sábado, abril 26, 2008


Motivação Autónoma dos professores


Durante este ano lectivo, as diversas estruturas de gestão escolar mal têm tido tempo para se debruçar sobre as questões do ensino, da aprendizagem e da avaliação dos alunos.

As agendas das estruturas de gestão superior e intermédia, como os Conselhos Pedagógicos e de Departamento têm estado atulhadas com as questões da avaliação de desempenho dos professores, das quais resultou afinal, um modelo de avaliação mínimo a aplicar somente aos professores contratados.
Como diria Shakespeare: Much Ado about nothing.

No fim das contas, a questão está em saber se esta governação que parecia movida por uma fúria obsessiva de legislar e de mostrar obra feita no matter what and who, aprendeu alguma coisa com os tão almejados resultados.

Na verdade, e tanto quanto me é possível, objectivamente, avaliar, os resultados foram mais que péssimos.

Foram péssimos, porque em nada se avançou em matéria de avaliação de desempenho e em termos de confiança entre os profissionais e a tutela houve estragos que dificilmente serão reparáveis.

Foram péssimos, porque o trabalho com os actores principais deste filme foi remetido para um plano mais que secundário.

Foram péssimos porque os estragos na motivação autónoma dos professores foram enormes e dificilmente recuperáveis.

A motivação autónoma dos professores, tal como a definiram e descreveram Friedman & Farber, 1992; Maslach & Jackson, 1981e Roth, Assor, Kanat, Maymon, & Kaplan, 2007 associa-se positivamente a sentimentos de realização pessoal e negativamente a sensações de exaustão.

Ora, de há vários anos para cá, os professores sentem-se cada vez mais exauridos e cada vez menos realizados; logo, é natural e expectável que a sua motivação autónoma esteja francamente em baixa.

Normalmente, quando os professores se sentem autonomamente motivados (ou auto-determinados), essa autodeterminação é acompanhada por uma sensação de vitalidade; pelo contrário, se os esforços que têm de fazer são para responder às exigências de um sistema que os hostiliza, os professores sentem-se exaustos e esgotados (La Guardia, Ryan, Couchman, & Deci, 2000; Niemiec et al., 2006; Ryan & Frederick, 1997), porque percepcionam os seus esforços como inúteis e sem sentido.

Quando os esforços fazem sentido e são úteis, são mais fáceis de tolerar, as experiências negativas e os obstáculos tornam-se menos cansativos e menos frustrantes
.

3 comentários:

Anónimo disse...

Um destes dias dei por mim a achar que este foi, em termos profissionais, o pior ano da minha vida.
É exactamente uma questão de sentido:esforço sem sentido, esforço insano de tão desperdiçado, de tão na direcção errada.
Como concordo consigo( e com o William )"Much Ado about nothing."
Como é possível?

Ana Paula Pinto

Paideia disse...

Pois, Ana Paula.
E precisamos de arranjar formas de nos defendermos.Quanto mais não seja, escrevendo no blogue: I feel like s....
Há sempre alguém que nos faz sentir menos sós...

;)

Anónimo disse...

Excelente post! De facto no último ano não houve motivação autónoma que resistisse. Ainda há uns dias uma colega, habitualmente das mais activas e dinâmicas da minha escola me dizia: "conseguiram matar o meu gosto pelo trabalho na escola" E estes desabafos sinceros que vamos ouvindo é que são dramáticos pois não haverá recompensas extrínsecas na gestão da carreira que possam voltar a "acender a chama" a estes professores!
Ana