quinta-feira, novembro 02, 2006

Um objectivo que a filosofia do nosso sistema educativo não comptempla:

Pensar criticamente
(uma competência essencial ao cidadão do Séc. XXI)


“Critical thinking is the essential foundation for education,
because it is the essential foundation for adaptation
to the everyday personal, social and professional
demands of the 21st Century and thereafter.”
Paul, (1995, xi)

O pensamento crítico e a forma de o ensinar tem vindo a tornar-se em objecto de estudo de há um século a esta parte; de facto John Dewey é considerado o percursor do movimento do pensamento crítico em educação, por ter explorado o conceito de pensamento reflexivo, que definiu nestes termos:

“Apreciação activa, persistente e cuidadosa de uma crença ou forma de conhecimento à luz dos argumentos que a sustentam e das conclusões para as quais tende.” (Dewey, 1909, p. 9).


Nesta definição de Dewey, o carácter activo do processo remete para a capacidade de o indivíduo pensar, questionar, recolher informação por si próprio; por persistente e cuidadoso, entende-se que o processo de decisão sobre o que pensar, seja fundamentado em motivos e implicações criteriosamente sopesados.
Nesta tradição surge, anos mais tarde, a definição de Glaser (1941, p. 5:

“O pensamento crítico exige o esforço persistente de examinar cada crença ou forma de conhecimento à luz de provas que a sustentam e de conclusões para as quais tende.”

A definição de Glaser é muito idêntica à de Dewey, distinguindo-se essencialmente a substituição de “à luz dos argumentos” por “à luz de provas”, mas Glaser refere-se igualmente a “uma atitude ou disposição para considerar cuidadosamente factos e problemas” através da “pesquisa e do raciocínio” (enquiry and reasoning) . A tradição retoma estes dois componentes e reconhece que o pensamento crítico é uma questão de competências de raciocínio e de disposição para as utilizar.
Mais recentemente, o movimento para a sociedade da informação tem dado particular relevância ao bom pensamento como elemento crucial para um capaz desempenho pessoal e profissional (Huitt, 1993; Thomas & Smoot, 1994).
Esta mudança de paradigma social e cultural requer que a capacidade para pensar seja uma preocupação da educação: a capacidade de obter bons resultados em testes de competências básicas deixou de ser a única forma de avaliar as competências dos estudantes.Todavia, o conceito de pensamento crítico tem sido utilizado de uma forma pouco clara e sistemática, para um termo tido como essencial a uma forma sólida de pensar e de expressar o pensamento.
Por outro lado, para ensinarem os alunos a pensar criticamente, seria necessário que os professores fossem, eles próprios, pessoas reflexivas.

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