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quinta-feira, abril 17, 2008

Rir poema

Amanhã é dia de sessão pública de poesia da nossa escola e tudo tem de estar afinadinho. A poesia inglesa vai estar presente junto a mim que, contudo, irei dizer um Cesário Verde bem rústico e "anti-burguês". O meu aspie de estimação também vai dizer poema.

Sentámo-nos com dois livros de poesia juvenil inglesa e começámos a folheá-los à procura de algo interessante, desde rimas a trava-línguas havia um pouco de tudo. Líamos à vez, algumas eram bem divertidas e faziam-no rir abertamente.

A tarde, contudo, não havia começado bem. Quando cheguei ao bloco e o vi sentado à minha espera, percebi que havia caso. Como tem uma pele muito branca e fina, quando é acometido irritação, fica com a cara muito vermelha e inchada.

O que se passa?

Entrara de novo em conflito com dois colegas da turma. Combinámos então que eu faria entrar os outros e que o chamaria assim que todos tivessem entrado.

Assim foi. Por debaixo da porta da sala contígua, tinha o corpo escondido com os pés de fora. Lá veio, depois de chamado.

Entrou na sala, mas não abriu o dossiê:

Está estragado. O P e o N. estragaram-mo.

Bom, fazes os trabalhos, que eu vou arranjar-te um dossiê novo.

Como é que eu posso fazer os trabalhos, se não posso abrir o dossiê?

Tens aqui uma folha

Casmurrou


Queres casmurrar? Então, está bem. Eu sento o meu rabo na cadeira e também não te arranjo um dossiê, pronto.

Aflorou-se-lhe um quase-sorriso por causa da quebra do interdito do "rabo" na aula.

Lentamente, como uma crisálida, descasulou, esticou os braços e começou a trabalhar.


Uhmmmm... primeiro, acabas esse exercício e depois é que vou arranjar-te um dossiê... és do Benfica ou do Sporting?

Sporting

Bom, já volto, então... mas só há dossiê se tudo estiver registado, entendemo-nos?

Acabámos a tarde a rir poema. Vamos lá ver como nos sai o amanhã.

sexta-feira, março 28, 2008


Do clima da sala de aula

O que é que se vai passar aqui?

Quando entram pela primeira vez na sala de aula, os alunos fazem uma leitura rápida do ambiente e passam às respectivas inferências:

O que é que se vai passar nesta sala?
Há regras?
A professora vai dar conta do que aqui se passa?

Esta primeira percepção do professor e do ambiente da sala de aula fica indelevelmente gravada na mente de cada aluno e transforma-se numa variável susceptível de ajustamentos, para se conseguir uma maior disciplina e controlo da sala de aula.

Consequentemente, durante os primeiros dias de aulas, qualquer docente deve procurar estabelecer de imediato as regras de disciplina e de gestão da sala de aula, de forma a dar aos alunos a indicação de que sabe lidar de forma positiva com os problemas da indisciplina.

Deste modo, é sempre bom e prudente começar com critérios um pouco mais apertados e aliviar um pouco o controlo, à medida da nossa percepção da dinâmica social da turma.

A professora vai progressivamente ganhando a percepção de quantos ou quais os alunos vão querer dominar a sala de aula, de quantos e quais os alunos que mais rapidamente se aperceberão do seu gosto e entusiasmo e de como estes se reflectem na atmosfera que se vai criando.

Um aspecto a que os alunos dão muita atenção é ao nosso sistema organizativo, pelo que devemos dar a impressão de que registamos tudo, temos rotinas e regras, de que chegamos à aula a horas; é certo que eles estão atentos a todas as nossas inconsistências e é humano que as aproveitem sempre que possam: se verificamos trabalhos de casa todos os dias, se temos uma rotina de verificação de cadernos, se somos consistentes quanto aos critérios relacionados com empréstimos de material escolar, a organização do espaço de trabalho. Nada de "bagunça" em cima das mesas, incluindo todos os "gizmos" que eles trazem para a aula e que devem ser os primeiros a marchar para dentro das mochilas. Em cima das mesas o estritamente necessário; nem os livros da aula anterior devem lá estar.

Algo a que os alunos, mesmo os mais novos, prestam também muita atenção: à forma como organizamos o nosso trabalho e o nosso espaço e até aos nossos materiais (têm sempre muita cusiosidade pelas minhas bolsas de lápis e canetas crochetadas, mesmo os do 9º. ano; há meninas que já me vêm mostrar as suas primeiras experiências em crochê); também estas nossas rotinas são modeladoras. Qualquer fragilidade vai ser utilizada para as justificações mais surrealistas; se tem de usar uma forma de temporizar os tempos de uma aula em que tal é necessário, esclareça que vai utilizar um marcador auditivo que será o único ou encarregue um aluno mais responsável de o fazer. Estabeleça sempre que vai haver um único temporizador a fazer-se ouvir.

Um conjunto de cinco a sete regras essenciais deve estar visível e acessível: afixadas de perferência, nos cadernos, sempre.

Nos trabalhos de grupo, tenda a organizar grupos pequenos (no máximo de 5 alunos, estabeleça procedimentos, tempos de execução e produtos a apresentar. Nomeie um líder para cada grupo. Forme tendencialmente grupos heterogéneos: os alunos mais fracos ganham com esta forma de organização, a responsabilidade multiplica-se, porque todos são responsáveis pelo bom funcionamento da aula.

Não hesite em estabelecer meios de controlo, tais como registos de observação, para os mais variados aspectos: trabalho de casa, número de lição e data no quadro, arrumação da sala. Utilize os delegados para serem eles a estabelecer as rotinas e a distribuir as tarefas. Exija que sejam cumpridas.

Esqueça a treta de que lhe falaram, em acções de formação mal amanhadas, de que a sala de aula pouco se modificou ao longo dos tempos. Eu também as ouvi, já no mestrado, pelo qual paguei bom dinheiro. Saíram pelo ouvido direito à mesma velocidade com que entraram pelo esquerdo. Pense pela sua cabeça; também os médicos, por mais tecnologia que utilizem, têm de se debruçar sobre os seus pacientes para os examinar e operar. Um médico da Idade Média reconheceria sempre uma relação médico-paciente; com os professores é igual.

Exija sempre um comportamento adequado. Quem não consegue tê-lo, vai ter que ser enviado ao centro de saúde ou à saúde mental.

Não tenha medo de que os alunos o considerem exigente e um tanto "difícil". Tal como é preferível um pai "difícil" a um pai ausente, também é preferível um professor "musculado" a um professor que não sabe muito bem o que fazer e quando.

Utilize a caderneta com parcimónia e, preferencialmente, no início do ano. Se o encarregado de educação não se mostra colaborante, comece a marcar faltas: de atraso, de trabalho, as que forem necessárias, tantas quantas forem necessárias. Se for preciso fazer um exame, faz-se, mas não perdemos tempo que é precioso para alunos que querem aprender e ser bons estudantes: é uma vantagenm que vai beneficiar justamente aqueles para quem a educação e a instrução são uma mais-valia importante.

A forma como é que o docente quer ser visto pelos seus alunos deve reflectir-se na sua indumentária. Não estranhe, nem pense que já ninguém presta atenção a esses pormenores. Os últimos acontecimentos provam que até o que veste pode ser utilizado contra si. Não procure ser um docente bonzinho, seja um bom professor.

Está criado um ambiente propício à aprendizagem, à inovação e à reflexão na acção. Não se esqueça de que os portugueses confiam mais em nós do que nos políticos e que estes vêm e vão e nós ficamos. Erga a cabeça. Faça aquilo de que gosta e goste daquilo que faz.

E que tenhamos todos um terceiro período bem produtivo. Há incidentes críticos que devem ajudar-nos a corrigir trajectórias.

(esta é também uma mensagem para aqueles que não gostam, nem acham útil descrever o que se passa dentro de uma aula)

quinta-feira, março 27, 2008

Últimas no Público

"Pinto Monteiro anuncia investigação a casos de agressão no ensino
PGR: conselhos directivos devem ser obrigados a participar casos de violência nas escolas."


"Há mais de um ano que o Ministério Público vem alertando para a prioridade da investigação da violência", especificamente nas escolas e nos hospitais e sobre mulheres e idosos, realçou o procurador-geral (PGR)"


Tinha mesmo de ser. A violência é intolerável; a violência na Escola, além de intolerável, é contranatura; há que perder o medo.

Indisciplina na Escola: vamos chamar os bois pelos nomes?

Já se tornou comum haver equipas de disciplina nos Conselhos Pedagógicos das Escolas. Se há uma equipa de Disciplina, é porque existe um problema de disciplina. De outro modo não se compreenderia a sua existência.
Agora, vamos aos factos:

secções de disciplina dos Conselhos Pedagógicos que se negam , mesmo quando instadas pela Direcção Escolar, a criar um sistema de regras acompanhadas das respectivas consequências;

Direcções Escolares que utilizam os alunos contra os professores nos quais essas direcções percepcionam algum perigo para a sua continuidade;

professores vítimas de abuso que, em declarações legais, em que são sujeitos a dizer SÒ a verdade, negam que tenham sido vítimas de abuso por parte dos alunos. Fazem-nos por um prato de lentilhas como, por exemplo, ser-lhes prometido que não terão aulas de substituição nos horários no ano lectivo seguinte.

Uma das consequências mais nefastas que tenho observado: há alunos mais frágeis, vítimas de toda a espécie de maldades por parte dos colegas, a situação é conhecida e professores que não actuam porque têm medo dos ofensores.

Alguns destes alunos agressores e ofensores gozam de alguma impunidadezinha junto das Direcções Escolares: as razões podem ser várias. Uma delas: são uma espécie de guarda avançada do Sr. Pinto da Costa.


Quando chegámos a este ponto, o que é que se pode esperar?
Primeiro que tudo: arrumar as ideias e a casa.


Excerto de um post que publiquei em 22 de Março do ano passado:

sobre esse problema de disciplina que o Conselho Pedagógico parece querer passar uma esponja quando assume que tudo corre dentro da normalidade e, nessa circunstância, ou se dá a aula programada ou se dão as matérias planificadas para as substituições.
Mas não é isto que se passa: os alunos resistem a entrar na sala e só entram coagidos pela ameaça de falta, eventualmente injustificada. A seguir, recusam-se liminarmente a sentar-se a a adoptar as atitudes e comportamentos necessários à aprendizagem: atenção, concentração, disponibilidade para aprender ou para simplesmente ouvir a proposta que a professora lhes traz.
A aula de substituição de 6ª. feira 16 com o 9º. B foi indescritível na resistência ruidosa, raivosa dos alunos, num comportamento revelador do maior desrespeito por regras essenciais e de manifestção clara das suas percepções de impunidade, o que levou a que, à professora de substituição, depois de chamar a funcionária, não restasse outra alternativa que não fosse abandonar a sala. Medidas disciplinares? Até hoje, nada, sendo que deveriam ter sido tomadas 1 dia depois das ocorrências.
No meu caso, resistiria até ao fim para impor a autoridade que me assiste (...)em qualquer dos casos, não passaria, nem por cumprir o plano de aula, nem por desenvolver as tais áreas temáticas, mas tão-somente por tentar restabelecer um comportamento cívico adequado à relação pedagógica, como saber fazer silêncio e demonstrar contenção física. É isto que o Conselho Pedagógico se recusa a enfrentar com coerência.
E não é por acaso: no Conselho Pedagógico estão os professores que têm de enfrentar a indisciplina dos alunos com menos frequência.

Eu gostava de ver os subscritores da recomendação a entrarem numa turma com o comportamento idêntico ao que o 9º. B exibiu no passado dia 16 e a executarem o plano de aula ou a aplicarem uma daquelas fichas tão bem feitas (...) a alunos que urram circulando pela sala. Só para todos vermos e aprendermos como é fazem.

quarta-feira, março 26, 2008


A propósito da entrevista que o Prof. Daniel Sampaio deu a Mário Crespo e da sua referência à linguagem psicologizante com que nos habituámos a desculpar todos os disparates, gostaria de reeditar um texto que aqui escrevi em 19 de Dezembro último:



Quando a linguagem dos professores se torna esquizofrénica


Sai-se das reuniões de avaliação com a sensação de que os professores já não falam a sua linguagem; passaram a arranhar um linguajar parapsicológico, a propósito de tudo. Estão a abandonar termos como trabalho, concentração, atenção, disciplina, acatar, instruções, responsabilidade,desempenho, esforço, vontade, estudo, empenhamento, persistência, tarefa, pensar, cumprir, participar, escrever, discutir, reflectir, comportamento, regra, atitude.

A linguagem dos professores radica numa tradição e numa experiência milenares de que os professores não podem e não devem distanciar-se, sob pena de perderem a noção da singularidade da relação pedagógica e da sua profissionalidade.

Por outro lado, somos menos hábeis, como é natural, a utilizar uma linguagem, à qual vamos buscar ensinamentos preciosos mas que não é a nossa. Quando o fazemos, temos aquela sensação pouco simpática de alguém que, dominando mal uma língua, tem de a utilizar para se fazer entender.

Quando pensamos num instrumento em que o aluno, através da auto-avaliação em pârametros vários, quer de natureza cognitiva, quer de comportamento pessoal e social,vai reflectindo sobre o seu percurso, hesitamos em colocar a palavra comportamento, como se a maioria dos alunos que se comportam de forma inadequada na sala de aula e adoptam atitudes prejudiciais à aprendizagem, não soubessem quais são os comportamentos que deveriam adoptar.

Tendemos então a adoptar a linguagem da psicologia, de uma forma ridiculamente trôpega e carregada de chavões que facilmente deslizam para situações de entropia, em que tão verdadeira é a afirmação como o seu contrário.

A psicologia tem trazido contibutos inestimáveis à educação, que esta deve assimilar e integrar na reflexão, nas suas práticas, mas a educação tem uma abordagem singular e única, uma cultura, uma história, uma tradição, um contexto, uma linguagem.

Deixemos a psicologia para os psicólogos, que são os que a sabem fazer, e assumamos a nossa arte do educere, que é um termo magnífico, com origem na actividade agrícola - o fazer crescer.

segunda-feira, março 24, 2008

Boas notícias

Confap apela aos pais para que eduquem os filhos

A Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) lançou ontem "um apelo a todos os pais para que exerçam o seu poder paternal junto dos seus filhos, educando-os no sentido da responsabilidade e do comportamento que devem ter em sala de aula, o seu local privilegiado de aprender". Em comunicado, a Confap manifestou também a sua solidariedade para com a professora que foi confrontada por uma aluna da Escola Secundária Carolina Michaelis, no Porto.
"Apela-se aos pais para que imponham regras muito firmes quanto ao uso de telemóveis pelos seus filhos", acrescenta a Confap, reconhecendo que muitos dos conflitos existentes no interior das escolas se devem ao uso indiscriminado de telemóveis. Segundo a associação, o desaparecimento da família tradicional e da escola tradicional estão intrinsecamente ligados à actual "crise da autoridade" e à "crise da educação" com que a sociedade se debate. "A sua resolução não passa pela restauração da autoridade perdida, mas pela compreensão da História e procura de novos caminhos", acrescenta.


(No Público)

Comentário breve:Esta expressão de autoridade perdida remete-me para a nostalgia do Paraíso. Não há nada de errado com o exercício de uma autoridade justa e estruturante do desenvolvimento moral do jovem.Os pais devem exercê-la com segurança e determinação. O pior de tudo é uma parentalidade demitida e inconsequente, porque é esse o padrão de comportamento que se está a transmitir.É desestruturante!

quarta-feira, março 12, 2008

O clima de agitação social que tem assolado o sector da educação está a ter efeitos nefastos no empenhamento e no desempenho escolar das crianças, particularmente dos rapazes. São sobretudo as crianças mais frágeis social ou psicologicamente que estão firmemente convencidas de que os seus professores as vão deixar passar de ano, mesmo sem elas estudarem. O Sr. Presidente da República e o Sr. Primeiro Ministro haviam de ir à televisão fazer um aviso sério aos pais para que ponham os meninos a estudar. O país não se pode dar ao luxo de ter as crianças convencidas de que não precisam de estudar para passarem de ano.

domingo, fevereiro 10, 2008

A quem afirma que tudo está a correr bem nas Escolas, não se entendendo bem o que significa "correr bem", é bom que diga que durante o presente ano lectivo pouco se tem falado daquilo que é o coração da Escola: os alunos. A sério: leiamos as actas das reuniões dos vários órgãos de gestão e procuremos interpretar como tem sido distribuído o tempo. Se os alunos não são o centro da Escola, então para que serve a Escola?

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Olha-m'esta!





Para a unidade da bicheza wild, um pequenino exercício de pesquisa colaborativa; cada qual (par ou pequeno grupo) pesquisa um bicho e faz um pequeno projecto sobre ele, segundo um modelo pré-estabelecido, que vai apresentar à turma.

Isto serve para:

aumentar o vocabulário
desenvolver as competências de pesquisa, recolha e selecção da informação
desenvolver competências de escrita
desenvolver competências de exposição oral
desenvolver competências em TIC
desenvolver a consciência ambiental

Produto final: webfolio sobre bicheza em risco de extinção.

Ai que coisas lindas eu vou ter para colar nos expositores da sala!
Deixai entrar a arca de Noé!

(este foi feito com o cmap tools, mas também gosto do kids inspiration; para as fichas de vocabulário utilizo o Vocabulary worksheet factory da Schoolhouse technologies)

domingo, setembro 30, 2007


Da auto-eficácia

Bandura (1977) descreveu a auto-eficácia como o juízo que os indivíduos fazem das suas capacidades para lidar com as exigências intelectuais, sociais, afectivas ou físicas.
Este juízo inclui três dimensões: a avaliação dos requisitos de uma tarefa, a avaliação dos nossos recursos individuais e a avaliação da nossa capacidade de utilizar adequadamente esses recursos para executar a tarefa.

A percepção de auto-eficácia nem sempre é racional, mas tem uma influência importante na aprendizagem (Schunk, 1994; Zimmerman, Bandura & Martinez-Pons, 1992).
A questão que se coloca é a de entender porque é que alguns estudantes têm espontaneamente métodos de estudo adequados e são auto-regulados e outros nem tanto.
Parte da resposta a esta questão parece relacionar-se com os aspectos afectivos que acompanham a actividade cognitiva.

O que a investigação tem procurado determinar é a forma como um estudante se auto-avalia e como é que essa avaliação de auto-eficácia influencia os seus comportamentos de auto-regulação, nomeadamente a persistência no estudo, a planificação das suas tarefas e, consequentemente, as suas realizações, e em que medida os factores afectivos constituem um pré-requisito para uma actividade metacognitiva eficaz.

Qual será então a relação entre a auto-eficácia, que pode ser operacionalizada em termos de confiança no sucesso e nos resultados, e a auto-regulação, que podemos operacionalizar em termos de monitorização das actividades de planificação e de persistência na tarefa?
É uma relação que vou tentar entender numa das minhas turmas e que vou operacionalizar da seguinte forma:
Depois de duas actividades de leitura, vou perguntar a cada um que preveja como se vai sair na próxima leitura. Para mediar a influência das primeiras leituras, vou reduzi-las a um mínimo de duas, em que garanta a todos um mínimo de sucesso.

Vou dar aos alunos um tempo de preparação da terceira leitura e vou pedir a dois observadores que verifiquem: 1) quais os alunos que estão a monitorizar o tempo disponível de preparação de leitura; 2) quais são os alunos que seguem as minhas instruções de lerem o texto em voz baixa; 3) quais são os alunos que usam todo o tempo disponível para se prepararem. Depois da leitura, vou perguntar aos alunos que se auto-avaliem.
Por último, vou estabelecer uma relação entre o sentimento de auto-eficácia, medido antes e depois da actividade e as medidas de auto-regulação.

terça-feira, setembro 25, 2007

Gira!

Vista assim, pela minha nova aluna Mariana, que me entregou o meu retrato feito por ela, ao fim da primeira aula, numa folha de caderno dobrada em quatro, dá-me vontade de pensar que até sou gira. Mas é dos olhos dela...

terça-feira, julho 10, 2007



Da indisciplina



O novo Conselho Directivo atribuiu-me como tarefa de férias lectivas a coordenação do Grupo da Indisciplina, que tem por função reflectir sobre ela, caracterizá-la na Escola e propôr algumas soluções.

Como me pareceu que deveria ouvir colegas do pré-escolar e do 1º. ciclo do agrupamento, para procurar ficar com uma perspectiva mais diacrónica, tive hoje uma primeira entrevista com a colega do primeiro ciclo.

Desta entrevista muito rica, ficaram-me duas ideias essenciais:

Primeira, de que no primeiro ciclo, não há disponibilidade de recursos humanos para terem um gabinete de atendimento para os casos de indisciplina na sala de aula. Ora, em matéria de indisciplina, a intervenção pedagógica tem de se caracterizar por:

  • uma resposta rápida;

  • um tempo de qualidade entre o adulto e a criança/jovem, para que o adulto o ajude a reflectir sobre o que houve de inadequado no seu comportamento;

  • mais tempo de qualidade, para que o jovem verbalize o comportamento adequado que, numa situação idêntica, deveria ter adoptado;

  • um tempinho de qualidade, em que o jovem e o adulto possam conversar um bocadinho mais, fazer outras coisas juntos, como ler ou uma outra actividade, para "amenizar" os cambiantes daquele acto concreto de comunicação. Esta última é uma hipótese teórica muito minha, não li qualquer investigação que o comprove; as duas actividades anteriores têm uma eficácia que a investigação testemunha.

A segunda ideia que a Maria da Luz me transmitiu é a de que os meninos, de uma idade média entre os seis e os 10 anos actualmente chegam a passar um dia inteiro na Escola. A conclusão óbvia é a de que, estatisticamente, a conflitualidade se passará sobretudo no recinto escolar.

Contudo, observa a colega, todas as actividades têm de ser estruturadas, Assim sendo, nestas doze horas, os meninos estão constantemente em actividades sujeitas a regras: as regras da aula, as regras do refeitório, as regras do estudo, as regras dos tempos livres, todas diferentes, dependendo as actividades.

Mas onde está o tempo de qualidade só para brincar, para treinar a autonomia e a responsabilidade, a exploração do mundo, a apropriação de significados, com base em actividades mais livres e menos estruturadas, com adultos, mas também sem adultos, para treinar competências motoras, como subir às árvores, competências sociais, como apanhar o figo, atirá-lo à cara da irmã e saber lidar com a fúria dela, numa típica situação de conflito ou competências individuais, de organização e estratégia pessoal, do tipo, já fui nadar no rio e ainda quero ir aos melros hoje. A ver se me despacho e saio de casa sem a mãe dar conta.

Quando eu reagi à sua descrição da Escola como um Universo cada vez mais concentracionário (não tenho presente a expressão exacta da Maria da Luz, mas penso ser-lhe fiel com esta descrição), dizendo-lhe que os professores (e os funcionários, naturalmente) sempre fazem um esforço para amenizar e colorir o mundo da escola, a Maria da Luz explicou-me tudo muito bem explicado e eu penso que percebi o seu ponto de vista.


Ainda há que ter em conta que a moratória social é cada vez mais longa e aumentou exponencialmente numa única geração: cada vez os cidadões passam mais anos na escola. Que consequências podem advir desta realidade?

domingo, julho 01, 2007


Bem escolher

O blogue da semana

Na Biblogteca

Porque ler é bOOOm!
E nas férias é melhOOOr!