Motivação Autónoma dos professores
Durante este ano lectivo, as diversas estruturas de gestão escolar mal têm tido tempo para se debruçar sobre as questões do ensino, da aprendizagem e da avaliação dos alunos.
Durante este ano lectivo, as diversas estruturas de gestão escolar mal têm tido tempo para se debruçar sobre as questões do ensino, da aprendizagem e da avaliação dos alunos.
As agendas das estruturas de gestão superior e intermédia, como os Conselhos Pedagógicos e de Departamento têm estado atulhadas com as questões da avaliação de desempenho dos professores, das quais resultou afinal, um modelo de avaliação mínimo a aplicar somente aos professores contratados.
Como diria Shakespeare: Much Ado about nothing.
No fim das contas, a questão está em saber se esta governação que parecia movida por uma fúria obsessiva de legislar e de mostrar obra feita no matter what and who, aprendeu alguma coisa com os tão almejados resultados.
Na verdade, e tanto quanto me é possível, objectivamente, avaliar, os resultados foram mais que péssimos.
Foram péssimos, porque em nada se avançou em matéria de avaliação de desempenho e em termos de confiança entre os profissionais e a tutela houve estragos que dificilmente serão reparáveis.
Foram péssimos, porque o trabalho com os actores principais deste filme foi remetido para um plano mais que secundário.
Foram péssimos porque os estragos na motivação autónoma dos professores foram enormes e dificilmente recuperáveis.
A motivação autónoma dos professores, tal como a definiram e descreveram Friedman & Farber, 1992; Maslach & Jackson, 1981e Roth, Assor, Kanat, Maymon, & Kaplan, 2007 associa-se positivamente a sentimentos de realização pessoal e negativamente a sensações de exaustão.
Ora, de há vários anos para cá, os professores sentem-se cada vez mais exauridos e cada vez menos realizados; logo, é natural e expectável que a sua motivação autónoma esteja francamente em baixa.
Normalmente, quando os professores se sentem autonomamente motivados (ou auto-determinados), essa autodeterminação é acompanhada por uma sensação de vitalidade; pelo contrário, se os esforços que têm de fazer são para responder às exigências de um sistema que os hostiliza, os professores sentem-se exaustos e esgotados (La Guardia, Ryan, Couchman, & Deci, 2000; Niemiec et al., 2006; Ryan & Frederick, 1997), porque percepcionam os seus esforços como inúteis e sem sentido.
Quando os esforços fazem sentido e são úteis, são mais fáceis de tolerar, as experiências negativas e os obstáculos tornam-se menos cansativos e menos frustrantes
3 comentários:
Um destes dias dei por mim a achar que este foi, em termos profissionais, o pior ano da minha vida.
É exactamente uma questão de sentido:esforço sem sentido, esforço insano de tão desperdiçado, de tão na direcção errada.
Como concordo consigo( e com o William )"Much Ado about nothing."
Como é possível?
Ana Paula Pinto
Pois, Ana Paula.
E precisamos de arranjar formas de nos defendermos.Quanto mais não seja, escrevendo no blogue: I feel like s....
Há sempre alguém que nos faz sentir menos sós...
;)
Excelente post! De facto no último ano não houve motivação autónoma que resistisse. Ainda há uns dias uma colega, habitualmente das mais activas e dinâmicas da minha escola me dizia: "conseguiram matar o meu gosto pelo trabalho na escola" E estes desabafos sinceros que vamos ouvindo é que são dramáticos pois não haverá recompensas extrínsecas na gestão da carreira que possam voltar a "acender a chama" a estes professores!
Ana
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