Convicções: incluir é bom para todos
Há muitos anos que, por opção e por gosto, trabalho com turmas que incluem jovens com necessidades educativas especiais, quer do foro cognitivo, quer do foro comportamental, quer na área da deficiência, seja ela motora, visual, auditiva ou da multideficiência.
Nunca me aconteceu ter a percepção de que o facto de ter uma ou mais crianças com n.e.e. constituísse um entrave de qualquer ordem à aprendizagem ou à socialização dos meninos de ensino regular. Muito pelo contrário: A heterogeneidade que as crianças n.e.e. trazem às suas classes produz efeitos positivos para todos os alunos, reduzindo a competitividade e a fricção, criando oportunidades de desenvolvimento de competências sociais, de valores éticos, tais como a aceitação das diferenças e de empatia interpares.
Os alunos mais "integradores" acabam geralmente eleitos pelos seus pares como delegados de turma e, em termos exclusivamente empíricos, afirmaria sem qualquer dúvida ou rebuço que os ambientes de aprendizagem inclusivos têm efeitos positivos, tanto nas crianças com alterações do desenvolvimento, como nas ditas "normais".
A investigação identifica como pedra de toque da integração as atitudes dos professores e as suas crenças relativamente à inclusão.
Mas há mais, o facto de alguns alunos exigirem de nós maior criatividade em matéria de estratégias de ensino, acaba por ter efeitos positivos nos outros estudantes, na medida em que a diversificação responde melhor aos diversos estilos de aprendizagem.
Nas classes que incluem jovens n.e.e., o clima de colaboração é melhor, existe menor competitividade.
No trabalho de grupo, por exemplo, são menos aceites os alunos que não trabalham do que os alunos com défices cognitivos ligeiros e existe por parte das crianças uma sabedoria indecifrável, na sua beleza intrínseca, para a distribuição das tarefas no grupo, sem ofender ou humilhar aqueles cujo potencial de desenvolvimento é mais baixo.
É minha convicção de que a inclusão tem efeitos positivos no clima da sala de aula, tornando-a menos competitiva, menos agressiva, mais cooperativa, mais coesa e mais eficaz.
Por último, sinto-me mais confiante quantos aos meus conhecimentos e competências e sinto que sou mais eficaz, não apenas porque, sendo as turmas mais pequenas, tenho mais disponibilidade para outros alunos menos autónomos e sinto que ultrapasso melhor todos os obstáculos, mas também porque o clima se torna mais desafiante e a vontade colectiva é mais forte.
terça-feira, janeiro 01, 2008
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