segunda-feira, abril 14, 2008

O Sr. Secretário de Estado diz que acabou a situação de conflito entre o Ministério da Educação e os professores. Será?

A maioria de nós gostaria que assim fosse. É verdade que a tensão diminuiu, duvido é que a situação conflitual não venha a subir de tom dentro de alguns meses.

Algo de muito interessante e novo - pelo menos entre os professores portugueses - está em cima da mesa: a indignação dos professores extravasou o âmbito sindical. No processo, geraram-se dinâmicas próprias que ressurgirão se as pessoas não ficarem satisfeitas com as estratégias sindicais: os sinais disso são evidentes.

A conjuntura é favorável à continuação do processo reivindicativo. Eventualmente, esse processo acabará por se centrar numa luta por uma avaliação de desempenho menos burocrática e menos consumidora de energias.

A dinâmica dirá até onde há coesão, mas não creio que o conflito tenha acabado: está apenas em banho-maria.

4 comentários:

Alda Serras disse...

Sou mais optimista. Creio que, a mouco e pouco, de cedência em cedência, vai cair no esquecimento. Oxalá!

Alda Serras disse...

a mouco e pouco=a pouco e pouco- óbvio!

Paideia disse...

Olá, Bell!
Custei a entender! É do adiantado da hora. Mouco a mouco? (também)
Pouco a pouco.. mhhh... não me parece que venha a cair no esquecimento. Sou pela avaliação de desempenho, num processo mais simplificado e formativo.

:)

Ana Manuela Gralheiro disse...

O que a assinatura do entendimento permite e a não assinatura não permitiria é que:

SOBRE A AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES

- Os contratados que já estavam a ser avaliados e da forma mais diversa, um pouco por todo o lado, alguns com observações de aulas e muitos com a aplicação de inúmeros parâmetros, ficarão pelos que foram alvo de entendimento (e recordo que a autoavaliação não é classificável e que a formação contínua não é obrigatória para os contratados);

- Mesmo as escolas que tinham decidido parar, após a inqualificável pressão e as ameaças feitas pelo ME já estavam a avançar e muitas delas a aprovar procedimentos que iam muito para além dos que ficaram previstos no texto do “entendimento”;

- Ainda que esses procedimentos simplificados, aprovados pelas escolas, fossem estes, teriam de ser validados, ou seja, autorizados pelo ME (DGRHE) e agora já não, pois foram uniformizados;

- Sob pressão e ameaça, muitos órgãos de gestão avançavam para evitar processos disciplinares e, desta forma, já os não terão;

- O modelo de avaliação consagrado em lei aplicar-se-ia e os professores, incluindo os 140.000 a classificar no próximo ano, não teriam qualquer protecção de eventuais classificações penalizadoras que resultassem dos disparates que este modelo contém e, assim, fica salvaguardada a anulação dos efeitos negativos;

- Os Sindicatos estavam excluídos do acompanhamento da aplicação do modelo, que estava reservada ao conselho das escolas, à Inspecção e ao ME, mas agora já não, tendo sido criada uma comissão paritária que terá acesso a todos os documentos das escolas e outros das entidades que acompanharão a implementação. Assim, terão ainda mais informação sobre os aspectos negativos do modelo de avaliação para o combaterem. Esta é uma solução ainda mais favorável do que a integração do conselho científico;

- Esta comissão paritária destina-se a preparar negociações para alteração do modelo, o que não se previa no ECD ou na regulamentação da avaliação. Agora até já tem data previsto e tudo.

Os Sindicatos poderiam prescindir de tudo o que foi conseguido (com enorme dificuldade, dada a recusa do ME em ceder em pontos que considerou capitais), que protege os professores e garante a alteração do modelo, mas não estariam a cumprir o seu papel de defesa dos professores e das escolas. Se não assinarem o entendimento, estarão a deixar que se instale, de novo, a balbúrdia e a confusão e daí resultem prejuízos para os professores, que poderão ser muito graves.