sábado, abril 26, 2008

A Escola a tempo inteiro é uma invenção de estalinistas serôdios, a quem só falta "implementarem" a tal injecçãozinha letal atrás da orelha dos velhinhos para criarem a sociedade perfeita, organizada e limpa, visionada por Estaline.
Crianças e velhos são impecilhos maçadores da flexiblidade do capitalismo pós-moderno que desrentabilizam a produtividade máxima do trabalhador robotizado, maleável, exportável, deslocalizável, descartável, reciboverdável e sempre disponível para (a)ceder à vontade do empregador: é preciso partir às 8 da noite para qualquer ponto do país ou do estrangeiro? Aqui vai ele, livre, solícito e prestável. A família pode esperar.

A família deixa assim de ser a primeira e principal instituição de socialização da criança, para se tornar num apêndice secundário a que se recorre quando a escola fecha.

De onde é que vem esta ideia peregrina? Só pode ser do estalinismo. Ajudem-me os historiadores. Há, na história da Humanidade uma herança mais forte que a estalinista, contando que agora estamos a considerar a educação de ambos os géneros?

A família é o esteio da educação dos afectos por excelência. O essencial para a vida, aquilo que é a nossa natureza, a nossa essência, os nossos instrumentos é na família que se adquire. A escola é um mero adjuvante da socialização do indivíduo.
Será que esta gente ensadeceu e quer transformar todas as nossas crianças em crianças institucionalizadas?

Quais são as consequências desta institucionalização ao nível da auto-estima e da auto-determinação dos mais novos?

Não se nasce selvagem. Quando se nasce, nasce-se filho de alguém, não da escola.

8 comentários:

Fátima André disse...

Olá Idalina,

Tentei enviar-lhe uma graciosidade por email, mas a coisa não correu bem e recebi de volta. Valeu pela intenção. Aqui fica o link.
Um abraço :)

Fátima André disse...

Pois... e o link???
Aqui fica. Peço desculpa pela distracção.

http://revisitaraeducacao.blogspot.com/2008/04/tempo-para-homenagear.html

Nuno Dempster disse...

Brande o fácil Estaline (tão fácil como Hitler) para defender o núcleo da família, quando, mais visivelmente desde a última guerra mundial, já se ia desmanchando esse núcleo, com a perda da influência religiosa nas sociedades economicamente desenvolvidas. No entanto, repare que essa desagregação não tem a ver directamente com os dois sistemas políticos então em confronto, mas antes com visões diferentes do mundo e do destino humano, face ao avanço dos ramos do saber, os quais, por sua vez, é que deram origem aos sistemas políticos. O que o neoliberalismo agora faz, se quiser o capitalismo global, fá-lo-ia sempre, com ou sem Estaline, o qual procederia da forma dos seus opositores se fosse vivo, ele ou qualquer herdeiro seu, se a URSS existisse. Poderemos dizer hoje que, como segunda causa, a desagregação da família se deve à aplicação unidirecional do que chamam democracia representativa: a primazia única da economia (e entenda aqui economia como a prática de tornar os ricos cada vez mais ricos, e tentar fazer do resto da sociedade uma massa de clones servos e consumidores). Caso contrário, a democracia representativa teria protegido a família, um bem a nível de relações e de identidade que defendo, mas creia com intenções totalmente diversas da Igreja Católica (ou de outras confissões). Não pretendo manter nenhuma influência com as minhas ideias, ao contrário daquela que, em última análise, busca, no domínio religioso da família, uma forma de fazer perdurar o seu poder. E depois também temos os malefícios da democracia representativa, que busca o Ensino mas não a Educação, se é que distingo bem as acepções correctas dos dois termos. Seria necessário que o sistema se preocupasse não digo pouco, mas muitíssimo, com a Cultura, quando não se preocupa nada a nível não apenas escolar, mas da sociedade em geral. Os pais seriam cultos e os filhos sê-lo-iam também, e as pessoas cultas, salvo as excepções à regra, estariam longe do trogloditismo que hoje é vulgar. Uma família sem cultura não é garantia de nada. Mais: a subida do seu poder económico traz à tona atitudes que não se viam em meios que hoje frequentam e que outrora não podiam frequentar. Para mim é aqui que está o busílis, com todas as demais necessidades que famílias requereriam para o usufruto de Cultura. Mas se assim se procedesse o sistema estaria sob constante ameaça de uma maioria não silenciosa e lúcida. Daí que...

Paideia disse...

Brandir é uma palavra um tanto masculina.
Já me irrita este atraso cultural, que até no vocabulário se entranha, como a peste.
Assim como estas associações primárias da família à religião e vice-versa..

Nuno Dempster disse...
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Paideia disse...

Mais verborreia da tonta superioridade masculina; chego aqui e apago, pronto, uma, duas, as vezes que forem precisas.

Nuno Dempster disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Paideia disse...

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