Diz-me os teus resultados, dir-te-ei quanto vales...
Em teoria é razoável pensar-se que a forma mais simples de avaliar um professor é através dos resultados dos seus alunos, já que, em última instância, ensinar é ajudar os alunos a aprender.
Contudo, para avaliar os resultados dos alunos em larga escala, seria necessário que fossem construídos testes estandardizados, o que torna o procedimento, por um lado, oneroso, e por outro, injusto porque não tem em conta as tremendas diferenças individuais, locais e regionais.
Mais ainda, os testes estandardizados tendem a avaliar competências de nível inferior, tais como o conhecimento e a compreensão e em apenas algumas disciplinas. As competências superiores como o pensamento crítico, criativo e analítico ficariam largamente excluídas do processo de avaliação. Ora, é justamente no desenvolvimento destas competências superiores que os melhores professores, os mais empenhados, apostam.
Quem é professor, sabe que qualquer professor pouco qualificado e empenhado tem bons resultados com meninos privilegiados; pelo contrário, para quem trabalha com meninos carenciados, menos capazes e preparados, todos os progressos, por pequenos que sejam, consomem muito tempo e esforço, conquistam-se passo a passo, e não se medem por testes estandardizados. Não é, portanto, justo um sistema de avaliação baseado nos resultados dos alunos.
Um tal sistema de avaliação, num país pequeno como o nosso e ainda muito dominado por sistemas de influência baseados no poder social, é um incentivo à reprodução na sala de aula das desigualdades sociais - que parecem ser cada vez maiores - uma injustiça para os alunos mais mais frágeis, quer social, quer individualmente.
Mesmo que procurássemos medir as "mais-valias", como alguma investigação sugere, como seria possível calcular, nos professores de turma única ou mesmo naqueles que têm poucos alunos, porque têm turmas pequenas, com algum rigor estatístico, os impactos do ensino na aprendizagem dos estudantes?
São meras teorias, sem qualquer viabilidade prática, que, a serem aplicadas, só prejudicariam os alunos mais desfavorecidos, já que os professores tenderiam a rejeitá-los.
Mas se a Escola puder ser o contraponto para uma sociedade em que ainda há tantos meninos pobres, maltratados, incompreendidos, mal amados, melhor.
É com estes que eu gosto de fazer a diferença.
domingo, abril 13, 2008
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