domingo, agosto 26, 2007

Releituras e interpretações

De um modo geral, os jovens estudantes com síndrome de Asperger têm competências cognitivas para acompanhar a classe regular, mas faltam-lhe os recursos emocionais necessários: a sua inflexibilidade, a sua baixa auto-estima, o seu medo de errar perante pares e professores, torna-os particularmente vulneráveis.
Na adolescência, são habitualmente mais dados que os companheiros a sintomas depressivos e o stresse ou a frustração desencadeiam facilmente reacções intempestivas; assim sendo, a interacção ou até as normais exigências do quotidiano exigem deles um esforço hercúleo.

Tal como Everard (1976) salientou, facilmente nos apercebemos da sua diferença e dos consideráveis obstáculos que a sua condição coloca à sua adaptação a um mundo pouco condescendente para com pessoas menos conformistas ou "manejáveis".
Aos professores cabe um papel de adjuvantes do seu processo de socialização e de negociação com o meio envolvente.

A proverbial resistência dos Aspergers à mudança sugere a necessidade de um ambiente previsível e consistente, de modo a podermos minimizar reacções exacerbadas; outro aspecto em que podemos treiná-los prende-se com os passos que devem seguir quando se sentem enervados ou irritados, tais como: respirar fundo, contar pelos dedos lentamente, falar com o professor, o director de turma ou o tutor, incluindo assim um comportamento ritualizado, cujos passos podem até ser escritos num cartão que devem trazer sempre à mão, eventualmente num bolso das calças.
Como não podemos esperar que um jovem Asperger verbalize espontaneamente os seus sentimentos, convém habituar-nos a procurar alterações de humor indicativas de um estado depressivo, tais como a falta de atenção, maior desorganização, fadiga, maior tendência para se isolarem, situação em que o jovem vai necessitar de recorrer a serviços de saúde mental.

O início da adolescência traz ao jovem com SA uma maior consciência da sua falta de competências sociais e à medida que os níveis de abstracção vão aumentando, as dificuldades escolares aumentam.

É portanto importante que o jovem SA a frequentar o ensino regular tenha um tutor que o conheça e compreenda, que avalie e recolha informações e com o qual ele possa falar pelo menos uma vez por dia.

Imagem: Wiltod K: Ladder, óleo sobre tela

1 comentário:

Teresa Martinho Marques disse...

Obrigada pela partilha.......