sexta-feira, fevereiro 16, 2007


A complexidade no Colóquio da AFIRSE (2007)

O Grupo das tecnologias do Colóquio da AFIRSE ficou na sala 6 da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, na tarde de quinta-feira, dia 15 de Fevereiro. No nosso ateliê estavam previstas seis comunicações, mas só apareceram quatro comunicantes: uma colega da ESE de Santarém (ou seria de Leiria?), um colega de História, um estudante de doutoramento e eu própria.
Uma questão complexa: cada um de nós falou das suas coisas mas, no fim, não se conseguiu achar um fio comum, uma complementaridade, um entrelaçamento, capaz de dar sentido a um qualquer denominador comum dos nossos trabalhos, das nossas investigações e das nossas reflexões.
A complexidade está associada ao pensamento dialógico, o que implica modificar o nosso modelo de conversação, que, por sua vez, implica uma nova ética dialogal. Ora, para saber conversar é preciso saber ser livre, é preciso não ter medo de fazer novas perguntas, é preciso que as nossas perguntas sejam autênticas e que se afastem do padrão de, quanto mais embaraçosas para o nosso interlocutor, melhor, perguntas que nos levem a novas aprendizagens e a partilhar o que aprendemos. Nada disto se passou.
A minha questão foi simplesmente esta: como articulamos o modelo do pensamento complexo, em ambientes de aprendizagem colaborativa, com aprendizagens bem estruturadas, que desenvolvam nos alunos a capacidade de pensar de forma complexa?
Que o conhecimento ficava lá, na comunidade, retorquia um dos interlocutores. Mas será mesmo o conhecimento que lá fica? Não se tratará, antes, de mera informação avulsa, fraccionária, desestruturada?
Pois foi exactamente isso que me ficou daquele ateliê: informação avulsa, não estruturada e desconexa, uma verdadeira mitificação, ou melhor, uma caricatura do pensamento complexo.
O que Morin afirmou é que preciso reagrupar os saberes para buscar a compreensão do universo, articular a diversidade, compreender a "nossa comunidade de destinos", tecer a heterogeneidade. Isto implica a capacidade de partilhar significados geradores de coerência e de coesão. Para tal, seria necessário que cada um de nós fosse capaz de colocar as suas teses em suspenso, de saber ouvir, de saber criar um espaço aberto para a voz do outro. O que ali se passou, de facto, foi um monólogo acompanhado.

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