais variadas formas de vitimação, tanto física como psicológica.

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